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As lições que ficam com o home office no Brasil
Reportagem

As lições que ficam com o home office no Brasil

|Mercado de trabalho| Após meses experimentando o modelo, empresas e funcionários agora precisam encontrar o equilíbrio em relação aos custos para continuar trabalhando em casa
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FORTALEZA, 19-12-2020: Pedro Calixto, 27, trabalhava em uma startup no Rio de Janeiro, porem, com o isolamento social voltou para Fortaleza e e onde ele vai ficar mesmo apos o retorno do trabalho presencial. (foto: Bárbara Moira) (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira FORTALEZA, 19-12-2020: Pedro Calixto, 27, trabalhava em uma startup no Rio de Janeiro, porem, com o isolamento social voltou para Fortaleza e e onde ele vai ficar mesmo apos o retorno do trabalho presencial. (foto: Bárbara Moira)

Com a reabertura gradual das atividades econômicas, 97 mil pessoas voltaram a trabalhar presencialmente no Ceará. Após a experiência inevitável para a manutenção dos negócios e empregos, o questionamento que se levanta é qual o aprendizado até aqui e ajustes necessários para tornar o home office uma realidade vantajosa para as empresas e, principalmente, para os trabalhadores. 

Dentre as demandas, os custos e definição de limite para o expediente. No pico da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, em maio, havia 306 mil funcionários fazendo da casa o escritório. Já em outubro, o número caiu para 209 mil. Os dados são do estudo "O trabalho remoto e a pandemia: a manutenção do status quo de desigualdade de renda no País", feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Já a quantia em potencial para o teletrabalho no Estado é de 679 mil. Para o levantamento, foram considerados os indicadores compilados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Covid19), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, (Ibef-CE), Raul dos Santos Neto, acredita que o home office é uma tendência sem volta, a depender do tipo de atividade executada. Avalia que o impacto para as empresas é positivo, já que existe imediata redução dos custos com energia, internet, espaço físico etc.

Porém, deve-se ter cuidados especiais com os empregados, que necessitam de um local tranquilo em casa, melhoraria no plano de internet, rever necessidades de hardware e software. Além disso, existe uma transferência das despesas da empresa para a residência do funcionário.

"Após mais de um semestre de prática, podemos dizer que empresas e colaboradores estão ainda em busca pelo modelo ideal. Não se tem definido, em boa parte das empresas, quem ficaria em definitivo no sistema remoto e quem estaria provisoriamente", diz.

"Na medida em que as organizações vão avançando em seus planejamentos estratégicos para os anos seguintes, isso vai ficando mais claro, com políticas definidas para ajudar ao colaborador com a infraestrutura que ele precisa em casa e medição exata da economia gerada para as empresas", reforça.

No Brasil, eram 7,6 milhões de trabalhadores em home office em outubro. O que representa 9,6% dos 79,4 milhões de ocupados e não afastados. A remuneração dessa população foi de R$ 33,6 bilhões no mês, que corresponde a 18,5% dos R$ 181,5 bilhões, que é a massa total de ganhos efetivamente recebidos por todas as pessoas ocupadas no País.

O perfil de quem está no trabalho remoto segue estável em relação ao mês anterior. Em outubro, a maioria das pessoas era composta por mulheres (56,9%), da cor branca (65%), com nível superior completo (76%) e idade entre 30 e 39 anos (32%).

Segue o predomínio do setor formal no teletrabalho (84,1%), que equivale a 6,4 milhões de pessoas, enquanto os outros 15,9% eram informais (1,2 milhão de pessoas). Na desagregação por atividade, 44,3% das pessoas em home office estavam em atividades de serviços, 38,4% no setor público, 7% na indústria e 4,9% no comércio. A maior concentração de pessoas trabalhando remotamente é no Sudeste (58,4%).

"As desigualdades não estão necessariamente ligadas ao home office, mas à forma como as organizações interagem com seus colaboradores. Proporcionar o bem-estar e atrair talentos sempre serão o objetivo de corporações vencedoras que se destacam no mercado, independentemente da adesão ao trabalho remoto", afirma Raul.

O presidente do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, enfatiza que as empresas observaram, além da redução do custo, que algumas pessoas se adaptam ao modelo e se tornam mais produtivas. Porém, haverá uma necessidade de repactuação em relação ao salário para não prejudicar quem está na ponta. "Podem ser reduções significativas para a empresa, dependendo do segmento, mas, por outro lado, o trabalhador absorveu para si as elevações", observa. Outro ponto é que essas adequações financeiras e limite de expediente devem passar a ser definidas no ato da contratação. 

 

DADO

Na análise por unidade federativa, o Distrito Federal segue na liderança do ranking, com 32,98% da massa de rendimentos efetivamente recebida por trabalhadores em home office, seguido do Rio de Janeiro (29,14%) e São Paulo (24,15%). O Mato Grosso (6,78%) tem o menor percentual.

 

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