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Filme "Beginning" apresenta um estudo sobre a resiliência feminina
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Filme "Beginning" apresenta um estudo sobre a resiliência feminina

Sem passar por salas de exibição comerciais, o longa "Beginning" é exclusivo da plataforma Mubi
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Cena do filme 'Beginning' (Dasatskisi), que tem como foco uma comunidade de Testemunhas de Jeová
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Foto: Divulgação Cena do filme 'Beginning' (Dasatskisi), que tem como foco uma comunidade de Testemunhas de Jeová

Chancelado com o selo de Cannes e tratado como obra-prima em sua passagem pelos festivais de Toronto - onde recebeu o Prêmio da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica - e de San Sebastián - do qual saiu com a Concha de Ouro e os troféus de melhor direção e de melhor roteiro -, "Beginning" (Dasatskisi) transformou a estreante em longas-metragens Dea Kulumbegashvili, diretora georgiana de 35 anos, em uma sensação na seara autoral do cinema.

Não por acaso, a plataforma digital que mais aposta em narrativas de risco estético, a Mubi - pautada por uma curadoria coalhada de títulos experimentais, resolveu apostar na potência desse estudo sobre resiliência feminina, e lançá-lo, via web, com exclusividade. Sem passar por salas de exibição comerciais, o longa entra na grade do www.mubi.com no dia 29 de janeiro, inclusive no Brasil. A estreia na internet coincide com a campanha da Georgia - nação reconhecida no audiovisual por ter cineastas autorais como Mikhail Kalatozov, ganhador da Palma de Ouro, em 1958, por "Quando Voam as Cegonhas"; e Serguei Paradjanov, do premiado "A Lenda da Fortaleza Suram" - para emplacar Dea entre os concorrentes ao Oscar. Tendo só curtas em seu currículo como realizadora, ela recebeu o prêmio máximo de San Sebastián por seu exótico estudo da luta de uma mulher para não ser esmagada pela vaidade e pela libido dos homens.

Presidente do júri do evento espanhol, o cineasta italiano Luca Guadagnino (de "Me Chame Pelo Seu Nome") definiu o drama pilotado por ela - cujo foco é uma comunidade de Testemunhas de Jeová - como sendo "uma revelação, uma experiência cinemática das mais autênticas".

"O cinema nos possibilita uma relação quase instintiva com o que existe de misterioso na natureza humana. E este filme é uma tentativa de modelar o mistério, a partir da reflexão sobre a opressão. Tive uma colega de classe que era Testemunha de Jeová aqui e ela vivia sempre num certo ostracismo pela maneira como essa prática religiosa era encarada na Geórgia como algo novo", disse Dea ao Estadão em entrevista via Zoom, falando da opção por lançar uma experiência cinemática tão potente online, via Mubi.

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Suas vitórias internacionais com "Beginning", levaram a realizadora a integrar o júri da versão pocket de Cannes, realizada em outubro, onde só premiaram curtas. "O que me levou a fazer esse filme era falar de uma mulher que, social e dramaturgicamente, fosse encarada como uma figura secundária no arranjo das representações de um mundo onde ela foi confinada ao rótulo de 'a esposa do pastor' e nada mais", completa Dea. (Agência Estado)

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