Da praia para o Interior, terrenos e casas têm dado espaço a edificações maiores (verticais e horizontais) e o adensamento habitacional tem ritmo acelerado no Ceará.
A transformação da paisagem urbana de Fortaleza e Região metropolitana, especialmente, tem em 2024 o ano de maior aceleração, com o mercado imobiliário atingindo as melhores marcas dos últimos oito anos e construindo desde arranha-céus até condomínios de casas e empreendimentos populares na Capital nos municípios vizinhos.
Na primeira metade do ano, o valor geral de vendas (VGV) dos empreendimentos saltou 62%, atingiu mais de R$ 2,5 bilhões e uma projeção de alcançar R$ 7 bilhões ao término do ano, a partir de financiamentos que envolvem os consumidores ao longo de 25 anos até 30 anos.
Foram 41 lançamentos na primeira metade do ano, dentre os quais as habitações de interesse social têm participação decisiva nas expectativas do setor, segundo indica o presidente do Sindicato da Construção no Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa.
Ele se refere aos empreendimentos enquadrados nas condições do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), cujos preços têm até R$ 350 mil no máximo da habitação e condições de 4% de juros ao ano e Taxa Referencial (TR).
O programa prevê 10 mil unidades a serem negociadas no Estado e teve o apoio do governo estadual, que lançou o Entrada Moradia Ceará - pelo qual cidadãos de renda de até R$ 4,4 mil conseguem até R$ 20 mil para dar entrada no imóvel padrão MCMV.
"O padrão econômico sempre esteve bom, mas ano passado teve o incremento do Minha Casa e devemos perceber o aumento com o início do Entrada Moradia Ceará", destacou, recordando que o primeiro contrato foi assinado na última semana e conta com 4,2 mil imóveis cadastrados na base.
Patriolino afirma que "o governo vai enxergar que em termos de ICMS (Impostos Sobre Circulação de Bens e Mercadorias), esse dinheiro retorna para o Estado" e disse acreditar que o Estado vai ampliar o programa a partir dos primeiros resultados.
Não à toa, o reflexo disso nos lançamentos foi imediato, fazendo com que bairros da periferia de Fortaleza fossem alvos de novos empreendimentos econômicos. De janeiro a junho foram 1.450.
Mas a Capital não suporta toda a demanda habitacional e isso extrapolou para a Região Metropolitana. Os dados do Sinduscon-CE indicam que Caucaia (292 lançamentos do tipo), Eusébio (200), Maracanaú (72) e Aquiraz (20) também foram alvo das construtoras.
"O mercado está dinâmico e as construtoras lançam tanto quanto acham que será comprado. E nós temos construtoras nacionais no mercado local", diz Patriolino.
Em Fortaleza, especialmente, concentram-se os empreendimentos mais caros. Lançamentos entre Meireles, Aldeota, Cocó e Praia de Iracema fazem com que o preço médio do metro quadrado (m²) na Capital seja de R$ 10.630, com o mais alto observado de R$ 16.793.
A explicação está no retorno da classe média e da classe média-alta às compras de imóveis. Com maior apetite identificado entre os anos de 2020 e 2022, quando aconteceu também o "boom" de lançamentos de altíssimo padrão em Fortaleza.
Os números indicam ainda que esse crescimento de imóveis de padrão elevado tem uma direção, como atesta o presidente do Sinduscon-CE: "É fato que Fortaleza cresce para o lado Sul. Então, você percebe diversos lançamentos ocorrendo no Guararapes, Luciano Cavalcante e indo até o Eusébio."
A cidade do Eusébio teve novos 90 empreendimentos do tipo horizontal, ou seja, condomínios fechados de casas - algo já comum para a cidade. Mas também Caucaia foi alvo destes empreendimentos, com um total de 374 lançamentos entre janeiro e junho de 2024.