Precisamos de música e paciência para enfrentar a pandemia e as intempéries políticas do País. Paciência é por conta de cada um, mas música haverá em abundância no In-Edit, já iniciado, em versão on-line. O Festival Internacional do Documentário Musical 2020 apresenta cardápio dos mais refinados, em especial em sua competição brasileira.
"Garoto - Vivo Sonhando", de Rafael Veríssimo, resgata a figura de Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, um dos maiores instrumentistas brasileiros de todos os tempos. Compositor de "Gente Humilde" e "Duas Contas", Garoto foi um menino prodígio, tocou vários instrumentos de corda e até inventou um - o violão tenor.
Apresentou-se com Carmen Miranda nos EUA e influenciou várias gerações de violonistas, de Baden Powell a Raphael Rabello e Yamandu Costa. País sem memória, o Brasil guarda apenas um pequeno trecho de imagens em movimento de Garoto, tocando seu violão no Bando da Lua, que acompanhava Carmen Miranda. Mesmo assim, é num filme de Hollywood. Garoto morreu cedo, aos 39 anos, mas deixou um magnífico legado, que andava um tanto esquecido. O farto material de pesquisa reunido e a sensibilidade com que é montado e mostrado ao público trazem de novo à cena esse músico genial. O desfecho estupendo, com Vinicius de Moraes contando como pôs a letra na melodia de "Gente Humilde", em parceria com Chico Buarque, é de nos levar às nuvens.
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"Dom Salvador & The Abolition" segue a carreira internacional do grande pianista brasileiro, radicado desde os anos 1970 em Nova York. Salvador toca há mais de 40 anos no mesmo clube, às margens do Rio Hudson, e já se apresentou no Carnegie Hall. Músico estupendo, é referência entre seus colegas norte-americanos, mas nos ocupamos pouco dele por aqui, o que não chega a ser uma novidade.
Da Bahia, vêm "Aleluia, o Canto Infinito do Tincoã", de Tenille Bezerra, e "Neojibá - Música que Transforma", de Sérgio Machado e George Walker Torres. O primeiro mostra a relação espiritual que Mateus Aleluia mantém com o mundo e sua arte, pondo em relevo a função ritualística da música. O segundo é a comovente história da Orquestra Juvenil da Bahia, cujos músicos atingiram grau de excelência técnica suficiente para tocar com ninguém menos que a extraordinária Martha Argerich.
Também da Bahia vem o mais original dos concorrentes, "Porfírio do Amaral: a Verdade sobre o Samba". O filme do diretor Caio Rubens parte de duas perguntas: quem foi Porfírio do Amaral e por que o mitológico produtor Fernando Faro jamais exibiu o programa "Ensaio", gravado com o artista? Brincando com os limites entre o documental e a ficção, o filme joga luz sobre o samba.
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A 12ª edição do In-Edit Brasil foi iniciada no dia 9 deste mês e segue até 20 de setembro, com programação completamente on-line por conta da pandemia do novo coronavírus. Ao todo, mais de 60 títulos serão apresentados, em seis categorias: Mostra Competitiva, Mostra Brasil, Brasil.doc, Curta um som, Mostra Portugal e Mostra Internacional. Para os filmes das mostras Competitiva, Brasil e Internacional há cobrança de R$ 3 por sessão. As outras mostras podem ser acompanhadas gratuitamente. O dinheiro arrecadado pelo festival será direcionado para profissionais da cultura atingidos por dificuldades financeiras durante a pandemia. (Com agência Estado)
in-Edit Festival Internacional do Documentário Musical 2020
Toda a programação poderá ser acessada pela plataforma do festival e também através de plataformas parceiras (Sesc Digital e Spcine Play). Os interessados também poderão comprar pacotes de acessos com desconto.
Programação completa: www.in-edit-brasil.com