Com as tarifas de 50% aplicadas sobre os produtos brasileiros, os preços dos alimentos em Fortaleza apresentaram comportamentos distintos, comparando o pré-sanção, em julho, o período de início, que se deu em 6 de agosto, até setembro deste ano.
Na primeira análise realizada, entre julho e setembro de 2025, os valores ligados ao mercado internacional, como derivados de trigo e café, tiveram variações discretas ou até quedas, enquanto as maiores oscilações ficaram concentradas em frutas e hortifrúti.
Os dados são apontados pelo levantamento do Departamento Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Fortaleza). Os valores foram consultados em supermercados da Capital de 1 a 15 de setembro e analisados pelo O POVO, por meio do projeto Preço Comparado.
A pesquisa do órgão verifica aproximadamente 100 produtos em 36 lojas da Cidade, mas o Preço Comparado recortou 20 itens, em 13 supermercados, para fazer a análise.
Assim, o maracujá foi o destaque entre as altas, acumulando 23,21% após o tarifaço, e passou de R$ 8,10 para R$ 9,98 o quilo. O mamão formosa (6,53%) e o abacate (4,55%) também registraram aumentos.
Já o principal item que aliviou o bolso do consumidor foi a manga tommy. O preço saiu de R$ 9,18 para R$ 6,82. Ou seja, despencou 25,71%. Em seguida, aparece o morango (-20,16%) e o alho (-14,08%).
Entre os produtos considerados sensíveis ao mercado externo, o pão francês teve uma leve queda de 0,46%, a farinha de trigo tradicional caiu 1,18% e o café em pó Santa Clara recuou 2,36%.
Na mesma linha, as carnes, que também poderiam ser pressionadas, apresentaram estabilidade ou pequenas reduções: o chã de fora (-0,61%) e o chã de dentro (-2,27%) tiveram recuos, enquanto o lombo de segunda praticamente não variou (0,72%).
Conforme o economista Alex Araujo, os dados indicam que os efeitos diretos das tarifas internacionais sobre os preços no varejo local foram limitados.
“As maiores variações de preço ocorreram em frutas e hortaliças, que são mais influenciadas por sazonalidade e dinâmica local de oferta e demanda, do que por tarifas internacionais. Talvez a exceção seja a manga, que de fato teve parte da produção que seria exportada oferecida em supermercados.”
Além disso, ele destacou que alguns setores preferiram absorver a taxação imposta pelos norte-americanos, enquanto outros precisaram diminuir sua produção.
“O café, por exemplo, usou o México como ponto de passagem, reduzindo o impacto das tarifas. Há casos no qual o próprio comprador americano absorveu parte do aumento, assegurando o fornecimento, como suco de laranja e carne bovina. Em outros, como a água de coco, houve redução da produção, com maior parcela oferecida internamente.”
Assim, pontuou que a sazonalidade é o principal fator explicativo para essas variações divergentes dentro do mesmo grupo de alimentos.
“Frutas e hortaliças são altamente sensíveis a ciclos de colheita, condições climáticas, logística de distribuição e oferta regional. Os legumes, por exemplo, são produtos de ciclo curto, mais altamente perecíveis e qualquer choque de demanda ou oferta requer algum tempo para a normalização da produção. Esse produtos são basicamente destinados ao mercado local, não tendo sido afetados pelo tarifaço.”
Já o coordenador jurídico do Procon, Airton Melo, destacou que a pesquisa serve como um instrumento para o consumidor analisar o comportamento dos preços distribuídos em Fortaleza.
“Cabe ao consumidor selecionar a sua necessidade, fazer listas específicas. Porque nós sabemos que há variações de uma semana para outra em hortifrútis, laticínios e carnes. Então, o que acontece? O consumidor, fazendo essa lista e verificando as suas necessidades, vai confrontar com os preços que estão sendo praticados a partir daquilo que foi indicado na pesquisa e selecionar os locais mais acessíveis.”
Outro ponto levantado é ficar atento a promoções de algumas redes de supermercado que fazem promoções dos produtos em dias específicos da semana.
“Então é preciso ficar atento ao comportamento desses estabelecimentos com relação aos períodos de promoções, para que ele possa fazer essas aquisições com a economia mais aceitável possível, considerando que, durante esses períodos promocionais, as diferenças de preço acabam sendo bem expressivas.”
Nesse contexto, um levantamento da Neogrid, empresa de tecnologia e inteligência que desenvolve soluções para a gestão da cadeia de consumo, apontou que os brasileiros pagaram menos em agosto por produtos listados nas tarifas de exportação dos Estados Unidos.
Alimentos como ovos assistiram a uma queda de 4% em seu preço médio, enquanto as carnes vermelhas tiveram redução de até 3,4%. Assim, a maior retração ocorreu na categoria de legumes (-6,7%).
Para Anna Carolina Fercher, líder de dados estratégicos na Neogrid, um dos fatores que mais influenciou o comportamento dos preços em agosto foi o aumento da taxação de importados.
“Como os Estados Unidos são um dos maiores compradores de carnes e derivados de soja do Brasil, o ‘tarifaço’ reduziu o volume exportado, o que elevou a oferta interna e pressionou os preços para baixo nessas categorias.”
Assim, a expectativa é de que os preços permaneçam estáveis, refletindo uma inflação mais controlada. A especialista, no entanto, alerta que o mercado segue sensível a fatores como safra, logística e câmbio.
No Nordeste, as categorias que apresentaram maior elevação de preço foram sabonetes (4,3%), sal (3%), cerveja (2,7%), margarina (2,6%) e creme dental (2,6%).
Em contrapartida, os maiores recuos foram observados em ovos (-6,7%), legumes (-5,9%), farinha de mandioca (-4,7%), carne bovina (-3,2%) e arroz (-2,8%).
Por mais que tenha apresentado uma queda de 2,36% entre julho e setembro em Fortaleza, o preço do café pode ficar entre 10% a 15% mais caro nos próximos dias, conforme o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Pavel Cardoso. Um dos motivos seria o aumento dos custos com a compra da matéria-prima.
No entanto, destacou que esse reajuste no preço do café “não deve ser superior à média do ano”. Além disso, ressaltou as incertezas a respeito das sobretaxas às exportações do grão para os Estados Unidos.
“A ordem executiva [do governo dos Estados Unidos], publicada no dia 6 de setembro, indica que os Estados Unidos concluíram e ouviram o mercado de que o café, não sendo lá produzido, não terá tarifas.”
“Essa leitura ainda não nos dá clareza se voltará a zero [de tarifa] ou se continuará com 10%. A leitura que nós fizemos é que não terá tarifas, porque os Estados Unidos não produzem café”, complementa.
Por outro lado, o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva, adiantou que esse novo preço já foi comunicado ao varejo no início deste mês.
“Mas, como o varejo só foi às compras agora, a partir do dia 15, então, a gente acredita que, a partir da próxima semana ou no início do mês, esses preços já estejam nas prateleiras, com repasse de 10% ou 15%”, previu.
Confira os assuntos econômicos no Ceará, no Brasil e no Mundo
Siga o canal de Economia no WhatsApp para ficar bem informado
Café vai ficar até 15% mais caro nos próximos dias, diz Abic
Por mais que tenha apresentado uma queda de 2,36% entre julho e setembro em Fortaleza, o preço do café pode ficar entre 10 a 15% mais caro nos próximos dias, conforme o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Pavel Cardoso. Um dos motivos seria o aumento dos custos com a compra da matéria-prima.
No entanto, destacou que esse reajuste no preço do café "não deve ser superior à média do ano". Além disso, ressaltou as incertezas a respeito das sobretaxas às exportações do grão para os Estados Unidos.
"A ordem executiva [do governo dos Estados Unidos], publicada no dia 6 de setembro, indica que os Estados Unidos concluíram e ouviram o mercado de que o café, não sendo lá produzido, não terá tarifas."
"Essa leitura ainda não nos dá clareza se voltará a zero [de tarifa] ou se continuará com 10%. A leitura que nós fizemos é que não terá tarifas, porque os Estados Unidos não produzem café", complementa.
Por outro lado, o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva, adiantou que esse novo preço já foi comunicado ao varejo no início deste mês.
"Mas, como o varejo só foi às compras agora, a partir do dia 15, então, a gente acredita que, a partir da semana que vem ou no início do mês, esses preços já estejam nas prateleiras, com repasse de 10% ou 15%", previu. (Com Agência Brasil)
Tarifaço faz preços de ovos e legumes caírem
Levantamento da Neogrid, empresa de tecnologia e inteligência que desenvolve soluções para a gestão da cadeia de consumo, apontou que os brasileiros pagaram menos em agosto por produtos listados nas tarifas de exportação dos Estados Unidos.
Alimentos como ovos assistiram a uma queda de 4% em seu preço médio, enquanto as carnes vermelhas tiveram redução de até 3,4%. Assim, a maior retração ocorreu na categoria de legumes (-6,7%).
Para Anna Carolina Fercher, líder de dados estratégicos na Neogrid, um dos fatores que mais influenciou o comportamento dos preços em agosto foi o aumento da taxação de importados.
"Como os Estados Unidos são um dos maiores compradores de carnes e derivados de soja do Brasil, o 'tarifaço' reduziu o volume exportado, o que elevou a oferta interna e pressionou os preços para baixo nessas categorias."
Assim, a expectativa é de que os preços permaneçam estáveis, refletindo uma inflação mais controlada. A especialista, no entanto, alerta que o mercado segue sensível a fatores como safra, logística e câmbio.
No Nordeste, as categorias que apresentaram maior elevação de preço foram sabonetes (4,3%), sal (3%), cerveja (2,7%), margarina (2,6%) e creme dental (2,6%).
Em contrapartida, os maiores recuos foram observados em ovos (-6,7%), legumes (-5,9%), farinha de mandioca (-4,7%), carne bovina (-3,2%) e arroz (-2,8%).
Dicas para economizar na hora das compras
O coordenador jurídico do Procon, Airton Melo, destacou que a pesquisa serve como um instrumento para o consumidor analisar o comportamento dos preços distribuídos em Fortaleza.
"Cabe ao consumidor selecionar a sua necessidade, fazer listas específicas. Porque nós sabemos que há variações de uma semana para outra em hortifrútis, laticínios e carnes. Então, o que acontece? O consumidor, fazendo essa lista e verificando as suas necessidades, vai confrontar com os preços que estão sendo praticados a partir daquilo que foi indicado na pesquisa e selecionar os locais mais acessíveis."
Outro ponto levantado é ficar atento a promoções de algumas redes de supermercado que fazem promoções dos produtos em dias específicos da semana.
"Então é preciso ficar atento ao comportamento desses estabelecimentos com relação aos períodos de promoções, para que ele possa fazer essas aquisições com a economia mais aceitável possível, considerando que, durante esses períodos promocionais, as diferenças de preço acabam sendo bem expressivas."
Método
A análise destacou o terceiro trimestre de 2025 para ver o impacto do "tarifaço"