Daniela ainda se encanta quando escuta a história dos pais, Raimundo e Marlene Cabral. O amor à primeira vista teve aprovação do avô, Raimundo Alves, que além de abençoar a união, deu uma dica para o casal: por que não montar uma loja de materiais de construção? Assim a dupla o fez.
O negócio, que então se chamava Araújo Cabral & Alves LTDA e ocupava um imóvel de 1,5 metro de largura e 2,5 metros de comprimento nos anos 1950, começou como uma loja de venda de tintas, se transformou no Grupo Acal e deu origem a dez lojas.
Daniela, hoje CEO, viu e participou de cada concepção e inauguração. Ainda criança, gostava de brincar como caixa e de embalar as mercadorias dos clientes, mas se identificava mesmo com a função de secretária, de ter acesso e "tomar conta" de tudo.
A brincadeira de infância foi interrompida no início da vida adulta, quando mudou-se com o marido Gilberto Costa para o Piauí. O tino empresarial a fez propor ao pai a abertura de uma Acal em Teresina. Mas foi rebatida com a ideia do casal retornar a Fortaleza e liderar os negócios ao lado do pai.
E foi assim por 15 anos. A despedida do patriarca, em 2009, não significou o fim de um legado. Pelo contrário. Hoje, o Grupo Acal segue em expansão, abrindo lojas e definindo novos sistemas para conhecer e atuar em mercados até então não explorados pelo grupo.
Na diretoria, membros da segunda e terceira gerações atuam juntos, tendo o suporte profissional de dois conselhos, o consultivo e o de sócios. Além de "participações especiais" da matriarca e fundadora, Marlene Cabral.
Em nome da família, Daniela afirma o desejo de manter a evolução do negócio ao longo de gerações e compartilha a necessidade de perpetuar a empresa a partir da definição de papéis, do respeito e preservação da essência original.
O POVO - Seus pais começaram a Acal como uma pequena venda de tintas. Como surgiu a ideia do negócio?
Daniela Cabral - Quando meu pai se casou com a minha mãe, ele tinha um sonho. Ele era representante comercial e queria empreender para ter uma condição financeira melhor. E foi meu avô (Raimundo Alves), em um diálogo com ele, quem deu essa ideia e na mesma hora ele sentiu uma simpatia pelo negócio, porque realmente sempre teve um tino muito grande para a construção civil. Então vender material fazia muito sentido para ele. Foi aí que começou o sonho de ter a sua própria empresa. Começou em uma loja pequena, vendendo apenas tinta, e o negócio foi crescendo.
Abrimos a primeira loja na Floriano Peixoto, maior, com mais opções de materiais. E, com a graça de Deus, o negócio foi expandido, pela capacidade que ele tinha sempre e com uma sabedoria muito grande de crescer à medida que ele tinha condição. Papai sempre foi muito pé no chão. E nós continuamos com a mesma conduta que ele tinha.
OP - Como foi a infância de vocês, sempre estiveram dentro da loja ou não participavam tanto?
Daniela - Tanto a minha infância, como a dos nossos filhos, e agora dos nossos netos foram e são dentro da empresa. No meu caso, todas as férias o papai me levava para trabalhar. Eu trabalhava um expediente e ainda ganhava! Ele brincava comigo, dizia que era a minha mesada. 'Você vai trabalhar um expediente, no outro você brinca.' E assim foi, eu realmente ia um expediente para empresa e lá ele sempre me dava atividades. Ia para (o setor de) cobrança fazer cobrança, eu ia para o caixa fazer venda, adorava empacotar a mercadoria do cliente, me sentia o máximo, pequenininha, com sete, oito anos de idade.