Caracterizada como uma experiência de educação aberta e de democratização do saber, a Universidade Aberta do Nordeste (Uane) completa neste sábado, 8, 38 anos de atuação. Com trajetória de 85 cursos livres e de extensão já disponibilizados, 30 turmas de cursos técnicos e mais de 1,2 milhão de cursistas em todo o Brasil, a instituição segue com seu objetivo de possibilitar acesso ao conhecimento para além de limites físicos.

Foi nesta data, em 1983, que a então Universidade Aberta publicou, juntamente com a revista de cultura "Domingo do POVO", a primeira aula do curso inaugural e gratuito de extensão "O Que É Política?", com coordenação do professor Francisco Auto Filho. O conteúdo foi distribuído em formato tabloide e ao longo de oito módulos semanais.

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Esse foi o ponto inicial da trajetória da instituição, que foi originada no Ceará a partir da parceria da Universidade de Brasília (UnB) com o jornal O POVO e a Superintendência de Recursos Humanos do Governo do Estado. A UnB, na época, passou a disseminar a experiência de educação a distância baseada no modelo da Open University de Londres.

A instituição buscava promover aprendizagem de graduação a pessoas que não pudessem frequentar campi universitários por falta de tempo disponível ou por se localizarem distantes dos centros. Assim, se constituía como um projeto de ampliação do acesso ao ensino superior de forma autônoma e com a possibilidade de se graduar com flexibilidade.

Inicialmente, os conteúdos de cursos eram enviados pela UnB para o O POVO, que editava e organizava o material para publicação em fascículos encartados no jornal. Foi a partir do seu terceiro curso que a Universidade Aberta passou a criar, em parceria com universidades locais, seus próprios cursos, começando com "O Que É Filosofia?", trabalho em conjunto com a Universidade Estadual do Ceará (Uece).

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Em 1985, foi criada a Fundação Demócrito Rocha (FDR), que institucionalizou a Universidade Aberta e passou a assinar os seus cursos. A Universidade Aberta do Nordeste passaria, então, a se tornar um evento estável. Uma das ações realizadas naquele ano foi o Colégio Universitário O POVO, um curso à distância preparatório para o vestibular e que pretendia oportunizar condições iguais de livre acesso às universidades.

Em 1988, a Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (SESU), em 1988 reconheceu a Uane como uma experiência pioneira e recomendou ao poder público e à iniciativa privada o apoio aos seus programas educacionais. Até 1989, a FDR era a única instituição privada não universitária nacional convidada a integrar a Rede Brasileira de Educação Superior Aberta e a Distância (Read).

Ao realizar seu trabalho de EaD atualmente, a Uane se atenta às possibilidades de acesso e busca respeitar o ritmo do aluno, além de permitir que ele seja protagonista de seu aprendizado. Entre os mecanismos utilizados, estão fascículos impressos e digitais, radioaulas/podcasts, videoaulas, webconferências, biblioteca virtual, exercícios de fixação de conteúdo, Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e avaliação on-line. A Uane também atua na produção de documentários, revistas, cadernos especiais e outros serviços ligados à educação.

A utilização do ensino à distância se intensificou durante a pandemia, algo que, para o gerente editorial e de projetos da FDR, Raymundo Netto, serviu para mostrar a relevância desse mecanismo: "Acho que é importante em todo o tempo. O que havia era desconfiança da educação à distância, mas acredito que a educação é uma coisa só. Muitas vezes você pode ter um melhor rendimento na educação à distância que na educação presencial, porque vai depender da relação do aluno com o curso, com os professores e com os recursos".

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Na visão de Raymundo Netto, entre os cursos que mais se destacam na Uane estão o "Formação de Mediadores de Leitura", "Curso Básico de Histórias em Quadrinhos", que levou o troféu HQMix, "Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes", que recebeu o troféu Neide Castanha, e "Literatura Cearense". Atualmente, são ofertados cursos livres com cobrança apenas de taxa de manutenção. A ideia é disponibilizar mensalmente um curso.

Para ele, um destaque de reconhecimento sobre a importância do trabalho da instituição veio a partir da obra "EaD no Estado do Ceará: história, memória e experiências formativas I e II". A publicação é dividida em duas partes e Raymundo Netto resgata na primeira o histórico da Uane, apresentando sua importância e seus principais movimentos e parcerias.

O livro é organizado pelos professores Hermínio Borges Neto, Antônia Lis Martins Torres, Ana Cláudia Araújo e Marília Maia. No primeiro volume, são apresentados artigos de gestores e profissionais de EaD de 14 instituições de ensino, trazendo a história de organizações federais e estaduais públicas e iniciativas privadas. No segundo tomo, são reunidas experiências atuais e depoimentos de experiências formativas cearenses na área.

Com esse trabalho, os autores desejavam as percepções e experiências de profissionais que lidam com a educação a distância no Ceará. Dessa forma, buscavam entender os processos de institucionalização da EaD nas organizações, suas pesquisas acadêmicas, quais projetos foram postos em prática e quais públicos gostariam de atingir.

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"Precisávamos, de certo modo, garantir a disseminação da história da EaD no Ceará contada por representantes das esferas estaduais, federais e de iniciativas privadas. Não se tratava de relatório técnicos, mas de se construir narrativas que pudessem nos trazer suas vivências, os fazeres, seus dizeres com a educação à distância do Ceará. Era preciso garantir essa "voz" que ecoasse em todo Estado", relembram.

Viviane Pereira, gerente pedagógica da Uane/FDR, também participou do trabalho produzido sobre EaD no Ceará, mas no segundo tomo. Na publicação, a gerente traz sua experiência à frente de cursos de extensão da Universidade e destaca o alcance que a instituição tem em todo o Brasil.

"Nós pensamos em como fazer para levar um conteúdo de qualidade e levar essa informação, que com certeza é transformada em conhecimento, para aquelas pessoas que têm menos condições de acesso. Então, a educação a distância vem com esse conceito e a FDR, junto com a Uane, consegue alcançar isso. Consegue chegar em uma pessoa que mora em uma cidade mais afastada e levar um conteúdo de qualidade", comenta Viviane.

EaD no Estado do Ceará I

De Hermínio Borges, Antonia Lis, Ana Cláudia Uchôa e Marília Maia
Editora CRV
282 páginas
Quanto: R$ 52,90 (impresso); R$ 42,63 (digital)
Onde: editoracrv.com.br

EaD no Estado do Ceará II

De Hermínio Borges, Antonia Lis, Ana Cláudia Uchôa e Marília Maia
Editora CRV
210 páginas
Quanto: R$ 46 (impresso); R$ 37,73 (digital)
Onde: editoracrv.com.br

Conheça a Uane

Site: fdr.org.br/uane

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