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Livro "A Mulher das Cavernas" imagina encontro entre mulheres de tempos distintos para tratar de questões contemporâneas
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Livro "A Mulher das Cavernas" imagina encontro entre mulheres de tempos distintos para tratar de questões contemporâneas

|LITERATURA | Romance "A Mulher das Cavernas", da escritora e psiquiatra Lia Sanders, imagina encontro entre uma mulher ancestral e uma contemporânea para abordar temas atuais
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O livro 'A Mulher das Cavernas' reúne diferentes frentes de atuação da escritora, artista visual e psiquiatra Lia Sanders (Foto: Lia Sanders / divulgação)
Foto: Lia Sanders / divulgação O livro 'A Mulher das Cavernas' reúne diferentes frentes de atuação da escritora, artista visual e psiquiatra Lia Sanders

"Teria a mulher das cavernas algo a me ensinar?". A questão é uma das que a narradora-personagem do romance "A Mulher das Cavernas", da escritora, psiquiatra e artista plástica Lia Sanders, faz para si durante a narrativa em um dos primeiros contatos entre as duas. Com uma escrita direta e precisa, Lia destrincha respostas possíveis à questão abordando temas como ancestralidade, papéis sociais, linguagem, sonho e loucura a partir do imaginado encontro entre uma mulher contemporânea e uma mulher das cavernas.

 
 
 
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O diálogo entre as diferentes áreas de atuação de Lia é central para o processo de criação de "A Mulher das Cavernas". "Houve um tempo em que eu via com maus olhos os meus múltiplos interesses. Achava que eles me tiravam o foco. Esse livro é muito especial pois integra todos esses universos. Nele, acolho essas influências que antes tentava isolar. Hoje vejo a junção de linguagens e áreas diferentes como muito salutar", destaca.

Psiquiatra formada pela Universidade Federal do Ceará e pesquisadora em psicofarmacologia, Lia se permitiu investir em áreas artísticas e "A Mulher das Cavernas" é seu segundo romance. Ele surgiu, inclusive, a partir de uma pintura - a que hoje é capa da obra. "Na época em que pintei a tela, três anos atrás, não imaginava que ilustraria o livro", divide.

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O quadro, por sua vez, veio inspirado pela leitura de "Sapiens - Uma Breve História da Humanidade", do filósofo e professor Yuval Harari. "A parte que mais me interessou foi justamente a da pré-história, particularmente o papel da mulher nos primórdios da humanidade, sobre o qual pouco sabemos. Desde então, minhas leituras se direcionaram para o universo feminino, para o papel da mulher na sociedade ao longo do tempo", contextualiza, dividindo ainda que ter se tornado mãe contribuiu para o interesse de pensar o assunto.

O livro, então, começou a ser escrito no início de 2019, mas "ganhou corpo" apenas na pandemia. O texto baseia-se no fluxo de consciência de uma mulher contemporânea que passa de repente a travar repetidos encontros com uma mulher das cavernas. "Acredito que esse encontro fale mais sobre as relações sociais de hoje do que sobre qualquer outra coisa", aponta a autora. "Tudo o que a mulher contemporânea espera encontrar na mulher das cavernas é reflexo da sua estrutura de pensamento, que é condicionada pelas relações atuais. É fascinante como a mulher das cavernas desconstrói muitas das expectativas da contemporânea, como a de que o homem sempre teve protagonismo social, por exemplo", ilustra.

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O desenvolvimento dos encontros entre as duas desafia as fronteiras do real, podendo ser ora vistos como sonhos, ora como fruto de questões mentais - e, ainda, apenas uma abordagem de fantasia da autora. "O livro reúne muitos dos assuntos que interessam a mim, enquanto psiquiatra e artista plástica, como a loucura na sociedade contemporânea e o papel da mulher na sociedade", elenca.

Elementos na narrativa sugerem aproximação entre a narradora e a autora: ambas são psiquiatras e pintoras, por exemplo. "Foi uma opção um tanto arriscada a de me colocar como personagem dentro de uma ficção. Aliás, não foi bem uma opção, já que a história me surgiu assim", afirma. "Há sempre a discussão sobre o quanto de autobiografia está presente na literatura. Acredito que o autor se coloque em todas as personagens de uma ficção", elabora.

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Um aspecto importante nesse sentido está na presença da pandemia de Covid-19 como elemento concreto e simbólico. "O tempo em que uma obra é elaborada interfere de forma decisiva em sua execução. No livro, a mulher contemporânea se refugia da pandemia na caverna. Há um paralelo entre o movimento e o processo de introspecção a que todos fomos submetidos. O simbolismo é a grande força da arte", ressalta Lia, que completa: "A arte nos ajuda a assimilar processos que não abarcamos racionalmente. É uma forma de elaboração muito poderosa que nos ajuda a atravessar tempos complexos como este".

A Mulher das Cavernas, de Lia Sanders

Disponível online na Amazon, Um Livro, Americanas.com, Submarino e Shoptime e, fisicamente, no Sindicato dos Médicos, Livraria Lamarca, GGGalery e Leitura Rio Mar

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