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Álbum "Fortaleza Ilustrada" mistura letras e ilustrações para celebrar a Capital
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Álbum "Fortaleza Ilustrada" mistura letras e ilustrações para celebrar a Capital

Homenageando aniversário de 295 da Cidade, Fundação Demócrito Rocha lança álbum "Fortaleza Ilustrada", que reúne visões em texto e ilustração de mais de 40 bens da Capital
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Iniciativa da Fundação Demócrito Rocha em parceria com a Secretaria Municipal da Cultura, 'Álbum Fortaleza Ilustrada' destaca bens tombados ou registrados da Cidade a partir do olhar de escritores e ilustradores (Foto: Carlus Campos)
Foto: Carlus Campos Iniciativa da Fundação Demócrito Rocha em parceria com a Secretaria Municipal da Cultura, 'Álbum Fortaleza Ilustrada' destaca bens tombados ou registrados da Cidade a partir do olhar de escritores e ilustradores

"Embriagada de cidade". É assim que Rachel de Queiroz descreve o sentimento que ocupa a jovem Maria Augusta, protagonista do romance "As Três Marias", depois de conseguir, da torre da capela do colégio, enxergar Fortaleza de cima. A ideia proposta pela autora desvela o encantamento e a confusão causadas pela Capital cearense, que chega no próximo dia 13 aos 295 anos. Para celebrar a data, a Fundação Demócrito Rocha lança na segunda, 12, o álbum "Fortaleza Ilustrada", no qual mais de 86 artistas homenageiam a Cidade a partir de representações em texto e ilustração de 43 bens dos patrimônios material e imaterial da Capital. A iniciativa é uma parceria da FDR com a Secretaria da Cultura de Fortaleza.

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A publicação de 120 páginas integra o projeto Formação de Mediadores de Educação Patrimonial, promovido no escopo da Fundação, e tem como inspiração o livro "Rosário Ilustrada", guia de 2004 sobre a cidade argentina. "A gente imaginou que podia fazer a mesma coisa tomando como norte os bens tombados provisória ou definitivamente e os registrados pela Secultfor", explica Raymundo Netto, organizador de "Fortaleza Ilustrada".

A partir de uma listagem de 43 dos bens da Capital - que vai dos festejos de São Pedro dos Pescadores ao Cineteatro São Luiz, passando pelo Bar Avião e a Farmácia Oswaldo Cruz -, 86 artistas radicados em Fortaleza foram convidados a escolher aqueles sobre os quais gostariam de produzir olhares de memória, especulação, afeto e imaginação.

Cada bem tem uma versão em desenho e outra em texto, escolhidas por critérios pessoais de cada artista. "São pessoas que foram desafiadas a fazer esse trabalho durante a pandemia, então são mais de 80 corações pulsando dentro do álbum", considera o editor.

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Um aspecto do mosaico que é "Fortaleza Ilustrada" é a pluralidade de formas e abordagens, já que conta com diferentes estéticas nas ilustrações e gêneros nos textos, de contos a poesias. "A literatura é uma forma de expressão fantástica e a liberdade de não fechar em um gênero é para que a produção fosse mais verdadeira, de afeto, sentimento, já que as pessoas usaram sua melhor expressão", divide Raymundo.

Não foi a distância da Cidade imposta pela pandemia que motivou o projeto, mas a produção dos textos e ilustrações do álbum acabou por ocorrer durante o período do primeiro lockdown vivido na Cidade, há um ano - o que, decerto, impactou de forma direta nas colaborações das convidadas. É como divide a artista visual, psiquiatra e escritora Lia Sanders, que fez uma ilustração sobre a Capela Santa Terezinha. "Pensei em visitá-la para fazer a ilustração, mas já estávamos vivendo a pandemia. Assim, o desenho segue mais a minha memória que qualquer outra coisa", aponta.

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"Por muitos anos, ela esteve em meu trajeto diário para o colégio em que estudava", explica a relação. Foram essas memórias, então, que acessou para propor uma representação afetiva do bem. "O resgate artístico, afetivo, de nossas edificações é fundamental para que tenhamos mais apreço por Fortaleza, uma cidade que infelizmente ainda não se enxerga", atesta.

Memórias também foram fio condutor do texto da escritora e cronista do V&A Tércia Montenegro, que escreveu sobre a Casa de Rachel de Queiroz propondo uma especulação imaginativa. "Fazer o texto foi bem emocionante neste momento, sobretudo porque me dei conta de que a imaginação teria de se costurar à memória de um modo obrigatório, já que a pandemia nos interdita os espaços. Então, o poder da ficção ficou ainda mais claro para mim. A ficção ajuda a substituir, cria simulacros quando a realidade se tornou impossível", considera.

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O sentimento ecoa na produção da escritora Zélia Sales sobre a Feira de Artesanato da Beira-Mar. Para celebrar o local, ela, natural de Itapajé, recuperou o período em que se mudou para Fortaleza, nos anos 1980, e as situações vividas no calçadão. "É um recorte da minha memória, da feliz acolhida que tive em Fortaleza. Desde então, esse espaço faz/fazia parte do meu lazer, do meu prazer de bater pernas, de vivenciar o livre espírito da Feira", lista. "Então veio a pandemia e, que paradoxo, mesmo o que é contemporâneo me vem agora como uma memória antiga", encara.

O exercício proposto na publicação mira, também, o porvir, como imagina Zélia: "Prefiro pensar que esse pesadelo vai acabar, então me vem uma memória de futuro - é possível isso? - e antevejo as luzes, o colorido das bancas, as pessoas festejando a vida em meio ao burburinho alegre da Feira".

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"Fortaleza Ilustrada" é, em suma, essa aliança das lembranças da Cidade com a saudade de vivê-la novamente e a importância de preservar a ela e à vida para que o reencontro seja possível. "O livro é uma grande iniciativa para despertar o respeito por nossa memória", resume Lia. "A ideia é que o álbum provoque as pessoas a quererem conhecer os bens. Não temos o hábito de preservar, é nossa tradição não ter tradição, então as pessoas tem que lembrar", elabora Raymundo.

Fortaleza Ilustrada

Quando: live de lançamento na segunda, 12, às 17h30min, com Raymundo Netto, Daniel Brandão, Manu Fernandes, Vanessa Passos e Marília Lovatel; mediação de Lílian Martins
Onde: bit.ly/YouTubeCanalFDR
Para comprar: livrariadummar.com.br
Quanto: preço especial em abril de R$ 30
Mais infos: @fundacaodemocritorocha

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