Na música “Vital e Sua Moto”, d’Os Paralamas do Sucesso, há um verso em que o vocalista Herbert Vianna canta “Os Paralamas do Sucesso vão tocar na capital”. Quando realiza shows em terras cearenses, o músico adapta o coro e, em vez da capital, vem o trecho “no Ceará”. Neste fim de semana, o grupo voltará a se apresentar no Estado, desta vez no festival I’Music, e assim poderá repetir a tal identificação.
Vale lembrar, porém, que eles não estarão só: subirão aos palcos instalados no estacionamento do Shopping Iguatemi Bosque nomes como Frejat, Biquini Cavadão, Alexandre Pires e Seu Jorge e Jorge Ben Jor. O evento volta a acontecer depois de dois anos da última edição e será realizado em meio aos 40 anos do shopping. A expectativa é que 40 mil pessoas compareçam aos três dias do festival para curtir as atrações.
Para abrir o I’Music, se apresentarão nesta sexta-feira, 1º, Caetano Veloso e Roberta Sá. No sábado, 2, Os Paralamas do Sucesso, Frejat, Biquini Cavadão e Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos agitam o público. No domingo, 3, será a vez de Vanessa da Mata, Jorge Ben Jor e Alexandre Pires e Seu Jorge com a turnê inédita “Irmãos”. Os portões serão abertos às 16 horas e os ingressos estão à venda por R$ 90 para cada dia, sendo possível comprá-los na loja do I’Music no Iguatemi e no site Bilheteria Virtual.
Uma das atrações do sábado, curiosamente Os Paralamas do Sucesso estiveram na última edição do I’Music realizada antes da pandemia - e, agora, fazem parte, assim como Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, do evento de retorno. Para João Barone, baterista do grupo, existe um “entusiasmo geral” para esses reencontros.
“Estamos sentindo que, durante esse período das restrições, a expectativa do público quanto ao retorno aos eventos presenciais aumentou muito - no nosso caso, os shows. O I’Music vai representar bastante isso, porque reunirá grandes bandas e nomes do rock brasileiro na nossa noite. À medida que estamos retomando nossas atividades estamos percebendo esse entusiasmo geral”, avalia.
O show também acontece em meio à celebração de quase 40 anos de carreira da banda. Atualmente, Os Paralamas estão na estrada com uma turnê cujo repertório passeia pelas canções marcantes da trajetória do grupo e pelas diferentes “nuances” de estilos musicais ao longo de suas fases.
“Vimos a geração dos anos 1980 colocar definitivamente o rock dentro da música brasileira. Os Paralamas são uma banda essencialmente de rock que explora algumas nuances musicais do reggae, da música afro, então vamos dando linha para essas nossas vertentes à medida que vai funcionando, o Herbert sendo esse compositor maravilhoso que compôs as músicas que cantamos até hoje”, comenta.
Ele também analisa o cenário atual da música brasileira: “Nós vemos o rock brasileiro de uma maneira muito respeitosa e otimista - sobre a nossa geração, principalmente, e o que veio depois também, de muito valor. Hoje, todo mundo fica querendo uma espécie de renovação no rock, mas tem muita coisa boa acontecendo por aí, só precisa procurar no lugar certo”.
A retomada de eventos presenciais, porém, também ocorre em meio às dificuldades enfrentadas pelo setor cultural agravadas pelo período pandêmico - sendo “um dos primeiros a parar e um dos últimos a voltar”. Soma-se a este cenário o descaso do Governo Federal quanto ao modo como lida com o setor - como exemplo, o veto presidencial ao projeto de Lei Paulo Gustavo de Incentivo À Cultura.
Para João Barone, é preciso um olhar mais atento à importância da produção artística no Brasil, tanto no “plano filosófico da cultura” quanto na geração de empregos a partir dela. “As pessoas precisam entender o significado do que é o apoio cultural. A isenção fiscal gera essa cadeia de trabalho, porque é um investimento que volta muito e gera riqueza para o País tanto no plano de gerar cultura quanto no lado prático de gerar emprego e renda para muitas pessoas”, argumenta.
Ele complementa: “É realmente uma pena vermos que se juntaram dois eventos catastróficos: a pandemia, que paralisou as atividades, e a política totalmente destrutiva do governo que temos visto. Agora, é preciso reorientar esse quadro da Cultura para que realmente se fomente a Cultura no Brasil”.
Uma das atrações do domingo, a cantora e compositora Vanessa da Mata, responsável por sucessos como “Boa Sorte” e “Não Me Deixe Só”, compartilha quão difícil foi a sensação de não poder trabalhar durante o período de restrições na pandemia. “É o show que nos dá a satisfação do que a música toca nas pessoas, da catarse, de cada um se manifestando”, explica.
Ela pontua: “Voltar aos shows é uma outra alegria, porque não é só a alegria de poder trabalhar e fazer shows com o público, mas é uma sensação muito ‘doida’ que é como se tivéssemos que reaprender com o tempo que passou e com o nosso lado artístico de palco”. O período de pausa também a motivou a explorar mais técnicas vocais para incrementar em suas apresentações.
Em Fortaleza, Vanessa indica que pretende “fazer uma surpresa” para o público, em uma apresentação repleta de sucessos de sua carreira e novas canções. “Não vai ser como um show de teatro, então ele estará bem adequado para as pessoas terem uma noite deliciosa se soltando, se contemplando e brincando conosco nas críticas harmoniosas que eu trago nessas músicas”, avisa.
Programação I'Music
sexta-feira, 1º de julho
- Caetano Veloso
- Roberta Sá
sábado, 2 de julho
- Paralamas do Sucesso
- Biquini Cavadão
- Frejat
- Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos
domingo, 3 de julho
- Vanessa da Mata
- Jorge Ben Jor
- Alexandre Pires e Seu Jorge
Quando: abertura dos portões às 16 horas; shows se iniciam às 19h30min, na sexta, e às 18 horas no sábado e no domingo
Ingressos: R$ 90 por dia; vendas na Loja I'Music, no piso térreo do Iguatemi
Onde: Shopping Iguatemi (avenida Washington Soares, 85 - Edson Queiroz)
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