Ao longo de 2025, o custo de produtos em supermercados aumentou para as famílias de Fortaleza. Um levantamento realizado pelo Preço Comparado, iniciativa do O POVO em parceria com o Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza), revelou variações de preços na Capital.
Desde janeiro, os destaques de alta são mamão formosa 1 Kg (+41,2%), manga tommy 1 Kg (+38,7%) e batata doce -1 Kg (+37,2%). Enquanto as maiores quedas foram em cenoura 1 Kg (-42,8%), abacate 1 Kg (-42,3%) e laranja pêra 1 Kg (-41,8%).
A pesquisa de dezembro foi feita no período de 1º a 15 de novembro e, no acumulado do ano, revela um cenário de intensa volatilidade nos preços de produtos essenciais e de consumo geral.
Os fatores específicos que elevaram os preços do mamão, manga e batata-doce, em 2025, conforme o analista de mercado da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa), Odálio Girão, estão relacionados principalmente à redução na oferta e ao aumento da demanda externa.
No caso do mamão formosa, o aumento do preço, explica Odálio, foi causado principalmente por uma quebra de safra nos pomares do Ceará, especialmente nas regiões de Paraipaba, Russas e Limoeiro.
“Devido a essa quebra, a produção não chegou aos mercados do Ceará nem do Nordeste. Essa situação resultou em um período de pouca oferta do mamão Formosa no mercado, o que manteve seu preço elevado”, diz o especialista.
A manga tommy (manga de irrigação, manga vermelha) apresentou acréscimos nos seus preços durante 2025 devido a dois fatores interligados. Primeiro, porque o produto foi retido nos pomares no começo do ano.
Depois, aponta o especialista da Ceasa, no segundo semestre, o fator de retenção se expandiu para as exportações para outros mercados que o Brasil conquistou. “A boa procura externa fez com que a oferta no mercado local ficasse reduzida, o que manteve o preço da manga tommy elevado”, aponta Odálio.
Já com relação à batata-doce, o Ceará não teve um bom desempenho em 2025. As causas dessa performance e consequente aumento de preço foram a baixa produção no maciço de Baturité; a colheita bastante reduzida na região da Ibiapaba e também houve uma redução na hora de colher nas áreas litorâneas, como Cascavel, Pindoretama e Beberibe. “Essa redução na quantidade colhida fez com que o preço da batata-doce ficasse elevado”, diz.
De acordo com Odálio Girão, a redução de preço do abacate foi causada pelas boas colheitas e pela produção boa dos pomares na região da Ibiapaba. “Essa produção ofereceu uma quantidade muito boa de frutos para os mercados do Ceará, Nordeste e Brasil”, comenta.
Já a queda no preço da laranja pêra foi ocasionada por uma grande oferta no mercado. “Os pomares de Sergipe tiveram um bom desempenho no segundo semestre, especificamente nos municípios de Lagarto e Cristianópolis, além de Rio Real, na Bahia. A grande oferta deixou o preço atrativo para o consumidor”, aponta o analista.
A cenoura, a campeã de queda, também registrou uma produção excessiva em Minas Gerais, que foi colocada no mercado. “Os municípios produtores do Triângulo Mineiro, como São Gotardo e Santa Juliana, e as regiões do Sul e Centro Sul de Minas Gerais foram grandes fornecedores. Além disso, a cenoura vinda da Serra de Baturité também ajudou a contribuir para a queda do preço”, indica Odálio.
Na trajetória dos preços médios no ano, é possível identificar as tendências mais consistentes, destacando a seguir os itens que mantêm a maior sequência de meses em alta ou em queda.
Os produtos com maior sequência de altas de preço foram: Sabonete - Lux 85 g (há 10 meses), Refrigerante - Guaraná Antarctica 2 L (há 6 meses) e Fraldas descartáveis M Confort sec pants - Pampers 1 pct. c/22 unid. (há 5 meses).
Os produtos com maior sequência de quedas de preço: Arroz branco tipo 1 - Camil 1 Kg (há 7 meses), Azeite de Oliva Extra Virgem - Andorinha Tradicional 500 ml (há 4 meses) e Macarrão espaguete sêmola - Fortaleza 400 g (há 4 meses).
Se a análise for olhando apenas para a passagem de novembro para dezembro, os produtos que ficaram mais caros foram cebola pêra 1 Kg (+41,6%), maracujá 1 Kg (+26,6%) e mamão formosa 1 Kg (+7%). Os que ficaram mais baratos foram cenoura 1 Kg (-11,7%), lenços umedecidos de menor valor, com 48 unidades, (-9,9%) e laranja pêra 1 Kg (-9,3%).
Considerando os últimos 12 meses, os que mais subiram foram cebola pêra 1 Kg (54%), café em pó Santa Clara 250 g (44,8%) e pimentão verde 1 Kg (41,0%). Na contramão, os que mais caíram foram abacate 1 Kg (-59,4%), laranja pêra 1 Kg (-43,1%) e tangerina morgote 1 Kg (-30,9%).
Confira os assuntos econômicos no Ceará, no Brasil e no Mundo
Siga o canal de Economia no WhatsApp para ficar bem informado
Diferença entre mesmo produto chega a 383%
Neste mês, a escolha do supermercado pode afetar em até 383% no preço de um produto entre os supermercados observados. Em média, a diferença entre ofertas de um mesmo produto foi de 87%.
Por exemplo, o lenço umedecido de menor valor, com 48 unidades, custou em média R$ 17,81 na pesquisa realizada entre 1º e 15 de dezembro. Mas pode ser comprado por R$ 5,99 (GBarbosa, Super do Povo) ou por R$ 28,99 (Medeiros Supermercado).
Diante do cenário de volatilidade, o coordenador jurídico do Procon Fortaleza, Aílton Melo, reforça que um dos direitos basilares do Código de Defesa do Consumidor é o acesso à informação.
Neste sentido, ele frisa que o projeto Preço Comparado assume um papel importante no dia a dia deste consumidor.
“O projeto Preço Comparado subsidia o consumidor no seu orçamento doméstico. É uma ferramenta que ajuda ele a fazer a pesquisa de preços, sobretudo, na aquisição de gêneros alimentícios, que sabemos que é um segmento com reflexo bem significativo no orçamento doméstico. A partir dessas informações, ele pode, inclusive, fazer ajustes no seu planejamento para fugir daqueles produtos com flutuação de preços mais significativa, entender as altas sazonais e até mesmo trabalhar substituições de produtos”.
Outra sugestão é, na hora da compra, observar eventuais ações promocionais dos supermercados, como dia da “carne” ou do “hortifrúti”. “Esses momentos costumam trazer boas economias para o bolso”, afirmou.
Cesta básica varia 25%, segundo levantamento
Com relação à variação de preços da cesta básica entre os supermercados analisados pelo Procon Fortaleza, é possível contabilizar - considerando apenas os estabelecimentos com todos os itens da cesta disponíveis durante a pesquisa - uma diferença de cerca 25% entre a cesta completa mais barata e a mais cara apresentada na plataforma.
O supermercado mais barato foi o Santa Edwiges Supermercado, com uma cesta completa totalizando R$ 472,93. Já o supermercado mais caro foi o Supermercado Pinheiro (Maraponga), totalizando R$ 557,99 - uma diferença de cerca de R$ 85.
É importante pontuar que apenas nove supermercados possuem todos os itens da cesta disponíveis na atual pesquisa. Em 16 supermercados faltou 1 produto e em 7 supermercados faltaram 2 produtos.
Em outra base de dados, é possível observar que os produtos com maior sequência de altas de preço foram: sabonete Lux 85 g (há 10 meses), refrigerante Guaraná Antarctica 2 L (há 6 meses) efFraldas descartáveis M Confort sec pants - Pampers, com 22 unidades (há 5 meses).
Já em quedas de preço, conforme análise da Central de Dados do O POVO , a partir da pesquisa do Procon Fortaleza vêm na sequência: arroz branco tipo 1 Camil 1 Kg (há 7 meses), azeite de oliva extra virgem Andorinha Tradicional 500 ml (há 4 meses) e macarrão espaguete sêmola Fortaleza 400 g (há 4 meses).
As razões para os mocinhos do ano
Na contramão das altas, dentre os "mocinhos" do ano, a redução de preço do abacate foi causada pelas boas colheitas e pela produção boa dos pomares na região da Ibiapaba. "Essa produção ofereceu uma quantidade muito boa de frutos para os mercados do Ceará, Nordeste e Brasil", comenta Odálio Girão.
Já a queda no preço da laranja pêra foi ocasionada por uma grande oferta no mercado. "Os pomares de Sergipe tiveram um bom desempenho no segundo semestre, especificamente nos municípios de Lagarto e Cristianópolis, além de Rio Real, na Bahia. A grande oferta deixou o preço atrativo para o consumidor", aponta o analista.
A cenoura, a campeã de retração, também registrou uma produção excessiva em Minas Gerais, que foi colocada no mercado. "Além disso, a cenoura vinda da Serra de Baturité também ajudou a contribuir para a queda do preço", indica Odálio.
Se a análise for olhando apenas para a passagem de novembro para dezembro, os produtos que ficaram mais baratos foram cenoura 1 Kg (-11,7%), lenços umedecidos de menor valor, com 48 unidades (-9,9%) e laranja pêra 1 Kg (-9,3%). Em 12 meses, abacate 1 Kg (-59,4%), laranja pêra 1 Kg (-43,1%) e tangerina morgote 1 Kg (-30,9%) se destacaram.
Altas
Em 12 meses, os produtos com maiores altas foram cebola pêra (54%), café em pó Santa Clara 250 g (44,8%) e pimentão verde (41,0%)