As aventuras de seu pirata do chapéu de palha conquistaram milhões de fãs em todo o mundo por um quarto de século: o mangá "One Piece" comemora seu 25º aniversário antes de iniciar a reta final de sua intriga sem fim. Após um hiato de um mês, é hora de dar início ao arco final da obra a partir de 25 de julho na famosa revista semanal "Shonen Jump", da editora Shueisha, onde os novos capítulos de "One Piece" são publicados no Japão.
"Vou começar a apresentar todos os segredos deste mundo que eu mantive escondido", alertou seu autor, Eiichiro Oda, em uma mensagem manuscrita postada no Twitter. "Vai ser divertido. Por favor, apertem o cinto de segurança".
Desde a publicação do volume 1 em 1997, a caça ao "One Piece", tesouro cobiçado por todos os piratas e principalmente por Luffy, herói da série, já soma mais de 100 volumes e multiplica recordes de vendas. Com 490 milhões de cópias vendidas, Eiichiro Oda, de 47 anos, entrou inclusive para o Guinness na categoria de "maior número de cópias de uma mesma história em quadrinhos publicada por um único autor".
Suficiente para fazer seu 25º aniversário, dos Estados Unidos à França, o segundo maior mercado de mangá e animação japonesa, um evento global com ares de consagração. "'One Piece' é hoje não apenas um dos maiores mangás do mundo, mas uma das maiores obras em escala cultural, todos os setores combinados", estima Chedli Ben Hassine, criador de conteúdo especializado em cultura pop com 1,7 milhão seguidores no TikTok.
"O que torna este mangá tão especial é acima de tudo o roteiro", diz Ryuji Kochi, presidente da Toei Animation para Europa, Oriente Médio e África, a empresa japonesa que produz a série animada desde 1999. Industrialização, racismo, escravidão, intrigas geopolíticas... Além dos temas abordados e seus personagens cativantes, o imenso universo de "One Piece" é atravessado por referências culturais e geográficas (Egito antigo, Veneza, Japão medieval...) que lhe dão uma dimensão universal.
"Ao propor universos totalmente diferentes, o autor permite que o leitor nunca se aborreça com a narrativa. Tudo isso faz com que tenhamos uma epopeia que dura muito tempo mas que não podemos dizer que gira em círculos", estima Benoît Huot, gerente editorial de mangá da editora Glénat, por ocasião do lançamento do 100º volume na França no ano passado.
Enquanto a trama ainda promete muitas reviravoltas, o que falta em "One Piece" para atingir um público ainda mais amplo além dos fãs de animação japonesa, como sagas como "Star Wars" ou "Harry Potter"?
"Embora a cultura japonesa seja hoje muito bem exportada, ainda está longe da influência das criações ocidentais, impulsionadas por um mercado muito grande, e por todo o 'soft power' que uma grande máquina como Hollywood coloca em nível industrial", explica à AFP Julien Pillot, economista especializado em indústrias culturais.
O lançamento na Netflix, plataforma de streaming com mais de 200 milhões de assinantes, de uma série adaptada do universo de "One Piece" deve ajudar, acreditam seus produtores. "A história nos mostrou que Hollywood teve todos os problemas do mundo para adaptar mangás. Todos nós temos em mente o desastre da adaptação de 'Dragon Ball', artística e comercialmente", lembra Pillot.
"Se a Netflix puder fazer um produto de alta qualidade que capture o espírito único de 'One Piece', seria um ótimo começo".
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