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Mauc: Profissionais refletem sobre os caminhos percorridos e o futuro
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Mauc: Profissionais refletem sobre os caminhos percorridos e o futuro

Entre fortalecimentos institucionais e o contexto da pandemia, novas conquistas e novos desafios surgem no caminho do Museu de Arte da UFC
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A museóloga Graciele Siqueira atua como diretora do Museu de Arte da UFC desde 2018. A gestora está vinculada à instituição desde 2008 (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE A museóloga Graciele Siqueira atua como diretora do Museu de Arte da UFC desde 2018. A gestora está vinculada à instituição desde 2008

"Recebi do professor Antônio Martins Filho, num certo momento, a seguinte sentença: 'Cuide dos meus Bandeiras'. Na verdade, a sentença ia mais longe. Tratava-se de cuidar de um acervo ímpar, carregado de valores artísticos e históricos, reveladores do talento artístico dos momentos em que o universal e o regional se entrelaçaram", relembra ao O POVO o professor e ex-diretor do Museu de Arte da UFC Pedro Eymar. A "sentença", de forma simbólica, mantém-se norteadora para as novas gerações que constroem o Mauc.

Desde 2018, com a aposentadoria de Pedro Eymar, a museóloga Graciele Siqueira - que integra a equipe do Mauc desde 2008 - ocupa o cargo de direção da instituição. Hoje, o museu tem uma equipe acrescida de presenças importantes, fato que vem na esteira da oficialização dos Núcleos Educativo e de Comunicação, cujos projetos foram elaborados e instaurados entre 2018 e 2019.

"O Mauc vem agora a partir de outro momento histórico. A gestão que se desenvolve faz parte do momento pós-fortalecimento de políticas das Universidades", ressalta a historiadora da arte Carolina Ruoso, citando ações dos governos Lula (presidente entre 2003 e 2010) e Dilma (presidente entre 2011 e 2016) neste sentido.

De 2017 para 2019, segundo dados da UFC, o número de visitantes do museu triplicou. Para Graciele, movimentos como a criação dos novos núcleos, a reorganização do corpo técnico, novas parcerias internas e externas e a reorganização do calendário expositivo construíram a conquista.

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Em texto que marcou os 50 anos do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará, em 2011, o professor Gilmar de Carvalho defendeu que a instituição deveria ser vista "como uma ideia em movimento, como um processo". A precisa reflexão aponta para a necessidade de pensar os caminhos possíveis pelos quais o Mauc pode seguir a partir dos legados acumulados.

"A ação do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará no presente se conecta com uma longa trajetória de significativas contribuições à sociedade cearense. Em sintonia com esse legado, atuamos para uma permanente e necessária atualização de nossas perspectivas, enfrentando os desafios contemporâneos e mirando o futuro", antevê Graciele.

"Desenvolver um pensamento museológico, um pensamento sobre a história da arte a partir do Ceará, é o papel da Universidade", sublinha Carolina Ruoso. "Podemos citar diferentes artistas que têm o Mauc como lugar de aprendizado. Enquanto instituição universitária, ele foi - claro que com idas e vindas, momentos mais e menos intensos, porque não é uma linha contínua e harmônica - um museu que cumpriu seu papel", segue.

O convite feito pela pesquisadora é, então, pela aproximação. "É um convite para as pessoas se aproximarem. Digo como uma pessoa que foi estudante e viveu essa experiência. É um museu que tem movimento, então convido todos a continuarem esses movimentos colaborativos", sugere. A ideia entra em consonância com a da artista Mariana Smith, que retoma a experiência em 2009 da Especialização em Audiovisual e Meios Eletrônicos na UFC.

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A formação pontual, que posteriormente deu vazão ao curso de Cinema e Audiovisual da instituição, acontecia dentro do próprio museu. "Ela trouxe o gosto do Mauc como lugar de formação, de uma pós-graduação. Hoje sou professora do curso de Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri e vejo como ele é uma formação essencial", divide Mariana. "Aqui em Fortaleza não temos um curso dessa área na Universidade e isso é uma falta enorme. O Mauc cumpre o espaço das artes visuais na UFC e chama atenção para essa necessidade. O museu podia abrigar essa formação", estimula.

Os movimentos possíveis são muitos, mas algumas certezas se impõem, como atesta Pedro Eymar. "Como dimensionar hoje para o Mauc um lugar no futuro? Primeiro, é necessário que o ensino, a pesquisa e a extensão continuem a pulsar no coração das universidades. Que a humanidade, saindo das dores e das perdas dos corpos, respirando com o pulmão sadio, a pleno ar, os olhos purificados pela privação do ver e do conviver, possa novamente circular e se encantar mergulhando nos templos de arte, nas salas dos eternos tesouros", estimula. "Que venham mais e muito mais sessenta anos e que 'cuidar dos nossos Bandeiras' permaneça como sentença para todos nós", convida.

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Comemorações e pandemia

Todo o ímpeto acumulado nos últimos três anos pelo Mauc se deparou com o imprevisível contexto da Covid-19 a partir de março de 2020. "Graças ao posicionamento profissional dos servidores e bolsistas do Mauc e ao planejamento estratégico, elaborado anualmente de forma colaborativa e participativa pela equipe do museu, foi menos difícil lidar com esta 'mudança temporária' do que imaginávamos", narra Graciele Siqueira, diretora do Mauc.

De partida, para evitar descontinuidades mais agudas, as ações se ajustaram ao ambiente virtual. Além disso, conforme a diretora, vistorias diárias ao museu, "com atenção ao monitoramento e conservação do acervo, nas áreas de exposição, reserva técnica, arquivo e biblioteca", foram realizadas pela equipe.

A pandemia fez, ainda, com que a programação alusiva às comemorações dos 60 anos do museu fosse repensada. "Definimos até a data de 24 de junho de 2022 como o período celebrativo dos 60 anos do museu, tendo em vista o contexto pandêmico e a impossibilidade de realização de eventos com público presencial", explica.

Edição especial e virtual do projeto Férias no Mauc no início do ano, a realização do I Seminário de Museus e Coleções da UFC - reflexões contemporâneas e da I Calourada no Mauc foram algumas das já realizadas. "Uma exposição comemorativa e presencial com o acervo do Mauc ficará para o encerramento do ano", adianta. A diretora antecipa, ainda, a retomada dos chamados Salões Infantojuvenis, voltado à produção artística de crianças e adolescentes.

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