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Aquecimento global: Ceará já sofre com as mudanças climáticas
Reportagem

Aquecimento global: Ceará já sofre com as mudanças climáticas

| PLANETA INSUTENTÁVEL | Cientistas apelam por medidas para diminuir o aquecimento global em relatório internacional sobre o clima na Terra. Riscos para regiões áridas e semiáridas são destacados
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EM CANINDÉ, a paisagem árida também é consequência de desmatamentos e queimadas  (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE EM CANINDÉ, a paisagem árida também é consequência de desmatamentos e queimadas

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta para consequências graves do aquecimento global. Os cientistas afirmam, em relatório divulgado em agosto, que é estimado que as atividades humanas tenham causado o aquecimento de 1°C do mundo desde os níveis de temperatura globais pré-industriais, com variação de 0,8°C a 1,2°C. Segundo o documento, esse acréscimo na temperatura pode chegar a 1,5°C entre 2030 e 2052, caso continue no ritmo atual. O estudo aponta ainda o Nordeste do Brasil como região propensa a sofrer com secas severas caso o aquecimento não seja freado.

Para o cientista do clima Alexandre Araújo, professor titular da Universidade Estadual do Ceará (Uece), os efeitos do aquecimento global já podem ser sentidos no Estado. "A gente teve uma seca prolongada de 2012 a 2016 e teve uma amostra do que isso pode representar. Só que a repetição desse processo é muito grave. Na época a gente estava com o Castanhão cheio. E agora, como faz?", questiona. Ele explica que relatórios do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas já indicam a redução da vazão de afluentes e o agravamento de secas com o aumento da temperatura média do planeta.

Alexandre lembra ainda que a temperatura média do Ceará já aumentou 2,09°C, com variação de mais ou menos 0,35°C, entre os anos de 1961 e 2020. O dado é de um estudo da organização sem fins lucrativos Berkeley Earth. Esse estudo mostra ainda que houve aumento da temperatura média em todos os estados do Nordeste nos últimos 60 anos.

Além das secas em regiões áridas e semiáridas e aumento da temperatura de regiões terrestres e oceânicas, o relatório do IPCC ainda alerta para aumento de extremos de calor em regiões habitadas e ocorrência de chuvas intensas.

O professor, que já foi gerente do Departamento de Meteorologia e Oceanografia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), afirma que, enquanto partes do Ceará podem sofrer com o agravamento das secas, outros locais ficam propensos a registrar alagamentos mais severos também.

"A questão é que a atmosfera mais quente tanto agrava secas quanto concentra vapor d'água. E então as chuvas caem de forma mais centrada, em vez de se distribuir. Então, a gente teria muito provavelmente agravamento nas condições de seca do semiárido, e a região costeira, litorânea, sofrendo com chuvas severas, alagamentos mais graves", projeta.

 

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