Para o governo, mais do que aprovar a PEC do voto impresso, tarefa quase impossível diante da resistência da maioria do Congresso, era importante não levar uma goleada, com placar muito desfavorável.
Os 229 votos a favor da PEC 135/19, se estão distantes dos 308 necessários para aprová-la, superam os 171 que seriam suficientes para barrar um processo de impeachment na Câmara.
Durante a sessão de ontem, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), disse que não haveria "nem vencedores nem vencidos" na votação da proposta que pretendia estabelecer o voto impresso nas eleições. O discurso embute uma análise pragmática do chefe da Casa.
Sabe-se que, na gaveta de Lira, repousam mais de uma centena de pedidos de afastamento do presidente. O placar de 229, portanto, cai como balde de água fria sobre a oposição na Câmara, mas também no Senado, onde se processa a CPI da Covid.
Ainda na votação, o ex-líder do Governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), foi rápido em admitir que, embora a derrota fosse iminente no mérito da PEC, a base sairia fortalecida da votação no plenário.
Não falava apenas do resultado, ainda não divulgado àquela altura, mas também da repercussão da votação, amplamente difundida. Se antes a tese do voto impresso se restringia às franjas bolsonaristas, agora ganhava holofotes com sua discussão no plenário, onde legendas como DEM, PSDB, MDB e PSD ajudaram o Planalto a reduzir o tamanho do tombo.