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Assalto ao Banco Central: projeto de série da Netflix nasceu no O POVO
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Assalto ao Banco Central: projeto de série da Netflix nasceu no O POVO

"3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central", série da Netflix sobre Assalto ao Banco Central do Brasil em Fortaleza, nasceu na redação do O POVO. Saiba mais sobre o assunto
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Banco Central do Brasil (Foto: Divulgação/Netflix)
Foto: Divulgação/Netflix Banco Central do Brasil

A série documental brasileira “3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central” chega ao serviço de streaming Netflix nesta quarta-feira, 16. Em três episódios, a obra aborda o roubo de mais de R$ 160 milhões ao caixa-forte da instituição financeira, os desdobramentos da investigação da Polícia Federal e as consequências do crime. O projeto da produção nasceu na redação do O POVO. A cobertura jornalística do O POVO sobre o Assalto ao Banco Central do Brasil ganhou o Prêmio Esso, uma das principais honrarias do jornalismo brasileiro. A série de reportagens investigativas contou com diversas informações inéditas sobre o crime. Até então, em 2005, aquele episódio se tratava do maior furto a um banco brasileiro e o segundo maior assalto a um banco em todo o planeta.

Os jornalistas do O POVO acompanharam a descoberta do caso, os desdobramentos e os anos seguintes da extensa investigação policial. Uma das informações exclusivas, apurada pelos profissionais da notícia e desconhecida pela Polícia Federal, foi a de que os ladrões “encheram” carros com o dinheiro roubado numa casa no bairro Luciano Cavalcante.

A cobertura tem rendido cada vez mais produções jornalísticas, como séries, documentários e reportagens especiais, disponíveis no O POVO Mais — a plataforma multistreaming de jornalismo, cultura e educação do O POVO. A partir da publicação do jornal impresso, tem-se um registro histórico. As edições sobre o crime se tornaram fontes, sendo rememoradas ano após ano.

De acordo com Marcos Tardin, jornalista do O POVO e produtor associado da série “3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central”, a ideia de realizar um documentário sobre o caso surgiu na própria redação. O crime ia completar 15 anos quando Ana Naddaf, atual diretora-executiva de Jornalismo do Grupo de Comunicação O POVO, sugeriu a criação de um projeto ligado à cobertura premiada do jornal. À época, Tardin estava bastante envolvido com a concepção de projetos inovadores em audiovisual.

“Foi uma ideia que partiu da redação. Eu gostei da ideia e, depois, refletindo, fiz um convite ao Maurício Hirata, que é consultor do Canal FDR (emissora de televisão brasileira pertencente à Fundação Demócrito Rocha, mantida pelo Grupo de Comunicação O POVO). O convidei para a gente desenvolver junto um projeto em torno dessa cobertura. Ele conversou com o Demitri Túlio e com o Cláudio Ribeiro, os principais repórteres da cobertura. O Maurício gostou muito do que pesquisou e desenvolveu o argumento da série em cima do material”, conta Tardin.

A partir da estrutura do argumento (um dos princípios técnicos da criação de um projeto audiovisual), Tardin e Hirata pensaram na parceria de uma produtora independente. O objetivo era levar o projeto para as rodadas de negócios do mercado de cinema. É nesse momento que entra a produtora cearense e independente Gavulino Filmes.

“Formou-se uma aliança O POVO, Hirata e Gavulino. O Hirata seguiu para os pitchings (discursos de vendas comuns nesses encontros da indústria). O projeto despertou interesse de algumas plataformas e uma delas foi a Netflix”. Segundo Tardin, tanto a Netflix Brasil quanto a Netflix Internacional aprovaram a produção. Daí, a produtora Mixer, de São Paulo, chega ao documentário.

“O projeto começou no O POVO, em cima do trabalho da redação do O POVO e a sugestão inicial veio do O POVO, um jornal com 94 anos de história. Tem dezenas de coberturas histórias, memórias, como essa do Assalto ao Banco Central, com imenso potencial para serem recontadas. O material de pesquisa pode render desdobramentos em audiovisual, podcast e livros, por exemplo. Esse trabalho é até difícil de ser precificado. Tem um imenso valor para a sociedade. Acho que a série da Netflix é uma demonstração do quanto o nosso banco de dados é um baú precioso”, ressalta Tardin.

Sobre o convite para transformar a cobertura premiada do O POVO em um projeto audiovisual, Maurício Hirata destaca: “Fui lendo as matérias, conversei com jornalistas e percebi que tinha um potencial ali para algo muito mais ousado. Para a minha surpresa, o material nunca tinha sido apresentado de uma outra forma em sua completude, em sua profundidade, para as pessoas. Achei que tinha chance de conseguir parceiros que financiassem a série… E o projeto foi desenhado”

Já naquele momento, Hirata passou a entender que o assalto tinha “três grandes histórias empenhadas”: o assalto, a investigação e as consequências. Muitos, inclusive, desconhecem o terceiro ponto. “Ao longo de anos, a força tarefa da polícia federal conseguiu localizar os bandidos e investigaram que o crime conectou isso com uma rede de criminalidade, com especialistas em invasão de caixa-forte, conexão com PCC (organização criminosa de São Paulo) e com a fuga no Complexo Penitenciário do Carandiru, extorsões e torturas”, destaca o produtor-executivo de “3 Tonelada$”. Com essa percepção, o projeto foi estruturado em três eixos. As rodadas de negócios foram realizadas em 2020, por videoconferências, durante o isolamento social rígido da pandemia da Covid-19.

Leia também | Confira matérias e críticas sobre audiovisual na coluna Cinema&Séries, com João Gabriel Tréz

Para Hirata, “o mundo nunca foi tão audiovisual”. “Se a gente não contar nossas histórias, enquanto brasileiros, ninguém vai contar. É fundamental que a gente tenha o nosso ponto de vista contato, expresso audiovisualmente e registrado para a posteridade. Independente que outras pessoas também façam outras histórias de vida interessantes, a gente deve garantir que o nosso esteja lá. É uma questão fundamental, garantir que brasileiros, cariocas, cearenses, tenham a possibilidade de conseguir colocar os seus pontos de vista e contá-los nesses projetos”, afirma.

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Manchete do O POVO sobre o Assalto ao Banco Central do Brasil em Fortaleza em 9 de agosto de 2005. A pesquisa é de Miguel Pontes, do DataDoc
Manchete do O POVO sobre o Assalto ao Banco Central do Brasil em Fortaleza em 9 de agosto de 2005. A pesquisa é de Miguel Pontes, do DataDoc

A manchete

Um dia após o Assalto ao Banco Central, em 9 de agosto de 2005, a edição impressa do O POVO repercutia a cobertura do crime em sete páginas. Na manchete, a exclamação: "Inacreditável!". Quase 17 anos depois, o episódio ainda parece surpreendente. Este seria apenas o primeiro noticiário sobre a ação, que viria a se estender numa cobertura intensa ao longo de anos de investigação. Entre os jornalistas da cobertura, estão nomes como Luiz Henrique Campos, Dilson Alexandre, Flávio Pinto, Demitri Túlio e Claudio Ribeiro.

Pesquisa: Miguel Pontes, da Central de
Jornalismo de Dados do O POVO - DATADOC

O assalto

- 34 criminosos envolvidos diretamente no assalto

- 75 metros de túnel

- Cerca de 11 horas de assalto

- R$ 164,5 milhões roubados

- 3,5 toneladas de cédulas de 50 reais não rastreáveis

- Mais de 160 pessoas envolvidas em lavagem de dinheiro nos anos após ao furto

- 5 anos de investigação

- Mais de 200 policiais federais de diversos estados na operação

- Ao todo, 129 pessoas indiciadas por envolvimento direto no furto ou por lavagem de dinheiro

- Cerca de 500 testemunhas foram ouvidas

- 99% dos ladrões foram presos e 20% do dinheiro recuperado

- Nas condenações em 1ª instância, as penas somadas chegaram a 2.452 anos de prisão

Documentário

- 4 meses de pesquisa, 6 meses de produção e 4 meses de pós-produção

- Mais de 30 pessoas entrevistadas

- 95 horas de material captado

- 75 horas na parte documental e 20 horas de reencenações

- 106 figurantes usados nas reencenações

- Depoimento inédito de líder do crime relata situações que nem a polícia sabia

- Depoimentos inéditos de policiais infiltrados

- A direção de arte reconstituiu o túnel num galpão em Embu das Artes (SP)

- Notas de R$50 em seu modelo antigo também foram reproduzidas

- Policiais federais, jornalistas, pesquisadores, procuradores e juízes foram ouvidos

- Locações em São Paulo (SP), Brasília, Fortaleza (CE), Boa Viagem (CE) e Porto Alegre (RS)

Conteúdo especial

O Assalto ao Banco Central do Brasil também rendeu o documentário "Banco Central: 15 anos depois", na seção "Séries e Docs" do OP . Há, ainda, a série documental exclusiva "Banco Central: o furto que não acabou", que revela vídeo feito na caixa-forte violada pelos ladrões, inédito até 2020, e os caminhos da investigação. Confira a série clicando aqui

3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central

Quando: a partir de quarta-feira, 16
Onde: Netflix
Mais info: netflix.com

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