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Caos em Washington: ataque ao Capitólio, ataque à democracia
Reportagem

Caos em Washington: ataque ao Capitólio, ataque à democracia

Sede do Congresso dos Estados Unidos é invadida por extremistas pró-Trump estimulados pelo republicano, acusado de tentativa de golpe ao seguir na busca por barrar o rito institucional da vitória de Biden
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WASHINGTON, DC - 06 de janeiro: Um grande grupo de manifestantes pró-Trump fica na escadaria leste do edifício do Capitólio depois de invadir suas terras em 6 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Uma multidão pró-Trump invadiu o Capitol, quebrando janelas e entrando em confronto com policiais. Os apoiadores de Trump se reuniram na capital do país hoje para protestar contra a ratificação da vitória do Colégio Eleitoral do presidente eleito Joe Biden sobre o presidente Trump nas eleições de 2020. Jon Cherry / Getty Images / AFP
 (Foto: AFP)
Foto: AFP WASHINGTON, DC - 06 de janeiro: Um grande grupo de manifestantes pró-Trump fica na escadaria leste do edifício do Capitólio depois de invadir suas terras em 6 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Uma multidão pró-Trump invadiu o Capitol, quebrando janelas e entrando em confronto com policiais. Os apoiadores de Trump se reuniram na capital do país hoje para protestar contra a ratificação da vitória do Colégio Eleitoral do presidente eleito Joe Biden sobre o presidente Trump nas eleições de 2020. Jon Cherry / Getty Images / AFP

Um dos maiores símbolos da democracia institucional dos Estados Unidos sofreu ataque de um radicalismo que chocou o mundo nesta quarta-feira, 6. Uma multidão de extremistas pró-Donald Trump invadiu o Capitólio após um discurso em que o presidente americano prometeu nunca admitir a derrota na eleição de novembro, em desafio ao rito parlamentar que confirmaria a vitória democrata.

O grupo interrompeu a certificação dos votos eleitorais para atestar o triunfo do presidente eleito Joe Biden. A polícia precisou retirar o vice-presidente americano, Mike Pence, que presidia o Senado, e os demais legisladores do prédio em um cenário de violência que abalou um pilar da democracia americana e deixou ao menos uma pessoa morta.

Por volta das 14h15min (hora local, 16h15min de Brasília), enquanto a Câmara e o Senado debatiam a iniciativa de um grupo de republicanos para derrubar os resultados das eleições no Estado do Arizona, os seguranças correram até Pence para retirá-lo do Capitólio. Antes de presidir a sessão, o vice, como presidente do Senado, desafiou a pressão de Trump e disse que não cabia a ele anular qualquer voto.

O prédio foi fechado depois de vândalos derrubarem as grades de segurança do lado de fora. Houve quebra-quebra, a polícia jogou gás lacrimogêneo, mas não conseguiu impedir a invasão. Imagens postadas nas redes sociais redes sociais mostraram extremistas brigando violentamente com a segurança. Pelo menos um explosivo foi encontrado por policiais perto do Capitólio. Por um tempo, senadores e membros da Câmara ficaram presos em seus respectivos gabinetes.

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Uma mulher que supostamente fazia parte do grupo que invadiu o Capitólio pode ser vista em um vídeo postado nas redes sociais levando um tiro dentro do prédio. Ela chegou a receber atendimento no local, mas morreu. Segundo a NBC News, ela foi atingida por um membro da Polícia no momento da invasão ao prédio.

"Isso é o que vocês conseguiram, rapazes", gritou o senador Mitt Romney, republicano de Utah, enquanto a confusão se desenrolava, aparentemente dirigindo-se aos colegas de partido que lideravam as iniciativas para tentar bloquear a certificação de Biden. "Isso é o que o presidente causou hoje, essa insurreição", disse Romney, quadro histórico do partido Republicano, mas que votou a favor do impeachment de Trump no ano passado.

A agitação levou a prefeita de Washington, Muriel Bowser, a declarar toque de recolher em toda a cidade até às 6 horas de hoje. O secretário de Defesa dos EUA em exercício, Chris Miller, ativou todos os 1,1 mil soldados da Guarda Nacional do Distrito de Columbia, onde fica Washington.

Biden fez um pronunciamento contundente contra a violência. Ao mesmo tempo, os democratas conquistavam a maioria do Senado com as duas vitórias dos candidatos que disputaram o segundo turno na Geórgia.

Trump foi ao Twitter algumas vezes ao longo do dia. Depois de voltar a contestar as eleições, pediu que seus seguidores manifestassem pacificamente, após eles terem invadido a sede do Legislativo.

Pela noite, voltou a desafiar o resultado das eleições em um tuíte apagado em seguida. "São coisas e eventos que acontecem quando uma vitória eleitoral sagrada esmagadora é cruelmente retirada de grandes patriotas que foram mal e injustamente tratados por tanto tempo", afirmou.

Trump teve as contas suspensas em Twitter, Facebook e Instagram. "Determinamos duas violações de nossas regras na página do presidente Donald Trump que resultam em uma suspensão de 24 horas, o que significa que ele perdeu a capacidade de postar na plataforma durante este período", explicou o Facebook via Twitter.

O dia extraordinário em Washington revelou as profundas divisões entre os dois partidos e dentro das fileiras republicanas, quando a contagem cerimonial de votos eleitorais que se desenrola a cada quatro anos no Congresso se transformou em um espetáculo explosivo.

O Senado voltou a se reunir por volta da 0h desta quinta-feira (horário de Brasília) e retomou o processo de certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais, depois de uma pausa de várias horas.

Uma primeira objeção à vitória de Biden foi rejeitada por maioria esmagadora. Os legisladores votaram 93 a 6 contra o esforço de rejeitar a contagem eleitoral do Arizona, superando o primeiro obstáculo na ratificação da eleição de 3 de novembro. A decisão final não foi concluída até o fechamento desta página, mas a tendência, como esperado antes mesmo da invasão, é da confirmação da vitória de Biden.

Na reabertura da sessão, o vice-presidente Mike Pence lamentou "um dia obscuro" e condenou a violência dos manifestantes.

"Mesmo depois da violência e vandalismo sem precedentes neste Capitólio, os representantes eleitos do povo dos Estados Unidos se reúnem novamente neste mesmo dia para defender a Constituição", destacou Pence. (Com Agências)

 

A polícia detém uma pessoa que apoiava o protesto do presidente dos EUA, Donald Trump, em frente ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, em Washington, DC. - Os manifestantes violaram a segurança e entraram no Capitólio enquanto o Congresso debatia a Certificação de Voto Eleitoral da eleição presidencial de 2020. (Foto de ROBERTO SCHMIDT / AFP)
A polícia detém uma pessoa que apoiava o protesto do presidente dos EUA, Donald Trump, em frente ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, em Washington, DC. - Os manifestantes violaram a segurança e entraram no Capitólio enquanto o Congresso debatia a Certificação de Voto Eleitoral da eleição presidencial de 2020. (Foto de ROBERTO SCHMIDT / AFP)

Confronto e morte

Policiais e extremistas pró-Trump entraram em confronto dentro e fora do Capitólio durante a tarde de ontem. Uma mulher foi morta por arma de fogo na invasão

 

WILMINGTON, DELAWARE - 06 de janeiro: O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, faz comentários sobre a invasão do Capitólio dos EUA por uma multidão pró-Trump no teatro The Queen em 06 de janeiro de 2021 em Wilmington, Delaware. Apoiadores do presidente Donald Trump invadiram o Capitólio dos EUA na quarta-feira enquanto membros do Congresso certificavam os resultados da eleição presidencial de 2020, que Biden ganhou. Chip Somodevilla / Getty Images / AFP
WILMINGTON, DELAWARE - 06 de janeiro: O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, faz comentários sobre a invasão do Capitólio dos EUA por uma multidão pró-Trump no teatro The Queen em 06 de janeiro de 2021 em Wilmington, Delaware. Apoiadores do presidente Donald Trump invadiram o Capitólio dos EUA na quarta-feira enquanto membros do Congresso certificavam os resultados da eleição presidencial de 2020, que Biden ganhou. Chip Somodevilla / Getty Images / AFP

Declarações de Biden

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, criticou a invasão ao Capitólio estimulada por Trump. "A América é muito melhor do que vemos hoje. Nosso caminho é simples: é o caminho da democracia - da legalidade e do respeito - do respeito uns pelos outros e por nossa nação."

 

Um apoiador do presidente dos EUA, Donald Trump, está sentado no escritório da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, enquanto ele protesta dentro do Capitólio dos EUA em Washington, DC, 6 de janeiro de 2021. - Manifestantes violaram a segurança e entraram no Capitólio enquanto o Congresso debatia o a 2020 Eleição presidencial de voto eleitoral. (Foto de SAUL LOEB / AFP)
Um apoiador do presidente dos EUA, Donald Trump, está sentado no escritório da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, enquanto ele protesta dentro do Capitólio dos EUA em Washington, DC, 6 de janeiro de 2021. - Manifestantes violaram a segurança e entraram no Capitólio enquanto o Congresso debatia o a 2020 Eleição presidencial de voto eleitoral. (Foto de SAUL LOEB / AFP)

Invasão aos gabinetes

Extremistas apoiadores de Donald Trump chegaram a invadir e vandalizar os gabinetes dos congressistas como o da presidente da Câmara dos Representantes, a democrata, Nancy Pelosi. Após ultrapassarem as grades, eles ocuparam as dependências do Capitólio. Dezenas foram presos

 

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