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Classes C e D/E lideram crescimento nacional de Investidore$
Reportagem

Classes C e D/E lideram crescimento nacional de Investidore$

| Em 2022 | Mesmo com cenário econômico adverso no ano passado, 7 milhões de pessoas das camadas de menor renda do País começaram a investir e a projeção para 2023 é ampliar a participação desse público, segundo a Anbima
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Economia, Moeda Real,Dinheiro, Calculadora (Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil Economia, Moeda Real,Dinheiro, Calculadora

Inflação e juros altos não inibiram as classes mais baixas do País quando o assunto foi investimento em 2022, segundo indica a 6ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro elaborada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Dispostos a correr riscos, apesar do orçamento apertado, sete milhões de pessoas das classes C e D/E começaram a investir no último ano em um movimento de expansão que promete ser repetido em 2023

Os dados prévios do estudo feito em parceria com o Datafolha revelam que "o percentual de investidores da classe C saltou de 29% para 36% (aumento de 5 milhões de pessoas), enquanto o da D/E evoluiu de 16% para 20% (2 milhões de novos investidores). Já a classe A/B foi de 52% para 57% (expansão de 1 milhão de pessoas).

Mas a participação dos brasileiros de menor ganho não surpreende. São camadas cuja renda familiar, no caso da classe C, é, em média, de R$ 2.904 e, na classe D/E de R$ 1.492, porém, o acesso à tecnologia e informação permite que eles busquem mais opções de fazer o capital crescer, como avalia Ricardo Coimbra, economista e conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).

"A medida que gera mais potencialidade de tecnologia nas pessoas, elas começam a utilizar o aplicativo dos bancos e enxergam a possibilidade de fazer um investimento, abrir uma conta em uma corretora ou até mesmo investir em um fundo. Há um crescimento muito significativo de empresas de assessoramento financeiro associado a esse outro crescimento e acaba tendo uma migração do volume de recursos de um tipo de investimento para outro, como caderneta de poupança para tesouro direto. Continua sendo conservador, mas gera uma rentabilidade muito maior do que a própria poupança."

Coimbra ainda aponta esse comportamento como típico dos mais jovens, os quais têm mais habilidade no uso da tecnologia para lidar com as finanças pessoais.

Influenciadores digitais aceleram transformação do mercado 

Ele ainda destaca o fenômeno de influenciadores digitais focados em investimentos como mais um motivo desse aumento de investidores em 2022, uma vez que o acesso às informações motiva alguma atitude relacionada, como abrir uma conta em corretora ou buscar informações nos bancos nos quais já possui conta.

"De certa forma, há um movimento continuado ao longo dos anos mais recentes e isso desemboca nesse crescimento", atesta o economista.

Já Marcelo Billi, superintendente de Educação da Anbima, ressalta que "a pesquisa está indicando alguma recuperação depois dos impactos negativos gerados pela pandemia e pela crise econômica que ainda não se dissipou."

Apesar de não contar com dados de todas as camadas da população entre o início e o fim da pandemia - antes, a pesquisa era feita só com as classes ABC -, ele diz que "o recorte para essa parcela da população sugere que estamos recuperando a capacidade de poupar e o acesso a produtos financeiros que havíamos atingido antes da pandemia."

"A crise pela qual passamos nos últimos anos deve despertar em parte importante da população o desejo de poupar e investir porque ela explicitou como a falta de reservas e planejamento financeiro deixam as pessoas e as famílias vulneráveis em períodos de imprevistos e instabilidade econômica. É o momento de fortalecermos nossos esforços de educação financeira, uma ferramenta essencial para contribuir para a qualidade de vida e saúde mental das pessoas", observou.

Perspectivas para 2023

Os argumentos de Billi justificam a projeção também em 2023, como aponta o estudo da Anbima. Para este ano, a expansão esperada é de mais 5 pontos percentuais no índice ou 9 milhões de novos investidores, ou seja, mais elevada do que a vista em 2022.

A pesquisa diz que 66% afirmaram que o ano de 2023 será melhor do que 2022. Na análise por classe social, o percentual é ainda maior nas classes D/E (74%).

Para Coimbra, a entrada de mais jovens com acesso à tecnologia e informação vai ajudar nesse movimento que terá ainda um possível impulso a partir da melhora da economia nacional a depender da velocidade com a qual o Congresso Nacional vai votar o novo arcabouço fiscal apresentado na última semana pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).

O economista projeta uma baixa de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros - referência dos investidores ao escolher onde vão aplicar o dinheiro - e diz que "uma movimentação significativa do mercado de investimentos deve acontecer porque vai diminuir a participação da renda fixa no médio longo prazo, de 3 a 4 anos, e a profissionalização desse segmento vai ser maior, com as pessoas mais atentas, estudando, buscando mais opções para remuneração do capital."

Coimbra, no entanto, alerta para a necessidade de educação financeira prévia antes dos investimentos como prevenção contra golpes.

O economista cita o caso dos jogadores de futebol do Palmeiras, Gustavo Scarpa e Mayke, que perderam R$ 11 milhões em uma pseudo-operação de investimento em criptomoeda.

Ele critica as pessoas que acreditam na facilidade de multiplicar o capital neste tipo de aplicação e arremata: "Vem surgindo muitos oportunistas. Para investir, é preciso buscar um assessoramento que tenha certificação, que dê respaldo de uma instituição financeira sólida, autorizadas pela CVM (Comissão de Valores Imobiliários) ou Banco Central."

 

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