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O caminho a seguir rumo à empregabilidade
Reportagem

O caminho a seguir rumo à empregabilidade

Em momento delicado na economia nacional, em que o percentual de desemprego supera os dois dígitos desde 2016, é preciso estar atento à escolha da carreira. Conhecimento técnico é importante, mas outros diferenciais pesam na mesma medida, segundo empresas
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Antônio Nascimento e Felipe Silva dão seus depoimentos sobre a volta ao mercado de trabalho e a conquista do primeiro emprego de carteira assinada, respectivamente (Foto: (Thais Mesquita/OPOVO))
Foto: (Thais Mesquita/OPOVO) Antônio Nascimento e Felipe Silva dão seus depoimentos sobre a volta ao mercado de trabalho e a conquista do primeiro emprego de carteira assinada, respectivamente

Com o mercado de trabalho brasileiro enfrentando longa crise, sobram candidatos. Depois de passar por período virtuoso entre maio de 2007 (9,3% de desemprego) e o primeiro trimestre de 2016 (10,9%), uma crise econômica e uma pandemia - que ainda enfrentamos - modificaram significativamente o cenário e o quadro de desocupação explodiu. São 14,4 milhões de desocupados e 5,6 milhões de desalentados, segundo o IBGE.

Mas, está enganado quem pensa que faltam vagas em todas as áreas. Com o processo de digitalização dos processos, iniciamos num período que vem sendo chamado de nova economia, baseada na digitalização e na globalização. De acordo com publicações de entidades respeitadas, como Harvard Business Review e PwC, as carreiras nos setores de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), comércio varejista digital (e-commerce) e logística são as que possuem demanda crescente ao redor do mundo. O que falta mesmo são profissionais capacitados para as funções.

Para o economista, doutor em Administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Josilmar Cordenonssi, quando falamos em tendência, a área de tecnologia é um caminho certo para empregabilidade. Ele diz que há demanda por profissionais que desenvolvam soluções voltadas à internet, aplicativos, e-commerce. O desenvolvimento de soluções de cibersegurança também é citado em face ao crescimento dos ataques hackers e a legislação que cobra das empresas investimentos em segurança de dados.

Em meio ao avanço do processo de automação das atividades, é certo que muitas funções antes realizadas por pessoas, serão automatizadas. Mas, na avaliação do professor, isso vai permitir que as pessoas mudem de trabalho e desempenhem funções que agregam mais valor, gerando um círculo virtuoso.

Por enquanto, o desafio brasileiro se mostra macroeconômico, de gerar estabilidade e crescimento econômico. "Aqui no Brasil, no curto prazo, temos um problema sério para recuperar a economia para iniciar o processo de recuperação do mercado de trabalho. Mas em outros países, há demanda inclusive por trabalhos de baixa qualificação. Aparentemente, o pesadelo de faltar emprego não vai acontecer, mesmo com esse processo de automação", destaca Josilmar.

Um dos desafios para os profissionais brasileiros que buscam se inserir nessa nova economia tem sido a qualificação e experiência. O conhecimento técnico, primordial para desenvolver a atividade, é importante, mas ainda é difícil preencher todas as vagas pela baixa qualificação média da massa trabalhadora. Isso faz com que alinhamento aos valores da empresa, habilidades relacionais e, principalmente, vontade de aprender sejam diferenciais, aponta Mariza Quinderé, diretora do Great Place to Work Brasil.

VÍDEO | Veja dicas para o profissionais que querem se reinserir no mercado de trabalho no Economia na Real

Mariza cita o caso da indústria cearense, que dinamizou em torno da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) nos últimos anos. No início não havia profissionais qualificados para trabalhar lá, mas formou-se entre as empresas um foco no desenvolvimento técnico dos trabalhadores, investindo na formação de novos talentos. Ela destaca ainda o caso do varejo e serviços, em que somos reconhecidos nacionalmente com cases de empresas que aplicam projetos de inclusão, tanto digital, quanto de diversidade.

"É importante que os candidatos cientes das suas qualificações estejam alinhados com o propósito da empresa, formando uma verdadeira parceria", explica. Ela continua, destacando pesquisas realizadas pela GPTW mostrando que nas novas relações de trabalho salário e benefício não são tudo.

"Salário e benefício não é o que tem feito a diferença, mas as pesquisas mostram que os trabalhadores mais confiantes estão nas organizações por oportunidade de crescimento ou por alinhamento de valores".

AS CARREIRAS QUE SÃO TENDÊNCIAS PARA OS PRÓXIMOS ANOS

Veja as carreiras para estar de olho:

Desenvolvimento de software;
Cientista de dados
Analista de sistemas de computação;
Segurança de dados;
Arquiteto e engenheiro 3D;
Desenvolvedor de dispositivos vestíveis - como óculos, lentes, relógios e outros equipamentos de tecnologia;
Especialista em marketing digital;
Atendimento ao cliente online;
Representantes de vendas;
Gestor de inovação e criatividade;
Especialista em experiência do usuário;
Especialista em e-commerce;
Community manager - profissionais responsáveis por lidar com os consumidores e comunidades ao redor de uma empresa, com foco no posicionamento social da empresa com seu entorno;
Engenheiro ambiental;
Gestor de resíduos;
Especialista em energias renováveis e alternativas;
Saúde mental - terapeutas e psiquiatras;
Engenheiro hospitalar;
Bioformacionista - profissional da área de tecnologia e genética que trabalha na prevenção de doenças genéticas e reprodução humana;
Fonte: Harvard Business Review, The Independent, PwC / Aprendeai.com

A FORÇA DO HOME OFFICE

Segundo o levantamento feito pela Salesforce, 52% dos profissionais estão dispostos a trocar de emprego para manter o home office.

DIFERENCIAIS

Segundo a pesquisa English at Work, realizada pela Cambridge English, 62% das empresas pesquisadas no Brasil veem o inglês como habilidade importante para os negócios. Além disso, 57% destas oferecem melhores benefícios para profissionais que possuem um bom conhecimento na língua. Esses números ficam claros na pesquisa da empresa de recrutamento online Catho, o salário de quem fala inglês pode ser 60% mais alto do que daqueles que não falam.

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

O setor de comércio e serviços, muito demandado nos ambientes digitais durante o auge da pandemia, estão buscando profissionais antenados com a tecnologia. De acordo com o gerente de Desenvolvimento e Tecnologia Educacional no Senac Ceará, Sidarta Cabral, enfatiza que o comércio digital deve continuar forte mesmo com a reabertura das lojas, então o regime híbrido será forte e será preciso lidar com os dois formatos.

"Muitos estão se reposicionando no mercado, mudando de carreira ou querendo se recolocar e tudo isso passa por formação. Então a formação sempre é investimento e nunca gasto. Temos focado no comércio digital e no atendimento ao cliente e domínio técnico."

NO BRASIL, são 14,4 milhões de cidadãos que buscam por uma recolocação profissional.

NOS PRÓXIMOS ANOS, a previsão é que 30% dos empregos deixem de existir.

CONSTRUÇÃO

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa, destaca esse potencial empregador do setor, que movimenta diversas cadeias econômicas de fornecimento. Segundo ele, nos últimos anos foram adotados muitas evoluções tecnológicas, mas o setor não perdeu seu caráter democrático de gerar vagas para diferentes faixas etárias e níveis de formação.

 

PLATAFORMA

O CIEE possui uma plataforma gratuita com oferta de cursos voltados à escolha profissional, que é importante principalmente para os mais jovens que ainda não tiveram uma decisão de carreira. Lá também é possível saber quais as profissões que são tendência para o futuro. Basta acessar a aba "Saber Virtual" no portal do CIEE.

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