Quem ouvir "Pelespírito", novo álbum de Zélia Duncan que acaba de chegar às plataformas digitais pela Universal Music, seguindo a ordem de músicas proposta pela autora - algo mais raro de acontecer atualmente, já que o ouvinte agora percorre caminhos sinuosos e não em linha reta -, vai perceber que há nele um roteiro idealizado pela cantora e compositora fluminense
Esse itinerário, pensado e escrito em parceria com o poeta e músico pernambucano Juliano Holanda, tem a ver com o que Zélia queria expressar, mesmo que de maneira natural - ela se diz avessa à ideia de uma mensagem preestabelecida -, em um disco totalmente de músicas inéditas feito durante um dos períodos mais sombrios para a humanidade, e em especial para o Brasil.
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Como a faixa que abre o álbum e que o batiza indica, há uma preocupação em entender o que se sente, porém sem esquecer daquilo que o outro possa estar vivendo. É se curar para poder ajudar o próximo. Por fim, buscar uma saída como mostra a faixa Vai Melhorar, que não por acaso encerra o disco e suaviza certo ar de tristeza - e não apenas isso - que o álbum traz.
Ouvi-lo, então, na ordem, revela as fases comuns a todos nesta quarentena que parece não ter fim: o se sentir estranho (Pelespírito), mirar os olhos para o belo quando se precisa ver o mudo da janela (Eu Moro Lá), encarar "300 asnos" (Nas Horas Cruas), amar simplesmente (Nossas Coisinhas), encontrar a alegria dentro da tristeza (Raio de Neon) e buscar saídas (Onde É Que Isso Vai Dar?).
"Pelespírito" chega no momento em que Zélia crava 40 anos de carreira - considerando-se apenas a fonográfica, são três décadas desde o lançamento de Outra Luz, quando ela assinava com o nome de Zélia Cristina.
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"Tenho muito orgulho de comemorar com um álbum de músicas inéditas. Isso não é fácil. Em um mundo no qual todos querem tudo mastigado, é importante manter esse frescor", diz Zélia, que já soma 15 álbuns lançados. Outra data importante são os 20 anos do álbum Sortimento, o que tem Alma, um de seus grandes sucessos. O lançamento atual e o que faz aniversário estão previstos para sair em vinil, em breve.
"O disco é total folk - e eu sou muito folk na minha essência. Quando eu apareci (para o grande público), no disco que tinha "Catedral", sempre me perguntavam qual era o meu estilo. Eu inventei que era pop-folk-brasileiro. Nisso, tem o violão de aço, que é uma afinidade que tenho com o meu primeiro parceiro, o Christiaan (Oyens) e também agora com o Juliano. A espinha do disco sou eu e meu violão. Foi muito natural que os arranjos ficassem com essa levada que muito me caracteriza", reflete a artista. (Danilo Casaletti/Agência Estado)
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