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Cirque Amar volta às atividades após seis meses e contando com apoio do público
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Cirque Amar volta às atividades após seis meses e contando com apoio do público

Arte geracional, circo se fortalece com apoio do público e retoma gradualmente as atividades em Fortaleza com 23 atrações para toda a família
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FORTALEZA, CE, BRASIL, 12.09.2020: Retorno das apresentacoes de Circo. Cirque Amar, localizado na Av. Washington Soares (Foto: Thais Mesquita/O POVO) (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita FORTALEZA, CE, BRASIL, 12.09.2020: Retorno das apresentacoes de Circo. Cirque Amar, localizado na Av. Washington Soares (Foto: Thais Mesquita/O POVO)

Celso Alberto Stevanovich rebentou ao mundo em um picadeiro na cidade argentina de Córdoba, entre lonas coloridas e jogos de luzes. Aos 30 anos, partilha corpo com o Palhaço Moroco — difícil saber onde termina um e começa outro. Filho do também chamado Celso Alberto Stevanovich, conhecido como Palhaço Matraca, integra a quinta geração de uma das mais tradicionais famílias circenses: há mais de 150 anos, os fundadores dos Cirque Bouglione, Le Cirque, Cirque Amar e Circo Americano dedicam-se à itinerante arte milenar do circo. Em virtude da pandemia de Covid-19, entretanto, 105 integrantes do Cirque Amar ficaram seis meses isolados em Fortaleza. De portas fechadas, sem apoio do Estado e sobrevivendo de doações, o circo localizado ao número 1000 da av. Washington Soares reinicia agora a temporada de espetáculos e aguarda bilheteria para se manter. Respeitável público, o circo voltou!

"Foi muito difícil passar seis meses sem trabalhar. Estou acostumado a viver esse mundo do circo e foi a única vez que fiquei tanto tempo fora do picadeiro. Confesso que foi um dos momentos mais tristes da minha vida: além de não estar trabalhando e fazendo aquilo que a gente ama, não poder levar alegria foi difícil. É importante ressaltar que, sempre quando se fala em reabertura e retomada de eventos culturais, nunca colocam a palavra circo e isso nos machuca, é como se a gente não existisse", relata o Palhaço Moroco. Apesar da ausência estatal, o público fortalezense acolheu os circenses das mais diversas nacionalidades. "A população se mobilizou, participou das lives, doou alimentos. O circo é um dos poucos lugares que reúnem a família toda, ele não é só para gente adulta ou só para crianças, você pode vir com seu avô, por exemplo. O circo é um lugar para todos", celebra.

"O povo de Fortaleza acolheu o Cirque Amar e a causa de todos os circos. Nós somos nômades, mas já estamos criando raízes aqui", ri-se o Palhaço Matraca, pai de Celso. "Nós já somos parte de Fortaleza, a Cidade não vai sair do nosso coração". Entre narizes vermelhos, bambolês, brilhos e paetês, a magia do circo ressurge como fagulha de esperança. Antônia Rodrigues, aos 64 anos, é apaixonada por circos — e escolheu este passeio como um dos primeiros neste momento de retomada parcial das atividades. "Fiquei animada com a reabertura, gosto muito de circo e estou me sentindo liberta, mas seguimos o isolamento e só saímos com responsabilidade. Espero que as pessoas tenham mais consciência, que tomem todos os cuidados para que tudo retorne", aconselha.

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Produtor do Cirque Amar, Bryan Stevanovich garante que o circo adotou as medidas sanitárias necessárias ao retorno presencial: "O circo depende de bilheteria e temos orgulho das conquistas das seis gerações da família. Adotamos todos os protocolos de segurança exigidos, como totens de álcool gel, medição de temperatura do público, abertura de circulação de ar, distanciamento social por famílias e restrição a 35% da capacidade. Estamos aqui fortes e aguardando toda a população cearense".

Para o piloto do globo da morte e acrobata Bobi Zolboo, da Mongólia, o circo é uma família. "O circo é uma arte milenar, nosso objetivo é alegrar as pessoas. O primeiro passo dentro do circo já é outro mundo: entre as luzes, a magia e o mistério, as pessoas esquecem seus problemas diários. Em todos os lugares que a gente passa, as pessoas se tornam nossas amigas", assegura. Quarta geração de circenses, Bobi mora com os pais no Brasil há seis anos e seguem, de cidade em cidade, perpetuando tradições.

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Malabarista e também piloto do globo da morte, o gaúcho Mário Aires garante: "São duas horas de espetáculo onde todos os adultos voltam a ser crianças. Remodelamos os shows e nossa expectativa com a retomada está lá em cima!". Pai de Eros, Mário vislumbra no filho de 8 anos a magia do circo verdejar em esperança.

Cirque Amar

Quando: de terça à sexta-feira, 20h30min; Sábados, domingos e feriados, 16 horas, 18 horas e 20h30min
Onde: av. Washington Soares, nº 1000 - Edson Queiroz
Quanto: de R$20 (setor popular/meia) a R$100 (camarote/inteira). Bilheterias físicas abertas de terça a domingo a partir das 10 horas. Ingressos virtuais no site bilhetecerto.com.br

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