Faz 28 anos que o Brasil não vê um eclipse solar anular completo. A última vez foi no dia 29 de abril de 1995, quando Fortaleza deu sorte de estar na faixa de trajetória do eclipse anular, ocasião em que a Lua cobriu o Sol por completo, deixando escapar raios solares apenas pelas bordas.
No sábado, 14 de outubro deste ano, o Ceará e vários outros estados brasileiros também presenciarão o eclipse. No entanto, dessa vez é o Cariri que vai ter a oportunidade de contemplar o fenômeno cósmico em terras cearenses.
A faixa de anularidade — como é chamado o trecho geográfico no qual o eclipse será visto por completo — passará pelos estados Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Tocantins, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Natal (RN) e João Pessoa (PB) são as únicas capitais no caminho da anularidade. Mesmo assim, o eclipse será visto como parcial em todo o território nacional.
Como explica o Observatório Nacional, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (ON/MCTI), o eclipse solar ocorre quando a Lua se alinha entre a Terra e o Sol, bloqueando a luz solar que chega ao nosso planeta. Como a Lua está um pouco mais distante na Terra nesse momento, ela é incapaz de cobrir o astro por completo, permitindo que alguns raios solares “escapem” pelas bordas e formem um anel luminoso.
A visibilidade do eclipse para cada país depende da posição da Terra no exato momento do bloqueio. Use o site Time and Date, recomendado pelo Observatório Nacional, para acessar um mapa da faixa de anularidade e consultar a visibilidade na sua cidade. Clique aqui para acessar o mapa.
O Observatório Nacional recomenda o site Time and Date para indicar dados sobre eclipses. O POVO+ levantou dados dos eclipses anulares visíveis na América do Sul desde 1900, considerando também as previsões de eclipses do tipo até o ano 2100.
De 1900 a 2023, foram 26 ocasiões em que o Brasil presenciou o eclipse solar anular visível na América do Sul. No entanto, o fenômeno foi observado por completo em algum estado brasileiro em apenas nove dessas oportunidades.
Até 2100, outros 21 eclipses anulares devem passar pelo Brasil, dos quais sete terão o ápice visível em algum estado brasileiro.
Passe o mouse ou clique nos retângulos coloridos em verde ou vermelho para acessar informações sobre a data do eclipse e se foi possível vê-lo por completo em algum estado do Brasil
O Time and Date informa que as previsões de dia e tempo dos eclipses são feitas matematicamente, considerando o tamanho da Terra, da Lua e do Sol e os movimentos deles em relação aos outros. Os horários de início, ápice e fim do eclipse também são estimados, com uma margem de erro bem pequena.
Afinal, é impossível garantir acerto total nas previsões porque a velocidade de rotação da Terra não é constante, e nem a Terra e a Lua são perfeitamente esféricas. Até mesmo as montanhas e vales da superfície lunar influenciam nos cálculos:
“(Por causa disso), a sombra da lua tem uma borda ligeiramente acidentada. As previsões de eclipses solares geralmente não levam esse fator em consideração. Se acontecer de você ficar à sombra de uma montanha lunar no início ou no final de um eclipse solar total, a totalidade pode durar um pouquinho mais para você”, descreve a página.
Similarmente, as montanhas terrestres distorcem o tempo do eclipse solar. Por isso, quanto mais alto na superfície da Terra nós estivermos, mais tempo o eclipse dura.
Outro fator curioso que pode influenciar na exatidão dos horários apresentados é o tamanho do Sol: ainda não se sabe o quão grande o astro é. “Mesmo a Nasa não seria capaz de dizer o diâmetro exato da nossa estrela! A margem de erro é de apenas 0,03%, mas é suficiente para influenciar o tempo de um eclipse solar em alguns segundos, já que o tamanho da sombra da Lua também depende do tamanho do Sol”, explica.
De 1900 a 2100, o mundo terá observado 145 eclipses anulares, dos quais 68 foram ou serão visíveis na América do Sul.
Na década atual (2020 - 2029), serão sete eclipses em nível mundial e cinco passam pela sul-américa. Três desses com visibilidade no Brasil: 2 de outubro de 2024, 6 de fevereiro de 2027 e 26 de janeiro de 2028. Apenas em 2028 a faixa de anularidade atravessará o Brasil, especificamente os estados do Amazonas, Pará e Amapá.
Nos dois séculos analisados, praticamente todas as décadas registraram (ão) sete eclipses anulares. Em quatro ocasiões, o mundo viu somente seis eclipses do tipo, enquanto a década de 1950 a 1959 excedeu a média e contabilizou 10 eclipses anulares.
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Na América do Sul, a frequência é mais difusa. A maior quantidade de eclipses observados nessa porção do planeta foi seis, na década de 1970 a 1979. A menor foi em 2010 - 2019 e, futuramente, em 2050 - 2059, com apenas um eclipse cada.
Nos anos 2010, o Brasil viu o eclipse solar parcial de 26 de fevereiro de 2017. A boa notícia é que a faixa de anularidade do futuro eclipse de 12 de julho de 2056 passará pelo País, alcançando uma pequena porção do oeste do Amazonas.
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Em Juazeiro do Norte, o eclipse deve durar duas horas e cinco minutos, mas a anularidade de fato ocorrerá por três minutos e 53 segundos. O eclipse começa exatamente às 15h26min. Confira os horários do eclipse em Juazeiro do Norte (CE):
Por outro lado, Fortaleza verá apenas o eclipse solar parcial. Como a Capital está fora da faixa de anularidade, o ápice será às 16h42, quando o Sol estará o mais escondido possível.
Em Fortaleza, o eclipse começa três minutos antes do que no Cariri, às 15h23min. Veja os horários do eclipse em Fortaleza (CE):
O Observatório Nacional irá transmitir o eclipse anular pelo YouTube. Na transmissão ao vivo, vários parceiros internacionais cederão imagens do eclipse quando ele estiver ocorrendo na parte oeste dos Estados Unidos, parte da América Central e Colômbia.
Quando a sombra lunar atingir o Brasil, os astrônomos brasileiros disponibilizarão imagens para o Time and Date e para a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa), em transmissão mundial.
Serão seis horas de live, com início às 11h30 da manhã (horário de Brasília) até 17h30.
Para este material foram utilizados dados do site Time and Date, recomendado pelo Observatório Nacional (ON/MCTI) como fonte confiável em diversas notas. Coletamos manualmente dados relacionados a Eclipses Solares Anulares no período de 1900 a 2100. Os dados foram filtrados por tipo de eclipse (Eclipse Solar Anular), por localidade (América do Sul) e por década. Depois, analisamos data a data para identificar a trajetória do eclipse pelo Brasil e determinar se a faixa de anularidade passava por algum estado brasileiro.
Também foram levantados, manualmente, dados sobre a quantidade de eclipses no período de 1900 a 2100 a nível mundial.
"Oi, aqui é a Catalina. E aí, preparados para o eclipse? Espero que a matéria tenha sido interessante! Vamos conversar nos comentários!"