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Espaços alternativos criam estratégias para retomar atividades
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Espaços alternativos criam estratégias para retomar atividades

Casa Absurda apresenta temporadas de espetáculos cênicos
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Cia. Prisma de Teatro estava em temporada na Casa Absurda quando a pandemia começou e os cancelamentos de apresentações iniciaram Na foto, espetáculo
Foto: Tim Oliveira / divulgação Cia. Prisma de Teatro estava em temporada na Casa Absurda quando a pandemia começou e os cancelamentos de apresentações iniciaram Na foto, espetáculo "A criança mais velha do mundo"

Ao número 108 da Rua Isac Meyer, na Aldeota, a Casa Absurda recebe obras de teatro, dança, circo e música desde 2018, quando foi criada como sede dos grupos Pavilhão da Magnólia e a Cia. Prisma de Artes. No contexto de reabertura gradual dos equipamentos culturais, o espaço segue na contramão do poder público ao oferecer programações constantes e temporadas planejadas.

"Das que ousaram desobedecer", com direção de Herê Aquino, apresentou histórias de mulheres cearenses que resistiram à ditadura militar brasileira entre os anos de 1960 e 1970 durante temporada na Casa Absurda no mês de outubro. "Eu não sei nem como explicar essa sensação que estamos vivendo com a volta do teatro para os palcos, de estar novamente fazendo teatro com o público pertinho da gente, o olho no olho, a troca de energia, tudo isso que faz com que o artista se arrepie no palco. Para a gente, está sendo emocionante cada dia dessa apresentação e dessa temporada que nós fizemos. Pra mim, é aqui que o teatro se estabelece por inteiro, que ganha sentido, nessa troca maravilhosa com o público, nesse abraço da arte e dessa vida que pulsa. Muita coisa foi produzida para o virtual durante a pandemia por causa da Lei Aldir Blanc, que permitiu que muitos artistas se firmassem com seus trabalhos no panorama cultural — pessoas, inclusive, que nós nunca tivemos oportunidade de conhecer o trabalho anteriormente", partilha a diretora.

Para Jota Júnior, integrante do Pavilhão da Magnólia, a intensa procura do público na Casa Absurda é emblemático: "É um desejo de volta. A gente precisa trabalhar, a casa precisa se manter, são nossos espetáculos que garantem recursos. A gente precisa estar em cena e abrir a Casa é muita vontade. Às vezes, parece que é uma acomodação mesmo do poder público com os equipamentos culturais, porque essa programação online está acontecendo, os teatros estão sendo usados para gravações, mas e a volta? E o encontro com o público? As pessoas também estão com o desejo de sair".

"Depois desse tempo todo fechado, os espaços públicos que retomam ainda não disseram ao que vieram. Cadê esse planejamento, cadê essas estratégias? A gente precisa trabalhar, nem todos os grupos têm uma sede para fazer o que a gente está fazendo. Além disso, a gente volta muitas casas de contato com o público, a gente parece estar sempre recomeçando aquela formação de plateia — parece que a gente nunca vai formar esse público que se sente chamado para ver os trabalhos, que paga, que criticamente participa da cena local, que coloca na agenda assistir um espetáculo. A sensação é que não se avança. Como a pandemia teve um impacto muito forte sobre o setor, a gente ficou com essa sensação que precisava fazer alguma coisa — e fez. A princípio, a gente estreou o nosso trabalho; depois teve essa temporada da Companhia Bravia e, neste mês de novembro, tem outro espetáculo já programado", adianta.

"Tempo Temporão - O Terreiro da Catirina", com direção de Pedro Domingues e texto de Ricardo Guilherme, estará em cartaz nos dias 6, 7, 13, 14, 20 e 21 de novembro na Casa Absurda. Os ingressos custam R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia).

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