Ruas esvaziadas como em um feriado foram o cenário de Fortaleza por semanas, assim como em outras cidades que adotaram isolamento social como medida para evitar o contágio da Covid-19. Com o fim da segunda onda, a Capital se reencontra com o trânsito estressante semelhante ao tempo pré-pandêmico. No entanto, a mobilidade urbana sofreu alterações na dinâmica durante esse período.
O volume de tráfego na semana passada era, em média, 4,4% menor do que no período que antecedeu à pandemia, conforme balanço da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC). Conforme Juliana Coelho, superintendente do órgão, provavelmente nesta semana Fortaleza "deve estar com o fluxo 100% normal".
Ela aponta que um dos fatores que impulsionou o aumento do tráfego nas vias da Capital foi a liberação do ensino presencial. Após um mês de lockdown, determinação estadual iniciou liberação de atividades e serviços que seguiu paulatinamente.
As unidades escolares foram liberadas para funcionarem com 100% da capacidade há pouco mais de duas semanas, no dia 20 de setembro. Com isso, os horários de pico no trânsito se concentram no início e término do período escolar, das 6h30min às 8 horas, entre 11h30min e 13 horas e das 17 às 19 horas.
A adesão ao isolamento foi maior durante a primeira onda (maio de 2020). Em outubro de 2020, antes desse tempo restritivo começar a dar indícios, o volume de tráfego chegou ao mesmo patamar do período pré-pandemia, conforme balanço da autarquia.
Em março de 2021, durante o segundo lockdown em Fortaleza, o volume de tráfego ficou cerca de 30% menor em relação a esse parâmetro.
"No período do lockdown do ano passado, as pessoas respeitaram mais. Ficaram mais resguardadas em casas e evitaram se deslocar. Nesse ano, as pessoas respeitaram menos e tivemos aumento dos acidentes", explica a gestora da AMC.
Segundo Juliana Coelho, no primeiro semestre deste ano, a cidade registrou aumento de 10% dos acidentes de trânsito em geral em comparação ao mesmo período de ano de 2020.
A aposentada Maria José, 72, tem se surpreendido com o trânsito no trajeto para buscar a filha no trabalho. "Depois de 17 horas, tá insuportável. Com as escolas voltando, creio o restante vai também. Piorou muito, fazia muito tempo que não tinha esse engarrafamento", relata.
O microempresário Bruno de Melo, 38, também reparou no aumento do trânsito com o retorno das atividades nas últimas semanas. "Tá complicado em algumas regiões, principalmente pela área da Aldeota. Antes estava bem mais livre, o trânsito estava tranquilo", cita.
Todas as regiões de Fortaleza apresentaram redução de fluxo nos dois períodos de isolamento rígido. A que registrou menor redução foi a Regional 5. Conforme a autarquia, os dados são computados através dos equipamentos de fiscalização eletrônica e estão baseados na antiga divisão das regionais.
Nas últimas semanas, a região do Centro ainda apresentou a maior redução percentual. Isso porque, segunda a superintendente, o horário de abertura do comércio de rua foi ampliado posteriormente de forma gradativa.
"No Centro, devido aos decretos, estava com horário de abertura mais tarde, depois de 9 horas. Voltou ao fluxo. Teve maior redução principalmente porque é fácil de ter aglomeração. Com o retorno das atividades a partir de 8 horas, está voltando a ter a mesma movimentação", compara.
Na avaliação da gestora da AMC, a reabertura dos bares também já se refletiu em aumento do consumo de álcool junto à direção. Além de acidentes durante a madrugada, que são geralmente mais graves do que os registrados durante o dia.
Com o aumento das blitz de lei seca, o aumento das recusas ao teste do bafômetro e de resultados positivos, o percentual foi de 5,4% em 2021 ante a 1,2% em 2019. A base de comparação desse dado não foi feita utilizando o ano de 2020 por ser um ano atípico, explica a autarquia.
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