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Com espetáculos em realidade virtual, Bienal De Par Em Par acontece de 5 a 14 de março
Vida & Arte

Com espetáculos em realidade virtual, Bienal De Par Em Par acontece de 5 a 14 de março

São 54 horas de programação, mais de 1.200 participantes de 28 países e cerca de 20 espetáculos transmitidos ao vivo pelo Youtube
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Corpos em Perspectiva: Mostra do CCORJ
 (Foto: Julia Gil/Divulgação)
Foto: Julia Gil/Divulgação Corpos em Perspectiva: Mostra do CCORJ

Como manter a dança próxima ao público sem a possibilidade de presença na plateia? "Há de se encontrar uma linguagem com palavras, com imagens, movimentos, estados de ânimo que faça pressentir algo que está sempre presente. Esse é um saber bem preciso. Trata-se da vida e, portanto, de encontrar uma linguagem para a vida", arriscou-se a coreógrafa e dançarina alemã Pina Bausch (1940-2009) na ocasião do recebimento do título de doutora "honoris causa" da Universidade de Bolonha, Itália, em 1999. Com espetáculos filmados em realidade virtual, a sétima edição da Bienal Internacional de Dança do Ceará/ De Par Em Par acontece de 5 a 14 de março de 2021 e conta com 54 horas de programação, mais de 1.200 participantes de 28 países e cerca de 20 espetáculos transmitidos ao vivo. As apresentações e atividades formativas serão exibidas gratuitamente no YouTube.

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Considerada um dos eventos de dança mais importantes da América do Sul, a Bienal Internacional de Dança do Ceará realiza a Bienal De Par Em Par desde 2008, um desdobramento da consolidada edição dos anos ímpares. A pandemia de Covid-19 impôs mudanças e, nessa edição, a Bienal De Par Em Par investiu em tecnologia na estrutura de filmagem dos espetáculos: seguindo os protocolos de biossegurança recomendados pelas autoridades sanitárias, os trabalhos serão apresentados no Theatro José de Alencar, no Porto Dragão e no Cena 15 e transmitidos ao vivo no YouTube. Será utilizada a câmera VR, um conjunto de lentes alinhadas que filmam o espaço em 360 graus — o que permite ao espectador navegar pela tela e escolher o ponto de vista. O cineasta cearense Alexandre Veras dirige a transmissão em tempo real.

Diretor da Bienal de Dança, o curador da Bienal De Par Em Par — ao lado da bailarina e gestora cultural Cláudia Pires — David Linhares explica que a videodança integra o evento desde sua concepção. "Quando o Alexandre Veras, a Andréa Bardawil e eu criamos a Bienal De Par Em Par há 10 anos, nós já pensamos nesse formato. Videodança não é um vídeo de dança: nós não estamos transmitindo o espetáculo de dança, é um novo trabalho, é uma criação. Videodança é uma arte, são duas linguagens que se juntaram", detalha. "Desde a sua criação, a Bienal de Par em Par trabalha mais na formação e na transversalidade entre as linguagens que a dança traz muito forte".

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Na programação da Bienal De Par Em Par, companhias e artistas conceituados se apresentam: Paracuru Cia de Dança, Companhia da Arte Andanças, Cia Vatá - Companhia de Brincantes Valéria Pinheiro, Alysson Amancio Cia de Dança, Rosa Primo, Zé Viana Júnior, Clarice Lima, Cia Balé Baião, Cie. R.A.M.a (França), Cia Dita, Jorge Garcia Companhia de Dança, Teatro Máquina, Andreia Pires, Edmar Cândido, Wellington Gadelha, Silvia Moura e Ricardo Guilherme. Além de espetáculos ao vivo no YouTube, a mostra contempla também o Seminário TEPe e uma série de eventos integrados, que juntos formam uma parte da programação chamada de "Redes Confluentes". A Bienal ofertou ainda um atelier de formação acerca da teleperformance e live streaming conduzido pelo pesquisador e artista italiano Armando Menicacci.

"Nesta edição, a Bienal presta homenagem a Lourdes Macena, que fundou o Grupo Miraira há 39 anos. Eu queria deixar registrada a tentativa da Bienal de dar uma indicação de otimismo. Os artistas precisam dançar, precisam receber, precisam tocar, precisam do corpo — lembrando que todos os profissionais envolvidos serão testados pela Fiocruz. A Silvia Moura completou 45 anos de dança, o Ricardo Guilherme completou 50 anos de palco… Nós precisamos desses registros, dessas memórias", defende David.

Bailarina, coreógrafa e performer, Silvia Moura apresenta a obra "Se ela dança eu canto" ao lado do ator, dramaturgo e diretor teatral Ricardo Guilherme. "Nós começamos a montar o trabalho em 2016, na época do impeachment (de Dilma Rousseff), e rumou para um outro lugar — chamamos de 'Proibido dançar'. Depois, retomamos a montagem e o 'Se ela dança eu canto' estreou em fevereiro de 2020. Este trabalho tem muita troca, são 50 anos do Ricardo no teatro e 45 meus na dança… A gente contribui nas trocas das trajetórias um do outro", pontua.

"Se ela dança eu canto" é um espetáculo em devir: os performers entram em cena sem roteiros e recebem do público os elementos que integram a obra. "Às vezes são recortes de jornais, às vezes são objetos, às vezes são músicas… Na Bienal, vamos pedir ao público para enviar material para a produção e só vamos saber o que é na hora. Vai ser muito diferente, mas estrear novamente o espetáculo é um sopro de vida", finaliza Silvia Moura.

VII Bienal Internacional de Dança do Ceará / De Par Em Par

Quando: de amanhã, 5, a domingo, 14
Onde: canal da Bienal de Dança no YouTube
Programação completa: www.bienaldedanca.com
Gratuito

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