Logo O POVO+
Batekoo: plataforma exalta a juventude urbana, negra e LGBTQIA+
Vida & Arte

Batekoo: plataforma exalta a juventude urbana, negra e LGBTQIA+

A plataforma Batekoo une entretenimento, cultura e informação. Coletivo baiano foi escolhido por Beyoncé para estrelar campanha entre sua marca de roupas, Ivy Park, e Adidas Brasil
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Festa Batekoo em período pré-pandemia (Foto: Divulgação/Batekoo)
Foto: Divulgação/Batekoo Festa Batekoo em período pré-pandemia

A Batekoo nasceu em Salvador, Capital do Estado da Bahia, como uma festa — mas logo se tornou uma ampla rede que conecta a juventude urbana, negra e LGBTQIA brasileira. A plataforma de entretenimento, cultura e informação exalta a pluralidade de corpos e identidades no mundo, por meio de dança, empreendedorismo, música e moda.

Leia também | Gênio do humor brasileiro, Chico Anysio completaria 90 anos hoje

Em fevereiro deste ano, o coletivo foi escolhido pela equipe da cantora Beyoncé para estrelar a campanha de inverno "Icy Park", parceria entre a marca da artista, Ivy Park, e a Adidas Brasil. Em meio à pandemia, esse movimento sociocultural segue criando espaços de acolhimento, respeito e libertação, mas agora com uma proposta cada vez mais voltada para o digital.

Por meio das mídias sociais, a Batekoo compartilha conteúdos que ampliem a visão sobre o que é ser negro, periférico e LGBTQIA no Brasil. Em 2014, a ideia era ser uma festa pensada "por e para pessoas negras" — diz o fundador, Maurício Sacramento. À época, o idealizador refletiu que, mesmo ancorado na cidade mais negra fora do continente africano, a cultura do povo preto era muitas vezes esquecida.

"Trabalhávamos muito com audiovisual, como vídeos e editoriais fotográficos, sempre com a estética negra. Isso viralizou na internet. Eu fui percebendo que pessoas de outros estados também se interessaram pela proposta", conta Maurício. Com os eventos, a Batekoo se expandiu para São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Recife. Em edições esporádicas, passou por Fortaleza e Goiânia.

Clique na imagem para abrir a galeria

A partir da festa, uma plataforma de aquilombamento foi criada. Agentes culturais e sujeitos diversos foram conectados pelos cantos do País. "A gente entendeu que poderia entregar muito mais para nossa comunidade", lembra Maurício. Para além das festividades, a Batekoo conta com selo musical. O Batekoo Records visa difundir a música independente negra e periférica do Brasil e do mundo. Há, também, a Escola B, que capacita jovens negros e LGBTQIA ao mercado de trabalho, por meio de oficinas e cursos. Com a equipe de criação do coletivo, são desenvolvidos projetos com marcas, como campanhas, vídeos e editoriais. Existem ainda as frentes artísticas e de dança.

Segundo Maurício, a Batekoo precisou mudar os rumos diante da pandemia da Covid-19 chegou ao País em março de 2020, já que o maior trabalho continua sendo a produção de eventos. Contudo, o movimento já estava passando por uma transformação digital — sobre se entender enquanto plataforma. Daí impulsionaram mais conteúdos nas mídias sociais, realizaram eventos virtuais e transmissões online.

Leia também | Vila das Artes oferta curso virtual sobre o ensino da dança na atualidade

"A Batekoo é um projeto de jovens negros criativos. A gente só precisava fazer o que a gente faz de melhor, que é criar. Quem é preto, pobre e vem da periferia sempre precisou usar muita criatividade para fugir do sistema, do racismo e do que nos limita", destaca o fundador. Uma das maiores plataformas do Brasil nasceu justamente de uma festa que foi realizada a partir de um montante de R$ 20.

A festa, a beleza e a cultura negra, periférica e LGBTQIA são diversas vezes tidas como perturbação, algo indisciplinado ou subversivo. A Batekoo tenciona justamente esse rótulos. "Quando a gente tem a nossa cultura aplicada em outros espaços, a gente vê o incômodo. Nosso movimento é uma resposta… Se vocês estão se incomodando com a nossa presença, vocês não gostam da nossa cultura, então a gente vai criar um espaço só nosso", exclama Maurício.

Leia também | Livro de crônicas sobre Fortaleza será lançado por jornalista nesta terça-feira, 13

O coletivo criou sua própria estrutura e forma de trabalhar. Maurício acrescenta: "A gente precisou criar uma nova festa, algo novo para poder fugir da branquitude e conseguir exercer o que entendemos enquanto nós mesmos. A Batekoo é sobre isso, sobre exercer quem somos. Quando a gente percebeu que não ia conseguir fazer isso dentro de outros espaços, foi preciso criar algo nosso. Por isso, eu incentivo empreendedores pretos e frentes artísticas a cada vez mais não insistirem para serem incluídos em estruturas brancas. A gente precisa criar nossa própria estrutura, com as nossas regras e a nossa visão".

Coletivo Batekoo é o rosto da campanha de inverno
Coletivo Batekoo é o rosto da campanha de inverno "Icy Park" da marca Ivy Park, de Beyoncé, com a Adidas Brasil

BATEKOO, BEYONCÉ e ADIDAS BRASIL

A parceria de mais de um ano entre a Batekoo e a Adidas Brasil foi renovada com a campanha de inverno "Icy Park" da linha de roupas de Beyoncé. A Ivy Park desenvolve peças pensando na multiplicidade de corpos, com roupas agênero e vasto catálogo de tamanhos. Para o movimento sociocultural Batekoo, a união com a marca de uma das mais relevantes artistas negras da atualidade carrega importante simbologia.

Clique na imagem para abrir a galeria

PLANOS

Para 2021, a Batekoo quer se estabelecer enquanto plataforma de conteúdo e encontrar novos meios para conexão com o público além do digital. Sempre pensando em impactar mais pessoas pela liberdade de ser quem se é.

Acompanhe a Batekoo

Instagram: @batekoo
Mais info: batekoo.com

Podcast Vida&Arte
O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker.

O que você achou desse conteúdo?