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Morre o ator cearense Wellington Rodrigues
Vida & Arte

Morre o ator cearense Wellington Rodrigues

O artista morreu na noite da segunda-feira, 3, vítima do coronavírus
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Wellington Rodrigues foi fundador da Cia. Teatral Moreira Campos
 (Foto: DIVULGAÇÃO/Helton Oliveira da Silva)
Foto: DIVULGAÇÃO/Helton Oliveira da Silva Wellington Rodrigues foi fundador da Cia. Teatral Moreira Campos

Wellington Rodrigues, ator e dramaturgo cearense, morreu nesta segunda-feira, 3, aos 45 anos. Segundo amigos e familiares, ele estava em uma situação delicada após ter desenvolvido sintomas de Covid-19. O dramaturgo deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Messejana no domingo, 26 de julho, com falta de ar e cansaço. Dois dias depois, foi transferido para o Hospital Leonardo Da Vinci, com agravamento no quadro clínico.

De acordo com a irmã Verônica Rodrigues, Wellington passou a ser tratado com suspeita de infecção com o novo coronavírus. Entre as complicações, ele teve dificuldades para se alimentar, e precisou ser entubado, após o diagnóstico de uma forte pneumonia. "Quando foram tratar da pneumonia, ele teve uma parada cardíaca e, depois de oito tentativas, retornou com o coração fraco", conta a irmã. Desde que foi entubado, o quadro clínico de Wellington começou a piorar, até que, em torno das 17 horas da segunda-feira, sofreu outra parada cardíaca, e não resistiu.

Wellington Rodrigues foi o fundador da Companhia Teatral Moreira Campos, na qual ocupava o cargo de diretor e dramaturgo. Sua obra mais recente de maior impacto na sociedade cearense foi "Velha Moça". Em temporada de 2017 a 2018, a obra se tratava de monólogo com base em relatos colhidos de acompanhantes de terceira idade em Fortaleza.

"O legado (que ele deixa), para mim, é sua arte, seu teatro e sua generosidade. Porque não pensava só nele, pensava nos outros, queria somar. Ele era aquela pessoa insistente, que não se conformava", recorda Luiza Pontes, professora, atriz e membro do grupo Imagens de Teatro.

Wellington foi professor do curso de Teatro da Universidade Regional do Cariri (Urca) entre 2013 e 2015. Era professor substituto de Artes e Literatura no Instituto Federal do Ceará (IFCE). Formado em Letras, especialista em cultura clássica, era mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutorando em Literatura Dramática também pela UFC.

"Ele era uma pessoa muito querida, um amante do teatro, apaixonado por Clarice Lispector e pelo teatro infantil. Era uma grande figura, que venceu preconceitos e barreiras", lembra o humorista Luciano Lopes, criador da personagem Luana do Crato.

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Ao longo de 15 anos como ator e produtor, trabalhou em 14 espetáculos. Wellington atuou ainda como convidado de espetáculos montados pela Companhia Palmas Produções Artísticas, pelo Grupo Palcos Produções Artísticas e pelo grupo Bilu Bila de Teatro.

"A palavra que Wellington me lembra é superação. Um homem negro, humilde, passou por preconceitos e estigma, mas conseguiu superar tudo com muito esforço. Nunca vi o Wellington triste. Ele era um empreendedor, criava muito", relata Edson Candido, diretor, produtor e membro do Grupo Imagens de Teatro.

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