O comércio cearense já começou a enfeitar as prateleiras, planejando e oferecendo produtos natalinos com antecedência.
Já é possível verificar a venda de panetones em supermercados de Fortaleza, mesmo faltando três meses para o Natal. As negociações antecipadas desses e de outros produtos natalinos ocorrem para garantir melhores condições aos clientes, evitando desfalques nos estoques e possibilitando margens para negociações de preços mais vantajosos.
É o que explica o secretário-executivo da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Antônio Sales: “o Natal é a maior data sazonal para o varejo em geral, principalmente para os supermercados, que trabalham com alimentos e bebidas, essas negociações são feitas com bastante antecedência.”
A gerente comercial do Mercadinhos São Luiz, Fabrícia Lima, detalha que os fornecedores precisam dessa programação antecipada, especialmente no caso das indústrias de aves, porque necessitam “produzir esses itens para nos atender”. As redes do São Luiz já contam com panetones em suas prateleiras.
Em relação aos preços, Fabrícia explica que um aumento de custos dos insumos de um ano para o outro é sempre normal, mas que não nota nada fora da regularidade, tendo em vista que a companhia realiza avaliações durante as negociações e mantém proximidade com os parceiros para entender como se dará o cenário natalino.
Já Antônio vê uma tendência de estabilização nos preços dos produtos de Natal no fim do ano, talvez até com uma leve baixa nos supermercados. Algo que, no entanto, não é garantido, tendo em vista que estas redes são intermediárias das indústrias e de outros fornecedores, que, por vezes, podem incrementar os preços por diversos fatores.
O economista Alex Araújo destaca, ainda, que a inflação está tendo um comportamento relativamente moderado em 2024, influindo menor pressão nos preços de forma geral. Além disso, a sazonalidade do último trimestre do ano, que conta com aumento da demanda, já é esperada pelo mercado, levando ao aumento da oferta de produtos e serviços.
“Apesar de ainda não haver pesquisas específicas para o Natal de 2024, os indicadores econômicos recentes sugerem um cenário otimista. O aumento da confiança do consumidor, aliado ao crescimento do emprego e da renda das famílias, são sinais claros de que o volume de vendas poderá ser maior que no ano passado”, conforme Alex.
O especialista contrapõe, também, que o endividamento das famílias tem sido um fator preocupante no cenário, o que poderia até limitar o poder de compra da população no Natal, mas é provável, ainda assim, que os consumidores estejam inclinados a gastar, mesmo de forma cautelosa, buscando promoções e outras formas de financiar as compras.
O secretário-executivo da Acesu espera um aumento de 5% nas vendas dos supermercados cearenses no Natal em comparação ao ano passado, enquanto o São Luiz projeta alta de 20%. No que tange os produtos, o campeão de vendas nos locais é o panetone, além de chocolates, bebidas, peru, bacalhau, frutas secas, entre outros.
O diretor-comercial do Supermercado Pinheiro, Alexandre Pinheiro, também prevê expectativas positivas para as vendas natalinas, citando o aumento da atividade econômica e o apoio de iniciativas internas, como um programa de fidelidade com descontos. “Essas questões acabam se refletindo na procura dos consumidores no período de Natal”, pontua.
De olho na competitividade do período, Alexandre mira a oferta de produtos variados para atender públicos de diversos segmentos, desde aqueles produtos mais básicos aos que optam por formatos mais saudáveis ou premium. “Acreditamos que essa estratégia consegue auxiliar o consumidor em eventuais variações de preço”.
O diretor-comercial do Pinheiro esclarece que, por enquanto, não é possível notar com exatidão um aumento ou diminuição nos preços dos produtos natalinos advindos dos fornecedores, mas que o supermercado tem fortalecido o mix de produtos com marcas próprias, como os panetones, os quais também já estão sendo vendidos nas lojas.
Varejo cearense adianta produtos chineses para o Natal
O varejo cearense já começou os preparativos para os festejos natalinos com foco em produtos advindos da China, como no caso das árvores de Natal e dos enfeites de decoração para as residências, a exemplo dos Papais Noéis e pisca-piscas. Tais importações ocorrem desde o primeiro semestre para chegarem a tempo em Fortaleza.
Com um trajeto que pode demorar de 90 a 180 dias desde a produção até a chegada às lojas, é preciso que tudo seja encomendado com antecedência, segundo o presidente (CEO em inglês) da empresa de logística JM Negócios Internacionais, Augusto Fernandes, o qual destaca que os conflitos pelo mundo também são considerados no planejamento.
"Com poucos navios em rota, alto custo do frete e as companhias marítimas reduzindo cada vez mais o espaço devido ao conflito na Rússia e Ucrânia e ao Canal de Suez (no Egito) altamente limitado. Portanto, o Natal é planejado com bastante antecedência. Os desafios estão justamente em ter capital para antecipar tudo isso, porque tudo é pago à vista", diz.
As empresas têm que lidar com impostos, fretes, armazenagem e os gastos da própria logística, considerando que o faturamento deverá vir entre seis a oito meses depois, somente no Natal. "Se o cliente deixar um container parado no ponto de armazenagem, isso gera custos adicionais. Assim, é importante que o cliente faça uma programação correta."
Gerente de produtos na Freitas, Mário Azevedo destaca que a varejista iniciou as compras de Natal em março, na China, para que os produtos fossem embarcados entre maio e junho e chegassem ao Brasil entre agosto e setembro. "Já estamos recebendo produtos de Natal no nosso centro de distribuição e vamos distribuí-los para as lojas."
Os estoques já estão em um nível acima do normal também na varejista Solar Móveis e Eletros, com mais de 50 lojas no Ceará. O gerente comercial e de operações, Ricardo Santos, explica que o planejamento visa fugir da alta de preços que ocorre no segundo semestre e garantir condições agressivas para o mercado no Natal.
Questionado sobre os preços dos produtos natalinos em 2024, Augusto afirma que é quase impossível não subirem em comparação ao último ano, considerando inflação, frete, dólar e carga tributária. Entretanto, ele não sabe o valor final que deve chegar às prateleiras das lojas, já que realiza apenas a intermediação das importações.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL Fortaleza), Assis Cavalcante, não concorda com a alta de preços e aposta em uma estabilidade. "Os juros estão altos, mas, no ano passado, também estavam altos, então não há muita expectativa de subida ou baixa de preço. O que os comerciantes e lojistas fazem é uma parceria com o fornecedor."
Essas parcerias envolvem descontos e prazos maiores para não haver repasses financeiros aos consumidores da Capital. Assis acrescenta, ainda, que a perspectiva é de que o varejo aumente suas vendas e seu faturamento entre 6% a 8% no período, considerando que já encontra-se aquecido atualmente, acima do ano passado, a depender da atividade.
Com planejamento, empreendedoras miram alto faturamento no Natal
O grande volume de vendas no Natal tem animado as expectativas de faturamento de empreendedoras autônomas no Ceará, que mostram-se mais atentas a um planejamento antecipado para a preparação dos produtos, especialmente devido à alta concorrência. Joelene Goés, de 29 anos, é uma das empreendedoras cujo Natal é uma das principais fontes de renda no ano, no comando da Bella Cestas e Presentes, em Fortaleza. Desde o início do negócio, em 2020, os produtos natalinos foram muito procurados, tanto no atacado quanto no varejo.
Ela produz cestas festivas durante o ano todo, mas foca em panetones, champagnes, vinhos e chocolates no Natal. "Temos clientes que compram cestas mais simples e temos outros clientes que querem cestas bem recheadas e mais caras para presentear", detalha. A empresa já está na etapa de compra dos itens natalinos atualmente, preparando um catálogo de forma antecipada para evitar faltas no estoque e aumentos de preços. Apesar disso, Joelene disse notar, desde agora, um crescimento nos valores dos insumos.
"Tentamos não repassar todos os aumentos para os clientes, mas sabemos que isso afeta o valor final. Procuro equilibrar o aumento dos preços, misturando produtos com aumento e outros com preços mais estáveis para manter um preço razoável", explica Joelene. "Também oferecemos descontos para compras em atacado, como para quem compra a partir de seis unidades, mesmo para clientes que não são empresas, mas que desejam presentear muitas pessoas", acrescenta a proprietária da Bella Cestas e Presentes.
A empreendedora acredita que essa alta não vai interferir na demanda dos clientes no fim do ano. A expectativa é que o faturamento do período seja dobrado em relação ao ano passado. "Estamos buscando atrair novos clientes para ampliar nossa atuação", pontua.
Já a proprietária da confeitaria Tina Gourmet, Gerliane Fernandes, 26, trabalha com cardápios natalinos há quatro anos e afirma que a preparação costuma iniciar entre setembro e outubro, com testes de produtos e definição das sobremesas.
Gerliane explica que o maior desafio é montar um cardápio não muito extenso, mas que satisfaça as necessidades e os desejos dos clientes, destacando que é importante, ainda, ter clareza na comunicação com o público na hora das vendas. "Dezembro, pelo Natal, é um mês em que os autônomos trabalham duro. É um mês que pode ajudar a equilibrar o próximo ano, pois muitas vezes janeiro é um mês fraco para todo mundo, com muitas contas e dívidas", ressalta a confeiteira.
Sobre o aumento nos preços dos produtos, Gerliane disse notar isso a cada ano, vendo como algo normal. "Todo mundo sabe que o aumento de preços acontece, mas se você mantém a qualidade do seu produto, os clientes sempre voltam", acrescenta.
A empreendedora também está otimista em relação às vendas, pois o Natal sempre se mostrou positivo até o momento. Como diferencial, ela volta-se às estratégias de produção e de divulgação dos conteúdos, porque "as pessoas comem primeiro com os olhos."
"A gente tenta sempre fazer algo diferente todos os anos. Nunca usamos a mesma logomarca para o Natal, nem a mesma embalagem. Estamos sempre nos reinventando, porque a pessoa pode comprar o mesmo produto, mas nunca o receberá na mesma embalagem", complementa.
Presentes para o Natal de 2024
Ideias para presentes de Natal:
Faça Você Mesmo
(DIY em inglês)
Cartões, doces e presentes caseiros.
Livros
Escolha uma história ou gênero que possa interessar a pessoa.
Kits de cuidados pessoais
Perfumes, produtos de beleza e bem-estar.
Experiências
Ingressos para shows, teatros ou vale-massagens.
Roupas ou acessórios
Renovar o guarda-roupa é sempre uma boa opção.
Jogos
Cartas ou tabuleiros para a diversão com familiares ou amigos.
Produtos artesanais
Presentes originais que movimentam o comércio local.
Produtos tecnológicos
Um fone de ouvido, caixa de som ou relógio.
Assinaturas de streaming
Boa opção para ver filmes, séries ou ouvir músicas.
Cestas de produtos gourmet
Itens natalinos, queijos, vinhos e chocolates.
Diários, cadernos ou canetas personalizadas
Aos amantes de itens de papelaria.
Decoração para casa
Deixe a criatividade rolar com itens divertidos ou funcionais.
Itens que mais devem sair no Natal de 2024:
Supermercados - panetones, chocotones, aves (peru, chester, etc), tender, frutas secas, bebidas, chocolates, entre outros.
Varejistas - árvores de Natal, itens de decoração para casa, papais noéis, pisca-piscas, eletrodomésticos, eletrônicos, roupas, calçados, entre outros.
Outros - cestas de produtos natalinos, sobremesas caseiras, itens feitos a mão, entre outros.
Navio
Trajeto de longo curso, que é a navegação entre países, pode durar entre 90 a 180 dias da China