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Hábito da leitura perde cada vez mais adeptos no Brasil, revela pesquisa
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Hábito da leitura perde cada vez mais adeptos no Brasil, revela pesquisa

|RAIO-X| Instituto Pró-Livro, em parceria com o Itaú Cultural e o Ibope Inteligência, divulgou a quinta edição da pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", considerado o maior estudo sobre os hábitos de leitura no País
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4,6 milhões de pessoas deixaram o hábito de leitura em quatro anos. (Foto: Aurélio Alves / O Povo) (Foto: Aurelio Alves/ O POVO)
Foto: Aurelio Alves/ O POVO 4,6 milhões de pessoas deixaram o hábito de leitura em quatro anos. (Foto: Aurélio Alves / O Povo)

O Brasil que detém grandes nomes da literatura mundial é o mesmo que vive um cenário de constante diminuição na quantidade de leitores. O berço de Machado de Assis, Cecília Meireles, Jorge Amado, Clarice Lispector e Guimarães Rosa atualmente enfrenta uma baixa de 4,6 milhões de pessoas que deixaram o hábito de ler em um período de quatro anos. Essa situação é revelada pela quinta edição da pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", realizada pelo Instituto Pró-Livro, em parceria com o Itaú Cultural e o Ibope Inteligência.

O relatório, a ser apresentado nesta segunda-feira, 14, identifica que a principal justificativa é a falta de tempo. Para a coordenadora da análise, Zoara Failla, essa situação acontece porque a população está usando seus momentos de descontração nas plataformas on-line. "Uma das principais dificuldades é a divisão entre os períodos destinados para a leitura e para a Internet", explica. De fato, é possível perceber a questão em números. Dos 8.076 entrevistados de todos os estados, 66% citou que gosta de utilizar a Internet durante o tempo livre; 62% preza pelo Whatsapp; e 51% têm preferência também por assistir filmes ou vídeos em casa.

Em todas as classes sociais, o índice também baixou. O destaque é nas elites: enquanto a "A" reduziu em 9% seu índice, a "B" caiu 7%. Isso revela, portanto, que a facilidade no acesso a outras formas de entretenimento, principalmente no meio virtual, dificulta a manutenção do hábito. Atualmente, as duas classificações com maiores condições financeiras representam 17 milhões de leitores. Entre as classes C, D e E, a quantidade aumenta para 27 milhões.

Outro ponto de destaque é a análise por faixa etária. Os jovens, principalmente entre 11 e 24 anos, obtiveram a maior diminuição de leitores. A única idade a aumentar foi entre 5 e 10 anos, que passou de 67%, em 2015, para 71%, em 2019. "A gente não tem bibliotecas para o ensino fundamental e médio. Não podemos descuidar desse espaço que é a formação do futuro leitor. A gente desperta o interesse na infância, mas quem é o mediador a partir dos 11 anos? A família privilegiada não assume o papel de incentivador e não há políticas públicas suficientes para formar o professor que ensina as crianças de famílias mais vulneráveis", explica.

Diante desta situação, como disseminar a importância da literatura entre as pessoas? De acordo com a pesquisa, o principal método de obtenção do interesse por ler, com 52% das respostas, é por meio dos professores das escolas. Outros estímulos são os filmes baseados em obras escritas, com 48%, e influência de amigos, com 41%. Para Marcos Pereira, vice-presidente do Instituto Pró-Livro, a atenuação de leitores demonstra que é necessário investir em políticas públicas. "Quando analisamos os últimos 12 anos, vemos que não estamos indo para lugar nenhum. Precisamos de boas instalações nas bibliotecas, mas não estão investindo no professor, no contador de histórias, no formador", comenta.

 

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