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Encerrando a primeira temporada, "Perry Mason" já tem sequência confirmada nos canais HBO e HBO Go
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Encerrando a primeira temporada, "Perry Mason" já tem sequência confirmada nos canais HBO e HBO Go

Em entrevista inédita enviada ao V&A, os atores John Lithgow e Juliet Rylance falam sobre o trabalho em "Perry Mason". Série está na reta final da primeira temporada e com a segunda fase já confirmada
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Juliet Rylance é Della Street em
Foto: Merrick Morton/HBO Juliet Rylance é Della Street em "Perry Mason". Na foto, a atriz com o protagonista Matthew Rhys

O detetive particular criado em 1933 pelo escritor Erle Stanley Gardner saltou das páginas para as telas da HBO em produção recente. "Perry Mason", com Matthew Rhys no protagonismo, aprofunda as origens do célebre personagem cuja primeira aparição na literatura veio em "O Caso das Garras de Veludo". Pouco se sabe, porém, sobre ele para além da atuação profissional sempre ligada a mistérios. É nos elementos pessoais, então, que a série se concentra. Exibida aos domingos, às 22 horas, na HBO e HBO GO, a obra apresenta o início da trajetória do personagem na Los Angeles dos anos 1930. A primeira temporada está na reta final, mas uma sequência já foi confirmada. Para marcar o momento especial de "Perry Mason", o V&A traz entrevista inédita com John Lithgow e Juliet Rylance, que interpretam respectivamente o chefe de Mason, E.B. Johnson, e a secretária Della. Confira!

- O que atraiu vocês na série "Perry Mason" e como vocês entraram para o elenco?

John Ligtow - A primeira vez que eu ouvi falar na série foi quando me ofereceram o papel. Havia muitas coisas a favor, entre elas o Tim Van Patten, um diretor com quem eu sempre quis trabalhar. A realidade mostrou que eu tinha razão: ele é uma pessoa maravilhosa e um grande diretor. A ideia de ver o Matthew Rhys interpretando o Perry Mason me fascinou. Isso automaticamente tornava o projeto muito diferente. Me disseram que seria uma recriação muito ousada, uma série completamente nova. Quando eu recebi o roteiro, naquelas páginas ficava claro que os caras (os roteiristas Ron Fitzgerald e Rolin Jones) eram criativos e originais. O fato de ser ambientada em Los Angeles na década de 1930 também me entusiasmou muito. Foi uma grande época. Los Angeles é uma cidade maravilhosamente corrupta, sempre foi. (A série) tem todos os elementos de "Chinatown", um dos meus filmes preferidos.

Juliet Rylance - Em primeiro lugar foi o roteiro, esse mundo que parecia pular para fora das páginas quando eu estava lendo. Os anos de 1930 são uma época fantástica para ambientar uma história. E os personagens eram tão atraentes quanto o mundo em que viviam. A isso você soma o Tim Van Patten e a HBO, e fica muito animador.

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- O que vocês já sabiam sobre o Perry Mason?

John - Eu nunca tinha lido os livros. Conhecia a série de TV (da década de 1960). Desde aquela época, ela é um modelo para filmar julgamentos. Era uma série engraçada, mas quando você olha para trás agora parece que é muito antiga. Não tem nada a ver com o que nós fizemos. Os roteiristas mergulharam na história de Los Angeles para encontrar personagens extraordinários e transformá-los em personagens da série.

Juliet - Eu tenho um afeto pelo "Perry Mason" original porque eu via a série com o meu pai. Acho que no Reino Unido era exibida no domingo à tarde, e eu adorava. Eu sou uma grande fã de dramas de tribunal. Esta semana mesmo eu vi (o filme de 1939) "A Mulher Faz o Homem" de novo pela centésima vez! No centro de "Perry Mason" existe uma pessoa lutando contra a corrupção, buscando a verdade. E isso permanece intacto na nossa série.

- O E.B não é um personagem da história original, mas ele é importante na série, como o mentor do Perry Mason. O que você pode nos contar sobre ele?

John - O E.B. não é jovem. As suas épocas áureas ficaram no passado, mas eu acho que mesmo naqueles tempos ele não era tão bom advogado assim! Ele está um pouco ultrapassado e relembra a época em que ele era um dos grandes advogados de Los Angeles, conhecia todo mundo, e sabia que manobras fazer. Ele era levemente corrupto e de fato fazia as coisas acontecerem para os clientes ricos, mas já se passou muito tempo. Ele precisa muito de um grande caso. Mas o caso (na série) acaba sendo muito maior do que ele pode administrar. Ele se ampara em duas pessoas: uma delas é o Perry Mason e a outra é (a assistente) Della Street.

- Você compôs o E.B. baseado em alguém em particular?

John - Eu o espelhei em mim mesmo. Ele é uma espécie de velho bobo e eu receio que a minha autoestima esteja gradualmente aludindo à velhice! Enquanto todo mundo estava pensando no quanto o Perry, o Paul Drake e a Della são diferentes dos originais, o E.B. é um personagem completamente novo, então foi maravilhoso. A gente descobre muita coisa sobre o E.B. na trajetória dele. No início ele parecia muito seguro de si, no controle da situação e poderoso, mas aos poucos ele vai se desmontando. A ideia, nesta história, é que o Perry Mason ocupa o lugar do seu mentor, o E.B., então eles tiveram que criar um personagem fascinante que acabou cedendo o lugar para o Perry.

Juliet - Outro dia eu estava conversando com o Tim Van Patten e perguntei: "Quando você leu o E.B. você viu esse personagem extraordinário ou foi a escolha do John Lithgow para interpretá-lo que tornou o personagem extraordinário?" Eu questiono muito isso: quanto do personagem depende do elenco e quanto depende do roteiro. O Tim me respondeu: "Obviamente o roteiro é excelente, mas é tudo o John!" Eu me lembro de estar lendo o roteiro e pensando: "Espero que eles escolham alguém bom, porque... quem será capaz de fazer isso?". Foi um grande aprendizado para mim ver que, tendo a base do texto, muito do personagem depende do que o ator traz para o papel.

- Juliet, como você lidou com interpretar um personagem mais conhecido?

Juliet - Foi assustador. Ainda é um pouco! Eu amo a Della Street original e sempre foi uma grande admiradora da Barbara Hale, que fazia o papel na série. O interessante sobre a Della que eu li no roteiro foi que ela era muito diferente no início da história. Ela é espirituosa e cheia de respostas, mas tem alguma coisa reservada e pouco confiável. Nos primeiros episódios ela não fala muito, só observa, e o fato de ela e o Perry não gostarem um do outro a deixa frustrada. Ela trabalha para o E.B. há muito tempo. É uma secretária de confiança que também trabalha para os associados do E.B. que saíram há muito tempo do escritório. Eu acho que, nesta história, no fundo a Della quer ser vista e aceita como a mulher inteligente e altamente capaz que é. Em todas as minhas cenas, tudo é conduzido pelos homens em volta da Della. Ela está neste mundo, na luta feminista e tentando orientar os demais em outra direção.

- Qual é a cena mais memorável para vocês?

John - Há muitas cenas conjuntas fantásticas. Os roteiristas devem adorar os filmes dos anos 30 e 40, porque estão lá partes de todos aqueles grandes personagens. É como um conjunto dos filmes do Preston Sturges. Havia algumas cenas conjuntas com muitas sutilezas e não é possível fazer essas cenas bem-feitas sem atores fantásticos, e eles tinham todos eles: Eric Lange, Stephen Root, Nate Corddry, Andrew Howard, Jefferson Mays. Há uma cena conjunta especificamente com a Juliet e o Matthew em que os diálogos vão e voltam. A energia é grande, há raiva e uma conversa com propósitos contrários. É o mais perto que o cinema pode chegar do teatro. Foram cenas maravilhosas.

Juliet - Filmamos a série em Los Angeles. Fizemos aquelas cenas enormes nos degraus da Prefeitura. Ver 600 pessoas com figurinos tão detalhados e todos os carros estacionados do lado de fora foi muito comovente, poder se sentir no lugar de alguém daquela época. Outra coisa que eu achei profundamente comovente foi filmar aquelas cenas fabulosas de tentar obter a verdade de algo, no tribunal, no palco do Paramount Studios.

- O que mais se destacou para você?

John - A produção e o figurino eram tão extraordinários que era genial entrar naquele mundo, mas também era genial entrar naquele mundo na minha cidade natal. Eu vi partes da cidade que nunca tinha visto antes. Era como um passeio histórico por Los Angeles todas as manhãs! Foi muito emocionante criar aquele mundo nos edifícios no centro da cidade, que graças a Deus não foram demolidos como muitos outros. Eu li uma crítica maravilhosa da série que diz que é a série mais bonita de todos os tempos. E eu acho que é, porque é uma coisa maravilhosa de criar se você fizer direito.

Perry Mason

Quando: exibida nos domingos, às 22 horas

Onde: HBO e HBO Go

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