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"Pantanal" revisita cenários e personagens em nova versão
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"Pantanal" revisita cenários e personagens em nova versão

|ESTREIA|Equipe fala ao V&A sobre a nova versão de "Pantanal", desde o que ela traz de novo até o que foi preservado da obra original de Benedito Ruy Barbosa
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Allanis Guillen é Juma em
Foto: Divulgação/Globo/João Miguel Jr Allanis Guillen é Juma em "Pantanal"

No centro do País, um bioma se transforma em palco para dramas familiares, conflitos internos e romances. "Pantanal" ganha uma nova versão 32 anos depois de seu lançamento na Rede Manchete. Escrita por Benedito Ruy Barbosa, a produção chegou a bater a audiência da TV Globo na década de 1990 e foi eleita a quarta melhor novela do Brasil pela Veja. Com um passado marcado pelo sucesso, a nova versão estreia nesta segunda, 28 de março, no horário das nove da TV Globo, repleta de expectativas sobre emplacar como mais uma grande produção na televisão brasileira.

Neto de Benedito, Bruno Luperi é responsável por escrever a nova versão, que tem direção artística de Rogério Gomes e direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A primeira fase da novela se inicia com Joventino (Irandhir Santos) e seu filho, José Leôncio (Renato Góes). Peões de comitiva, pai e filho são separados quando Joventino desaparece na imensidão do Pantanal, marcando Zé profundamente.

Cinco anos depois, ele vai ao Rio de Janeiro, onde se apaixona e casa com Madeleine (Bruna Linzmeyer). O casal se muda para o Pantanal e lá nasce o filho, batizado de Jove. A mulher, que cresceu no centro urbano com as mordomias da mansão de seus pais, não consegue se adaptar à vida de esposa de peão.

Renato Góes é José Leôncio na primeira fase da novela "Pantanal"(Foto: Divulgação/Globo/João Miguel Jr)
Foto: Divulgação/Globo/João Miguel Jr Renato Góes é José Leôncio na primeira fase da novela "Pantanal"

Com isso, ela foge para o Rio de Janeiro, levando o filho ainda bebê. José Leôncio decide não ir atrás, acreditando que essa é a melhor escolha para Madeleine, mas não deixa de cumprir com suas obrigações legais, enviando uma pensão mensal. No entanto, mesmo sobrando dinheiro, falta afeto. Jove cresce sentindo a ausência do pai e por conta de uma mentira contada pela mãe acredita que ele morreu.

Duas décadas depois, Jove (Jesuíta Barbosa) descobre que seu pai está vivo e vai até o Pantanal para conhecê-lo. Apesar do desejo de viver a relação de pai e filho, Zé (Marcos Palmeira) e Jove descobrem um abismo de diferenças entre eles. Além disso, há um conflito com Tadeu (José Loreto), filho de Filó (Dira Paes), que é funcionária da casa de José Leôncio. O peão considerava Tadeu seu afilhado até que anos depois da partida de Madeleine (Karine Teles), Filó revela que Tadeu na verdade era filho de Zé. Apesar da alegria dos três, eles optam por manter a informação em segredo, mas a chegada de Jove instiga ciúmes em Tadeu por não se sentir reconhecido como filho.

Bebendo da fonte do bioma do centro-oeste, a novela mostrará ao público o Pantanal dos dias de hoje, de acordo com a equipe de produção. O cenógrafo Alexandre Gomes de Souza conta que a paisagem natural da região foi aproveitada para as gravações e apenas os cenários fixos foram construídos nos Estúdios Globo no Rio de Janeiro. Ele acredita que as imagens capturadas irão surpreender o público. "Não é difícil escolher um lugar bonito no Pantanal, é o que mais tem. Todo o entardecer ali é uma loucura, é lindíssimo", afirmou em coletiva de imprensa.

Jesuita Barbosa é Jove em "Pantanal"(Foto: Divulgação/Globo/João Miguel Jr)
Foto: Divulgação/Globo/João Miguel Jr Jesuita Barbosa é Jove em "Pantanal"

Seja qual for o cenário em questão, há uma semelhança entre todos os conflitos vividos pelos personagens: aceitar a natureza como ela é. O ensinamento é passado pelo Velho do Rio (Osmar Prado), uma entidade sobrenatural que na maior parte do tempo assume a forma de uma sucuri, mas também se mostra na forma humana. Ele é responsável por cuidar das terras, animais e relações interpessoais que ali se desenvolvem.

"O Pantanal resgata heróis. É uma característica muito forte da obra do meu avô, que tem um caráter épico e fala sobre valores com esses personagens fortes e inspiradores. O Zé Leôncio é um personagem que te inspira, que te faz acreditar que o mundo pode ser melhor, que existem pessoas que são corretas, dignas. Ainda assim, ele comete seus erros. A novela também tem esse caráter humano, que é o que mais me move, porque gera empatia. Ninguém é perfeito. A possibilidade de se apaixonar e odiar o protagonista e o antagonista é real", afirma Bruno Luperi.

Quem também está no elenco é o ator cearense Silvero Pereira que dá vida a Zaqueu, um personagem gay que chega na fazenda de José Leôncio como mordomo, mas logo se torna um peão. De acordo com Silvero, o público verá um Zaqueu diferente da versão original, pois para ele um personagem gay já não pode mais ser alívio cômico, como acontecia antigamente.

Silvero Pereira é Zaqueu em "Pantanal"(Foto: Divulgação/Globo/João Miguel Jr)
Foto: Divulgação/Globo/João Miguel Jr Silvero Pereira é Zaqueu em "Pantanal"

"O meu maior desafio hoje é embora seja a mesma dramaturgia, é que tipo de tom diferente essa pessoa traz agora, esse personagem traz numa fala que se mantém igual a versão original, mas na forma de falar, na forma de sentir, é que as pessoas vão ver um diferença grande na maneira em que o Zaqueu do Silvero pro Zaqueu da primeira versão tem de interpretação dessa história", explica. "Acho que o mais mágico para mim enquanto artista é quando a gente consegue fazer a televisão chegar no lugar do entretenimento, do marketing, do comercial, mas ao mesmo tempo ter o didático, ter a informação, ter a educação ali junto. Para mim isso é um prêmio", ressalta.

Na versão original, Zaqueu tem um amor não correspondido por Alcides, personagem que será interpretado por Juliano Cazarré na nova adaptação. Silvero conta que ainda não chegou a gravar as cenas em que Zaqueu começa a desenvolver sentimentos por Alcides, mas fala sobre suas expectativas para esse envolvimento. "Era chacota naquela época, era motivo de graça, de alívio cômico para aquele personagem. Acho que o importante é não tratar dessa forma", pontua. "É importante entender que não dá pra tratar como comicidade, não dá pra tratar como alívio cômico. Isso seria um desserviço para a sociedade em que a gente vive hoje", afirma.

Com a captação de paisagens marcantes do centro-oeste e elenco com alguns dos maiores artistas da televisão brasileira, "Pantanal" tem um público ansioso para ver o que uma nova versão poderá acrescentar àqueles que já são apaixonados pela novela de 1990. A produção aposta em repetir a fórmula que já fez sucesso, mas usa a tecnologia a seu favor para tirar o fôlego do público a partir das gravações, além de trazer no roteiro as inovações necessárias para os dias atuais.

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