Sy Gomes, Jonas Van, Muriel Cruz Phelipe, Má Dame, Letícia Aguiar, Isadora Ravena, Anie Barreto, Monstra, Angel History, Linga Acácio, Jupyra Carvalho, Devon Zoal e Georgia Vitrilis são alguns dos nomes de artistas trans que ocuparam as páginas e outras plataformas do Vida&Arte nos últimos meses. Por trás de cada pessoa, múltiplas ideias, obras, discursos, defesas. Para marcar de forma propositiva e positiva o Dia Nacional da Visibilidade de Transexuais e Travestis - data instaurada desde 2004 no País, ano em que um grupo de lideranças e ativistas travestis e transexuais lançou campanha em parceria inédita com o Governo Federal -, o V&A convidou três artistas do Ceará que passaram pelas plataformas do caderno ao longo do último ano para dividirem questões e demandas que vão além da visibilidade em si.
São muitas as pautas e conquistas das populações trans a serem celebradas - do reconhecimento do nome social à maior participação de candidaturas de travestis e transexuais na política partidária, por exemplo -, mas não é possível esquecer que continuam atingindo vidas trans no Brasil constantes violências concretas e simbólicas, sejam as transfobias disfarçadas de "opinião" ou "mal entendidos" ou as ações sistemáticas de esvaziamentos e apagamentos vindas de esferas do poder.
É por isso que o gesto, aqui, é de celebração, de olhar para frente. Da demanda por criar novos caminhos proposta pelo artista visual Beijamim Aragão à proclamação de existência da não-binariedade dividida pela performer Levi Banida, passando pela cobrança de políticas públicas feita pela artista multilinguagem Noá Bonoba, o movimento é por buscar futuros.
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Criar caminhos
Visibilidade é sobre ocupar espaços. Espaços esses que foram retirados de pessoas trans desde sempre. É sobre ultrapassar o mês de janeiro e atravessar o ano inteiro. É de fato viabilizar possibilidades para quem nunca teve os caminhos abertos. É importante não só permitir que pessoas trans falem e sejam visíveis durante esse mês, mas principalmente oportunizar o protagonismo de pessoas trans, permitir que, além de falarmos, possamos de fato ocupar espaços de ação, de poder. O mês da visibilidade trans precisa ser cada mês do ano, pois a estrada ainda é muito longa, e no Brasil a política pública voltada para as pessoas trans ainda é inexistente e ineficaz - por ainda estarmos lutando pela nossa existência, pela nossa vida - e o mais básico ainda tem sido nossa busca por anos. As artes visuais me proporcionaram construir uma comunicação do meu sensível com a busca da naturalização do meu cotidiano como pessoa transgênero, em acreditar no fortalecimento da afetividade e o amor para comigo e com os meus. Precisamos receber amor, precisamos de esperança; depois de tudo regredir tanto, precisamos que caminhos sejam criados para que a caminhada, que ainda é longa, continue acontecendo.
Beijamim Aragão tem 23 anos e é transmasculino, artista visual e técnico e produtor audiovisual desde 2014
Dia da Visibilidade Trans: demandas além da visibilidade