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Cearenses George e Cinthia Lins são laureados com renomado prêmio nacional de arquitetura contemporânea
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Cearenses George e Cinthia Lins são laureados com renomado prêmio nacional de arquitetura contemporânea

Academia-Escola elaborada por cearenses é condecorada com Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel
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A academia-escola da Unileão está situada na cidade de Juazeiro do Norte / Ceará, região do Cariri. Projeto de Lins Arquitetos Associados.
 (Foto: Joana França/ Divulgação)
Foto: Joana França/ Divulgação A academia-escola da Unileão está situada na cidade de Juazeiro do Norte / Ceará, região do Cariri. Projeto de Lins Arquitetos Associados.

No Juazeiro do Norte, sertão caririense, a Academia-Escola do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (Unileão) alia conforto térmico e materiais tradicionalmente cearenses em cerca de 1.000 m² construídos. Ícone elaborado pelos irmãos arquitetos e urbanistas George de Menezes Lins e Cintia Menezes Lins de Matos — do escritório Lins Arquitetos Associados — edificado em 2018, a Academia-Escola é um dos três projetos laureados na sétima edição do Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel, um dos mais renomados da cena contemporânea da arquitetura brasileira.

Composta por cinco células circulares que se conectam, a Academia-Escola é referência de arquitetura bioclimática, atenta à harmonia entre construções e meio-ambiente: nas paredes externas, os tijolos vazados permitem a circulação do vento e filtram a luz natural sem excessivo aumento de temperatura. Para possibilitar também o uso de ar-condicionado, o interior é protegido com folhas de vidro.

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O conjunto de células ocupa um raio 780 metros — são 600 metros de área útil e 180 metros de jardins. O círculo central abriga recepção e cantina, dois círculos são destinados às práticas de musculação, um recebe exercícios aeróbicos e o último contém áreas de serviço e administração. Três varandas conectam essas células e são utilizadas para treinamentos funcionais. Integrada ao Campus Lagoa Seca, a academia é destinada aos alunos e ao quadro de funcionários da instituição privada.  

"Trabalhamos numa linha de arquitetura bioclimática. Nos preocupamos, por exemplo, com conforto térmico no interior da estação — e para isso, utilizamos estratégias como o tijolo vazado, que permite que a luz entre de maneira mais tênue, mais suave, quase como uma sombra de um cajueiro", compara o arquiteto George Lins. "A segunda pele de vidro funciona como outro prédio, então trabalhamos nessa linha de reduzir a temperatura interna do edifício", complementa.

Os materiais utilizados também caracterizam o edifício e a proposta dos arquitetos: a cor natural dos tijolos de barro foi mantida, assim como o concreto é aparente nos pilares e marquises. "A questão dos materiais é quase uma diretriz do escritório. Utilizamos os materiais que temos ao nosso redor, então não é nada ultra industrializado ou mega tecnológico, já que estamos inseridos no sertão nordestino. Nos chegam materiais tradicionais, como o tijolo cerâmico que é produzido nas nossas olarias, o concreto armado que é trabalhado por qualquer pedreiro, os materiais crus e aparentes, o granito, os cobogós... Em nenhum projeto nosso utilizamos o mármore italiano que custa R$3.000,00 o metro, queremos nos valer do que temos ao nosso redor", pontua George. "A Academia-Escola tem um material que não é tão comum, mas que é perfeito para o nosso clima: a telha termoacústica, chamada de telha sanduíche. Entre a pele externa de tijolos e a pele interna de vidro, tem um jardim para criar um microclima ainda mais agradável", adiciona.

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A inovação da Academia-Escola já rendeu ao Lins Arquitetos Associados também o Prêmio IAB/SP e indicação ao Prêmio Oscar Niemeyer. A condecoração com o Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel, acredita George, consolida o Ceará na cena arquitetônica contemporânea. "É o maior prêmio que o escritório já recebeu — pela relevância dele e também pela representatividade do Nordeste no debate da arquitetura contemporânea. Outro projeto premiado foi da Sotero Arquitetos (Requalificação da Colina Sagrada do Bonfim) em Salvador, na Bahia. É importante reconhecer que podemos contribuir para esse entendimento do que que seria a arquitetura contemporânea brasileira e, no nosso caso, mais adaptada ao clima e ao local", finaliza George. 

Os três vencedores do Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel realizarão viagens ao Japão para desbravar as novidades arquitetônicas do país. Além dos três premiados, outros dez projetos selecionados integram exposição no Instituto Tomie Ohtake, em cartaz até 7 de fevereiro em São Paulo. Nesta edição, foram realizadas 246 inscrições, provenientes de 14 estados brasileiros e do Distrito Federal. Desde a sua primeira edição, em 2014, o Tomie Ohtake AkzoNobel recebeu 1.401 inscrições.

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