Logo O POVO+
MC Carol faz show em Fortaleza e fala sobre música, política e cinema
Vida & Arte

MC Carol faz show em Fortaleza e fala sobre música, política e cinema

Funkeira MC Carol se apresenta no Gandaia Club neste sábado, 30, e fala ao Vida&Arte sobre música, projetos no cinema, política e as "personagens" que carrega consigo
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Show de MC Carol em Fortaleza acontece na festa
Foto: divulgação Show de MC Carol em Fortaleza acontece na festa "Fica, Vai Ter Funk!"

Carolina de Oliveira Lourenço, Carol Bandida, MC Carol. Nascida em Niterói, a funkeira de 28 anos que já soma mais de 10 anos de carreira na música é conhecida por sucessos como "Bateu Uma Onda Forte", "Não Foi Cabral", "100% Feminista" e "Africano". Com dois álbuns lançados e um novo em processo de produção, MC Carol vem a Fortaleza neste sábado, 30, para apresentação na festa "Fica, Vai Ter Funk!", no Gandaia Club. Ao Vida&Arte, a artista fala de experiências no cinema, a vida além dos palcos e a importância de agir politicamente.

Com presença forte nas redes sociais e contato direto com fãs, Carol costuma tratar publicamente de assuntos que, por vezes, têm respostas divididas entre os seguidores. Isso, porém, não deixa a artista sem opinar e se posicionar. Um caso recente foi a série de publicações que ela fez sobre a busca incessante por cirurgias plásticas, fruto do "padrão impossível" reforçado na sociedade.

A mensagem, ela reforça, é sobre amor próprio. "O mundo, o tempo todo, manda mensagens indiretas ou diretas pra mim dizendo que eu sou anormal, que eu não pertenço. Tenho dinheiro pra entrar no shopping e comprar a roupa que eu quero, mas não consigo, em qualquer shopping que eu entre, comprar roupa pra mim", compartilha. "Falar sobre isso num país recorde em cirurgias é importante para mim e pessoas como eu se sentirem incluídas um dia, porque eu ainda não me sinto", avança Carol.

 
 
 
Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por GANDAIA (@gandaiaclub)

A funkeira também não se furta, principalmente, de abordar política de forma direta, inclusive nas músicas. "Os artistas, por terem um alcance maior e por estarem em alguns espaços importantes, com visibilidade maior, tem que falar sobre isso, tem que cantar sobre isso. Mas não só artistas, todo mundo tem que fazer a sua parte", defende Carol.

"E como é que faz sua parte? Votando, tomando um lado, tomando partido, conversando sobre", segue a artista, que analisa no atual contexto brasileira uma conformação com o "absurdo". "Percebo que as pessoas estão muito conformadas com o absurdo, tá ligado? A gente tá vivendo um absurdo e você tá conformado com ele. A gente vê na Europa que, tipo, aumenta dez centavos na passagem, cara, e as pessoas vão pra rua, fazem o escarcéu. Aqui não. Se amanhã aumentar o dobro o gás, qualquer coisa, as pessoas ficam 'fazer o quê, né?'", observa.

Em letras como "Não Foi Cabral" e "100% Feminista", Carol deixa mensagens políticas importantes. Porém, a artista adianta que o novo trabalho, que ainda está em processo e não tem título definido, deve focar em reflexões sobre relações. "Estou falando bastante sobre amor, relacionamentos, relacionamentos ruins, também", conta.

"Africano", música mais recente lançada por Carol, é um exemplo da nova leva de composições da artista. "Mano, eu vou casar com esse preto / Preto macumbeiro / Africano gostoso feiticeiro" são alguns dos versos da canção, inspirada no atual relacionamento dela.

Além da vertente musical, a artista também vem apostando nos últimos anos em experiências como atriz. A estreia na função veio em 2019, no filme "No Coração do Mundo". Já em 2022, a comédia da Netflix "Barba, Cabelo & Bigode" estreou na última quinta-feira, 28; além dela, Carol também está no elenco de "Regra 34", de Júlia Murat, que estreia em agosto no Festival de Locarno, um dos mais importantes da Europa. No momento, não há projetos em curso, mas a artista adianta que está esperando resultados de alguns testes feitos recentemente.

"Eu tô entrando devagar neste mundo, (porque) queria muito poder estudar artes cênicas. Não é simples pegar um texto, porque não é só decorar. Interpretar é difícil pra caramba, a repetição é difícil, mas gosto quando está pronto", afirma a artista.

Perguntada sobre o começo da empreitada como atriz, Carol relaciona o trabalho com o lado musical. "Palco tem muito de atuação, sabe? Você está num dia bizarro, perdeu alguém da sua família, e aí é dia de show. Você vai ter que subir no palco, o contrato já está assinado, as pessoas estão ali e pagaram ingresso, querem se divertir. Tem muita arte cênica no palco. Acho que em filme tem muito disso que a gente leva pro palco", compara.

Além da "personagem" do palco, a artista reflete sobre outras camadas de si. "As pessoas ficam muito chocadas quando vão ao camarim e conversam comigo, sentem o choque de diferença entre a Carolina e a MC Carol", aponta.

"Carrego pelo menos três personagens comigo: a Carol Bandida, que é a pessoa que sou na rua, não tão sociável, às vezes agressiva; a Carolina, que já é mais família; e a MC Carol, a pessoa do palco, que não tem fraqueza, faz e acontece ali", segue a funkeira. "Na vida real, não é assim que funciona. Eu tenho minhas fraquezas", assume, reforçando a autenticidade característica que conquistou o público há mais de 10 anos.

Fica, Vai ter Funk! com MC Carol

Quando: sábado, 30, a partir de 22 horas

Onde: Gandaia Club (rua José Avelino, 349, Praia de Iracema)

Quanto: a partir de R$ 35,00 (preço de ingresso individual). Vendas na plataforma Outgo

Mais infos: @gandaiaclub

Podcast Vida&Arte

O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui

O que você achou desse conteúdo?