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Twiggy: o rosto da revolução cultural da década de 1960 chega aos 70 anos
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Twiggy: o rosto da revolução cultural da década de 1960 chega aos 70 anos

| LEGADO | Nos anos 1960, em meio a mudanças de comportamento, a britânica Twiggy tornou-se símbolo da geração. A modelo segue referência até hoje, prestes a completar 70 anos
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Entre os elementos estéticos que Twiggy ajudou a popularizar estão o corte de cabelo e a maquiagem marcante nos cílios (Foto: Getty Images / divulgação)
Foto: Getty Images / divulgação Entre os elementos estéticos que Twiggy ajudou a popularizar estão o corte de cabelo e a maquiagem marcante nos cílios

A moda não apenas reflete contextos, mas os acompanha. A rigidez dos anos 1950 deu lugar, na década seguinte, a rupturas comportamentais, culturais, políticas, econômicas, de expressão. Parte relevante desse processo teve no Reino Unido o lugar de surgimento e consolidação. Em meio às várias "invasões britânicas" que aconteceram no campo artístico no período, houve Twiggy. Modelo que despontou em meados dos anos 1960, ela marcou simbólica e concretamente o período: maquiagem, cabelo, estilo, modos. A londrina, de nome de nascença Leslie Hornby, foi descoberta na adolescência e leva consigo o impacto cultural de sua figura que perdura até hoje - momento em que está prestes, inclusive, a completar 70 anos; a data é a próxima quinta, 19.

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"Na década de 1960, Londres passou a ser o centro da moda jovem e varejista, auge da geração baby boom, e também com a abertura de butiques que ainda eram exclusivas. A cidade atraiu a atenção da imprensa internacional como o epicentro de uma revolução jovem em todos os aspectos da cultura britânica, particularmente a moda e a música", contextualiza Ricardo A. S. Bessa, mestre em Moda, Cultura e Arte pelo Senac e professor de História da Indumentária e da Moda. É deste contexto que Twiggy é fruto. Como se conta na versão online da célebre publicação Encyclopædia Britannica, o despontar da jovem se deu em 1966. Pelas mãos do célebre Leonard of Mayfair, cabeleireiro britânico, ela adotou o cabelo curto que a marcou e, no registro do novo corte, posou com uma maquiagem de cílios que ressaltaram seus já naturalmente grandes olhos. Uma das fotos foi vista por uma jornalista do jornal Daily Express e, pouco tempo depois, Twiggy estampava uma edição da publicação sob a alcunha de "o rosto de 66". Daí, virou ícone da moda, sendo votada "mulher britânica" do mesmo ano e, em 1967, aparecendo na capa da Vogue americana.

"Ela foi, sem dúvida, a modelo mais fotografada da década de 1960. Muito magra e andrógina, com penteado 'de menino', dominou as revistas de moda dos anos 60. Seus grandes olhos, estilo simples e moderno influenciaram muito a moda na Grã-Bretanha e na América naquele tempo e continuam a fazê-lo. O ambíguo rosto de Twiggy foi o rosto que adornou a revolução cultural de uma época", atesta Ricardo Bessa.

Na Inglaterra dos anos 1960, Twiggy também se ligou à popularização de peças de vestuário que hoje já são naturais nos guarda-roupas, como a minissaia e os vestidos curtos. "Twiggy trabalhou com (a estilista) Mary Quant e suas colaborações de moda, vistas em vestidos com bainha acima do joelho - conhecidos como vestidos 'chelsea' - e saias que atingiam cerca de 15 a 30 cm acima dos joelhos são influência até os dias de hoje. Incomparavelmente escandalosa para a época, a mini rapidamente chegou às capas de revistas e em quase todas as campanhas publicitárias da década de 1960", contextualiza o professor. "Uma moda mais liberal, sem regras. Isso é o estilo Twiggy, que influencia a moda até os dias de hoje", resume.

Corpo

Uma questão constante quando se fala de Twiggy é a magreza da britânica. "Hoje, seu corpo magro seria considerado um modelo prejudicial para as adolescentes", aponta o professor Ricardo A. S. Bessa. Atenta aos problemas do mundo da moda, Twiggy abordou o assunto em entrevistas recentes. "Eu era magra porque era como eu nasci - era meu peso e tamanho natural", afirmou ao Daily Mail. Ao Huffington Post, lembrou que "há garotas forçadas a não comer e perder peso e isso não é bom, porque você tem tragédias com garotas ficando doentes ou até pior".

Cabelo

Foram muitas as ondas estéticas que a modelo ajudou a popularizar. Entre elas, o famoso corte de cabelo. Ele não era exatamente uma novidade - já havia sido utilizado, por exemplo, pela atriz Audrey Hepburn nos anos 1950 -, mas teve impacto em consonância com a figura da britânica. Ao longo dos anos, Twiggy ostentou outros penteados e, hoje, usa um loiro na altura dos ombros.

Maquiagem

A maquiagem dos cílios de Twiggy foi uma referência forte neste 2019. Maquiadora da série de sucesso Euphoria, da HBO, Doniella Davy afirmou no Instagram que um dos looks icônicos da obra teve como uma das referências os cílios da modelo (foto acima). Já no último dia 11, a Semana de Moda de Nova York recebeu desfile da coleção de primavera de Marc Jacobs. A beleza das modelos na passarela, que foi executada pela maquiadora Pat McGrath, também referenciou os cílios de Twiggy.

Outras atuações

Em 1971, Twiggy estreou nos cinemas em O Namoradinho, pelo qual ganhou dois Globos de Ouro. Dois anos depois, apareceu posando junto do cantor David Bowie na capa de Pin Ups, sétimo disco do artista (foto acima). Na Broadway, se destacou nos anos 1980, tendo sido indicada a um Tony pelo musical My One and Only. Na televisão, apresentou diferentes programas, com maior proeminência e destaque pela atuação como jurada no reality show America's Next Top Model, entre 2005 e 2007.

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