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Kim Kardashian faz 40 anos. E o que você tem a ver com isso?
Vida & Arte

Kim Kardashian faz 40 anos. E o que você tem a ver com isso?

Estudos sobre o fenômeno por trás da celebridade apontam as razões pelas quais - o efeito - Kim, das Kardashians, tem mais a ver com a sociedade atual do que imaginamos
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Kim Kardashian para Carolina Lemke (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Kim Kardashian para Carolina Lemke

Nesta quarta, dia 21, Kim Kardashian completa 40 anos de idade. E você talvez esteja se perguntando: "o que temos a ver com isso?". Aparentemente, nada. Tudo continua igual, se quiser. Mas se quiser também, ela revela muito de nós, da forma como é copiada e observada, em toda as mídias, sem exceção. Falar de Instagram ou de Kim Kardashian, por exemplo, é muito óbvio. Não sabemos quem é o alicerce de quem. Desde que surgiu na TV ao lado da família no reality "Keeping Up with the Kardashians", lançado em 2007, e estreou, três anos depois, na plataforma, seu poder na cultura de massa é 190 milhões de vezes maior - a mesma quantidade de seguidores hoje em seu perfil, se já não for mais.

Kim, na sua figura controversa, entre muitos altos e baixos, aponta um olhar que é objeto de estudo em todo o mundo. As interseções, nesta descoberta, vão além de meramente celebridade, obedecendo também a essa instância. Considerada influencer-mor da "korporação" Kardashian-Jenner, ela e a família arrastam milhões ao exporem, em troca, um pouco de entretenimento e intimidade à solta. Quem acompanhou, ao menos uma vez, que o diga. "Voyerismo globalizado"? O termo foi publicado em um artigo, dois anos atrás, pelo jornal espanhol El País, que trazia, na mesma página on-line, pesquisas de diversas naturezas, com Kim no plano de evidência.

Puxando à atualidade, o professor Luís Mauro Samartino, da Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero (SP), ajuda-nos a entender: "Gostamos de celebridades, entre outras coisas, por duas razões: identificação e projeção. Vemos nelas um pouco daquilo que somos, mas também o que queremos ser. Nos sentimos ligados a elas porque estão, ao mesmo tempo, próximas e distantes de nós - quem diz isso é um sociólogo francês, Edgar Morin. A vida de uma celebridade é muito diferente da nossa, mas existem pontos de contato que nos aproximam. Por exemplo, a festa de Kim Kardashian provavelmente será maior do que as nossas. Ao mesmo tempo, ela está fazendo quarenta anos, mudando de década como qualquer outra pessoa", analisa Samartino.

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No Ceará, uma estudante de Design de Moda dedicou-se ao tema. Larissa Saraiva, hoje com 24 anos de idade, é a única autora de um estudo monográfico das kardashian-Jenner, disponível no repositório dado a este fim pela Universidade do Federal do Ceará (UFC). "Acompanho o grupo desde 2015, quando alguns amigos passaram a mencionar o estilo da irmã mais nova, Kylie Jenner. A partir dela, conheci as outras irmãs e me apaixonei por Kim, que conseguia transmitir muito da sua personalidade através de um estilo bem sexy, mas minimalista", diz. Assim, Larissa passou a acompanhar diariamente a vida da família, interessada em seus estilos e estratégias diversas.

"Percebendo o interesse, uma professora sugeriu que eu abordasse o tema no meu TCC, e assim o fiz. O ponto que mais me marcou foi como na família, principalmente com Kris e Kim, há um instinto empresarial tão forte, que faz com que não só elas consigam enxergar oportunidades onde muitos não veem, mas como muitas vezes elas criam essas oportunidades, mantendo, assim, a marca familiar viva", profunda-se.

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"Eu diria que Kim é a personificação da comunicação de massa. Ela é popular, apelativa, mas não a ponto de causar estranhamento, e isso cria uma bola de neve no crescimento da sua marca. Desde a monetização da sua vida pessoal à celebração da sua forma física, que era o oposto do que era celebrado em 2007, quando ela chegou aos holofotes, Kim popularizou a profissão influencer, ajudando a criar um mercado que hoje tem como principal a moeda a atenção do público. A moda foi uma das várias ferramentas para ter sempre a moeda da atenção consigo, e hoje esta mesma ferramenta é usada por mulheres que talvez em 2007 não tivessem a mesma atenção se não fosse pela 'profissão influencer' popularizada por Kim, como Cardi B e Lizzo, por exemplo", exemplifica em sua investigação.

Mesmo, por opção, não acompanhando, a empreendedora Karol Silano, 22, acredita que a Kim seja um marco, um divisor de águas, tanto no entretenimento quanto na questão do branding e na construção do nome enquanto marca. "As modificações no corpo, o consumo extremo, a ostentação... tudo isso tem um peso muito nocivo para sociedade. Principalmente para as mulheres e jovens que veem no clã Kardashian-Jenner uma inspiração", critica.

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Somado a isso, Karol também vê a questão do afastamento de certas pautas. "Por exemplo, a Kim se envolve muito na questão dos presos nos EUA. Ela até vinha estudando essa questão. Ela também fala muito da questão do povo da Armênia. Só que ela não se diz feminista. E tem vários posicionamentos racistas (de se passar por negra até apropriação cultural). Por isso ela muito difícil de ser analisada por um lado só", seguindo um ícone, como um incógnita, hoje e para as próximas gerações.

 

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