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O peso ideológico na disputa da Capital
Reportagem

O peso ideológico na disputa da Capital

Espectro ideológico pode ser decisivo na disputa majoritária de Fortaleza
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Tipo Notícia
CAPA - ELEIÇÕES 2020
 (Foto: OP+)
Foto: OP+ CAPA - ELEIÇÕES 2020

As discussões político-ideológicas que marcaram o cenário das eleições presidenciais de 2018 de algum modo ainda ecoam na disputa majoritária de Fortaleza. No entendimento de Paula Vieira, pesquisadora do Laboratório de Estudos de Política, Eleições e Mídia da UFC (Lepem-UFC), do ponto de vista administrativo, isso ocorre primeiramente porque "as políticas municipais estão ligadas ao nacional, já que as cidades dependem de recursos da União. Isso também se relaciona com as políticas públicas a serem implementadas, ou seja, alianças e apoios para que a execução seja viável".

No entanto, o acalorado debate que envolveu a campanha de dois anos atrás, sustentado por movimentos de direita em ascensão desde 2014 com a reeleição da ex-presidente petista Dilma Rousseff e seu posterior impeachment, deixa marcas até hoje.

As discussões ideológicas, cada vez mais fortalecidas a partir desses episódios, deram espaço a um entendimento e interpretação populares do que seriam valores de direita e esquerda, e que se refletem nas candidaturas. Segundo Monalisa Torres, professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), a percepção comum de que a direita se trataria de um campo mais conservador e a esquerda de um campo mais progressista, bem como o processo de "auto identificação ideológica de cada eleitor", se apoia em debates sobre os rumos da vida social com base em "fundamentos morais que as pessoas se identificam ou não".

Na definição acadêmica, segundo explica Monalisa Soares, cientista política e pesquisadora do Lepem-UFC, tomando como referência o filósofo Norberto Bobbio, esses dois campos se distinguem principalmente a partir do entendimento de cada um deles sobre a desigualdade. "Enquanto a direita tende a ter uma interpretação da desigualdade como um fenômeno mais tipicamente natural, a esquerda entende a desigualdade num contexto das produções sociais, ou seja, de algo que é produzido socialmente, construído no contexto das relações sociais"

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As narrativas mobilizadas nas campanhas também auxiliam nesse processo de identificação. Elas se desenvolvem justamente na tentativa de garantir votos de uma faixa do eleitorado que expressa favoritismo por essas noções do que seria mais conservador, progressista ou um meio termo, mais ao centro do debate.

Soares aponta que o perfil que se tem observado no eleitor em Fortaleza é de uma tendência mais progressista "que ultimamente vota em candidaturas com uma visão mais social de enfrentamento às desigualdades. A pesquisadora aponta a importância de se posicionar com base na inclinação ideológica local durante a disputa majoritária, citando o exemplo do candidato Capitão Wagner (Pros). "Em Fortaleza, a própria candidatura que se anuncia à direita faz esse discurso dizendo que olhara para as periferias que historicamente não têm sido olhadas pela esquerda", pontuou. (Maria Eduarda Pessoa)

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