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Teatro Carlos Câmara de portas abertas com a "Ocupação Tradição - Do Cariri a Fortaleza"
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Teatro Carlos Câmara de portas abertas com a "Ocupação Tradição - Do Cariri a Fortaleza"

Até o mês de maio, o Teatro Carlos Câmara, no Centro, recebe a Ocupação Tradição - Do Cariri a Fortaleza
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Trabalhos de Mestre Espedito Seleiro, Di Freitas e artesãos do Centro Mestre Noza ambientam as dependências do TCC  
 (Foto: Felipe Abud/ Divulgação)
Foto: Felipe Abud/ Divulgação Trabalhos de Mestre Espedito Seleiro, Di Freitas e artesãos do Centro Mestre Noza ambientam as dependências do TCC

Situado no Centro de Fortaleza, entre o Passeio Público e a Praça da Estação, o Teatro Carlos Câmara (TCC) data do ano de 1974, quando ainda respondia pelo nome de Teatro da Emcetur (atual Centro de Turismo do Ceará). Palco para artistas e intelectuais locais e nacionais da época, o equipamento caracterizava-se como uma alternativa de entretenimento ao TJA, recebendo nomes de peso da música e outras áreas, a exemplo de Fagner, Belchior, Ednardo, entre outros. Com suas portas fechadas duas décadas após a inauguração, o ano de 2014 ficou marcado também pelo recomeço do espaço, que foi não só reformado, como ampliado para 368 lugares.

Tendo como proposta investir num viés diferenciado em sua programação, o Teatro Carlos Câmara - atualmente vinculado à Secretaria da Cultura do Estado (Secult-CE) - trabalha, desde então, com o formato de ocupação artística. "Essa é a quinta ocupação que temos no Teatro. O grupo Pavilhão da Magnólia veio abrindo esse processo, depois vieram o Teatro Novo e o Teatro Máquina. Esses três primeiros contemplados eram grupos de teatro de Fortaleza. Na quarta, mudamos o conceito do edital e foi assim que aconteceu o É o Gera, que beneficiava grupos da periferia do Pirambu, Serviluz e Dendê", explicitou Fernando Piancó, atual diretor do TCC.

Ocupação Tradição - Do Cariri a Fortaleza batiza este quinto momento do teatro, que até o mês de maio irá levar ao equipamento uma série de atividades gratuitas, tendo à frente a Associação Movimentos. "É a primeira vez que um grupo do Cariri ocupa o TCC. Já tínhamos concorrido no ano anterior e não tínhamos sido contemplados. Aí vimos o que poderíamos melhorar no projeto, estudamos com mais afinco e já concorremos sabendo que teríamos essa consciência de abraçar todo o Estado", explicou Beth Fernandes, idealizadora e coordenadora da entidade, que já existe há oito anos e atua, dentre outras linguagens, com os elementos da tradição e cultura popular.

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A partir desse norte, a atual ocupação dividiu a programação em três eixos: Cenação, Canto Popular e Tradição Integrada. "Cenação são as artes cênicas, que abraçam o teatro, a dança e o circo. A gente considera o principal programa, dado à natureza do espaço, que é um teatro", ressaltou Beth. Neste mês de fevereiro, o destaque do programa será o solo Autômato, de Orlângelo Leal (Dona Zefinha).

"A programação está muito intensa. É como se tivéssemos uma embaixada do Cariri em Fortaleza porque eles já lidam com a cultura tradicional popular, que tem esse caldeirão de grupos. Isso vai ser muito bacana porque deu um colorido muito especial ao teatro. Há toda uma ambientação com exposição de trabalhos do Mestre Espedito, Mestre Noza...", reforça Piancó. "O Cenação vai de 8 a 15 e finaliza com um Cabaré Carnavalesco. A gente tira sempre temas numa referência ao Cariri, que é quando os grupos de reisados vão brincar, tirar reisado, aproveitando que este mês é do Carnaval", complementou Beth.

Os programas Canto Popular (abraçando as linguagens da música, tradição, folguedos e literatura de cordel) e Tradição Integrada (fotografia, artes e audiovisual, em diálogo com os folguedos e rituais da Região) completam os outros eixos da Ocupação Tradição - Do Cariri a Fortaleza. "Eu, que venho acompanhando desde o início, vejo que tem sido um processo muito rico. Temos a possibilidade de ter a característica da diversidade. Pode ter um pé na cultura urbana, a sofisticação de certas montagens teatrais mas, desde 1974, o TCC tem essa característica de mostrar uma programação muito autêntica, pulsante", pontuou Piancó.

E como chamar mais público, especialmente para essa região do Centro de Fortaleza? "A gente ainda não conseguiu aquele boom. Mas quando abrimos, em novembro, tivemos metade da casa na opereta e estamos conquistando mais. Até porque se trata de um espaço que andava parado. Temos o Terreiro do Seu Carlos (área externa), onde se fez uma pintura em alusão às nossas festas populares e onde faremos o samba (dia 29) e, às quintas, tem a Tertúlia Pé de Serra, dialogando com os idosos do Oitão Preto. A população tem que entender que o teatro voltou, está de portas abertas e volta a funcionar de uma forma permanente", afirmou Beth.

O diretor do TCC reforça a fala da coordenadora da Associação Movimentos. "O teatro sofreu essa interrupção, mas aqui no Centro começa a ter um movimento de requalificação dos equipamentos. Uma coisa muito bacana é o que, por exemplo, o São Luiz vem fazendo. Com essa ocupação, o público começa a chegar aos poucos. Na praça ao lado, tem dias que colocamos umas espreguiçadeiras e colocamos filmes... Estamos trabalhando a programação como se fosse uma pedra, que você joga no lago e vai ampliando essas ondas. É uma conquista que temos que fazer, de dizer que ele pertence à comunidade fortalezense. Acho que vai pegar".

 O Vumbó Vida&Arte desta semana foi gravado no Teatro Carlos Câmara. Confira:


Teatro Carlos Câmara

Onde: rua Senador Pompeu, 454 - Centro

Quando: de terça a sábado, a partir das 18 horas

Outras info: (85) 3253 1522 / www.secult.ce.gov.br

Nas redes sociais: @teatro.tcc (FB) / @secultceara (IG)

 

MÊS DE FEVEREIRO NO TCC

1º/2

18h - Terreirada Cearense - Grupo Reisando, da Região do Cariri

5/2

18h - Coral do IFCE canta Gilberto Gil

6/2

18h - Show com Waneza Menezes e Marcelo Justa - Junta Tudo e Dá o Tom

7/2

18h - Orlângelo Leal (Dona Zefinha) apresenta o espetáculo Autômato

8/2

17h - Espetáculo Revelarte, com estudantes de música da Casa de Vovó Dedé

18h - Orlângelo Leal (Dona Zefinha) apresenta o espetáculo Autômato na Praça do Muriçoca, no Oitão Preto

13/2

18h - Festa Boomboomblack com a discotecagem de três DJs

14/2

18h - Grupo Pavilhão da Magnólia apresenta o espetáculo Maquinista

15/12

17h - Cabaré Carnavalesco - Apresentação do espetáculo decorrente do programa Cenação, que em fevereiro promove diálogo entre os grupos Dona Zefinha e Pavilhão da Magnólia

20/2

18h - Coco da Praia do Iguape, do mestre Chico Casuera

21/2

18h - Show da cantora Simone Sousa - Mar do Meu Amar

29/2

18h - Programa Samba do Trabalhador, com Quinteto (Cariri) e SambaDelas

 

Quem foi Carlos Câmara

Nascido na capital cearense, Carlos Torres Câmara (1881-1939) foi advogado, jornalista, escritor de peças teatrais, além de maçom. Nome de destaque nas artes cênicas, foi o fundador do Grêmio Familiar (1918) e, sete anos mais tarde, integrou o grupo que fundou a Associação Cearense de Imprensa. Até hoje lembrado, encenado e objeto de estudos acadêmicos, Carlos Câmara possui textos conhecidos para o teatro, como O Casamento de Peraldiana - montado, inclusive, pelo elenco da Comédia Cearense. Dentre suas marcas registradas, estão o teor de crítica acerca da sociedade da época e o uso pioneiro de merchandising e jingles nas montagens. Em função do centenário de nascimento do comediógrafo, em 1981, o Teatro da Emcetur passa a se chamar Teatro Carlos Câmara - iniciativa do ator, diretor e dramaturgo Ricardo Guilherme, "sugestão feita formalmente e logo aceita", destaca o cearense. (TM)

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