Lorena Portela nasceu no Ceará, mas escreveu seu primeiro romance diretamente de Londres. "Primeiro eu tive que morrer" conta a história de uma jovem publicitária que vai à vila de Jericoacoara para uma pausa "forçada" após trabalhar exaustivamente por anos. Por lá, se aproxima de seis mulheres, se apaixona por uma delas e enfrenta diversos desafios pelo caminho.
O livro aborda temas como assédio, relacionamentos abusivos, abandono, autocuidado e desamor. Com uma linguagem poética, o foco da narrativa são as diversas mortes que enfrentamos ao longo da vida com o intuito de renascer. Ao adentrar na leitura, somos absorvidos pelo fluxo de consciência de Lorena enquanto as palavras fluem.
Lorena conta que colocar Fortaleza e Jericoacoara como pano de fundo foram escolhas afetivas. "Eu sempre li muito e raramente lia livros que se passavam na minha cidade. Sempre eram histórias no Sudeste, ou em Nova York, Londres... e eu fiquei pensando por que não estamos lendo literatura feita na nossa Cidade?".
Sobre a inspiração para a narrativa, Lorena descarta que a obra tenha traços autobiográficos. Segundo a autora, a protagonista foi inventada e é completamente diferente dela, apesar de existirem diversos elementos da vida real que foram transcritos para literatura. "Não é uma história só minha, e sim, de muitas mulheres", contextualiza.
Leia também | Catarina Mina lança nova coleção produzida em parceria com rendeiras de Trairi
Com o isolamento social causado pela pandemia da Covid-19, Lorena se viu diante da oportunidade de pôr em prática o projeto dos seus sonhos. Mas, longe de se desmerecer, ela diz que reconhece todos os privilégios que teve para conseguir escrever uma obra literária em um momento tão conturbado. A jornalista havia acabado de se mudar para Londres quando foi decretado o lockdown. "Eu tive muitas entrevistas canceladas e sabia que não conseguiria um emprego tão cedo. Esse projeto era meu sonho desde pequena, então falei: a hora é agora" relembra.
Publicado de forma independente, a produção do livro contou apenas com mulheres. A capa é da artista visual Carolina Burgo, que pintou o projeto gráfico à mão logo após ter sua primeira filha, Olívia. "Este livro é feito por muitas mãos que não estão escondidas atrás de um logo ou de uma empresa. As mulheres que fazem isto acontecer junto comigo têm nome, rosto e encaixaram meu sonho no meio dos seus muitos afazeres", expõe Portela.
Leia também | Grupo GhettoRoots realiza campanha para custear live de lançamento do disco de estreia
Lorena explica que apesar de ser o seu nome que aparece na capa, este é um projeto de muitas pessoas e ainda conta com dez outras artistas assinando as ilustrações: Karina Buhr, Dani Acioli, Azuhli, Flávia Rodrigues, Bia Penha, Jaqueline Arashida, Monica Maria, Íldima Lima, Maria Eduarda Luz e Lis Areia, sendo quatro delas nordestinas. Ainda, a diagramação e editoração eletrônica foram feitas pela designer Camila Leite.
"Primeiro eu tive que morrer" pode ser encontrado on-line, com entrega tanto para o Brasil quanto para o exterior. Em Fortaleza, a obra está disponível em três pontos de venda: a loja Ahazando, o restaurante Chamego e Nupê Café.
"Primeiro eu tive que morrer"
De Lorena Portela
Edição Independente
140 páginas
Quanto: R$32,90
Onde comprar: Ahazando, Chamego, Nupê Café ou em contato pelo Instagram