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Romeu Duarte celebra uma década de crônicas no Vida&Arte
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Romeu Duarte celebra uma década de crônicas no Vida&Arte

Há dez anos como cronista do Vida&Arte, o arquiteto e urbanista Romeu Duarte funde o complexo do cotidiano em linguagem que transita entre a literatura e arquitetura
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O arquiteto e urbanista Romeu Duarte, cronista do O POVO (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA O arquiteto e urbanista Romeu Duarte, cronista do O POVO

"Missão impossível". Este foi o termo utilizado pelo arquiteto e urbanista Romeu Duarte quando recebeu a tarefa para ocupar - ao lado de nomes dos mais variados campos - o espaço do cronista Airton Monte, colaborador fixo do O POVO, nas páginas do jornal. A frase está na publicação mais recente de Romeu no Vida&Arte, divulgada na última segunda-feira, 17. O texto relembra o início das crônicas do arquiteto no caderno após o falecimento do autor de "Moça Com Flor Na Boca" (2006). De lá para cá, já são dez anos revertendo os contratempos com escritos quinzenais dentro do suplemento cultural.

As temáticas que perpassam seu trabalho serão aprofundadas em roda de conversa nesta quinta-feira, 20, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBN). O momento acontece no evento "Romeu Duarte: uma década de crônicas de vida e arte", mediado pelo jornalista e editor do caderno, Renato Abê. "Penso em ler algumas crônicas que me dão mais prazer. Espero que o público, que aproveito para convidar para o sarau, participe intensamente do nosso bate-papo. Agradeço à poeta Sara Síntique que me convidou e planejou o evento", propõe.

Antes de se descobrir cronista, Romeu já buscava formas de fortalecer a intimidade com a escrita. As palavras acompanham Romeu desde a adolescência, num primeiro momento de "maneira esparsa" por intermédio da poesia. "Lia tudo que me caía nas mãos", evidencia. Antes da graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), ele foi bolsista de Literatura por volta da década de 1970. Depois, participou da associação do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), atuando como sócio-aspirante a presidente da Direção Nacional. "Perdi as contas de quantos textos e artigos sobre arquitetura e urbanismo fiz sozinho ou participei em conjunto de sua elaboração, atividade que me exigiu muito em termos de correção de linguagem e estilo", rememora.

Quando chegou o chamado para colaborar com o Vida&Arte, feito pelo então editor Felipe Araújo, o ofício literário estava firmado pela atuação como professor universitário no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ademais, Romeu já vinha contribuindo com artigos acerca da sua operação profissional. "Sempre procurei abrir janelas para que contribuições de outras áreas, principalmente da literatura, pudessem dialogar com os assuntos da minha", relaciona. "Quinzenalmente, escrevo sobre o que me dá na telha, já que o jornal nunca estabeleceu para mim a minha faixa de atuação".

Romeu recorre ao dicionário para detalhar o processo criativo. Ele menciona que na etimologia da palavra crônica, consta "gênero literário que consiste na apreciação pessoal dos fatos da vida cotidiana". Por isso, busca trazer arquitetura e urbanismo - "talvez sejam os assuntos que eu mais domino" -, mas também agrega temas comuns como música, literatura e dilemas pessoais. "Nos últimos tempos, meio a contragosto, mas como é impossível não abordá-los, tenho me ocupado com política, ou melhor, com o absurdo nosso de cada dia", lista.

A escrita se tornou o ponto de união entre as linguagens da arquitetura e literatura, que por vezes podem parecer distantes. "Acho que o projeto é o liame entre o meu fazer arquitetônico e urbanístico e o meu fazer literário. Assim como na arquitetura e no urbanismo há forma, função e significado, com seus elementos cumprindo funções sintáticas, semânticas e sonoras, na literatura acontece a mesma coisa", compara Romeu. As temáticas, afinal, não poderiam estar em linhas separadas. Com a visão política adquirida no cargo de superintendente no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, Romeu destaca que "edifício e cidade fazem parte da cultura" de toda e qualquer cidade.

"Continuamos a tratar a arquitetura e a cidade como fatos abstratos, sem entendê-los nos âmbitos da história e da cultura, o que faz com que criemos planos diretores sem desenho ou que têm a abstração, e não a vida real das pessoas, como seu principal objetivo", exemplifica. O autor de "Breve História da Arquitetura Cearense" (2018) aponta que os indivíduos não moram em índices e porcentagens, mas sim em 'lotes, quadras e bairros' que constituem paisagens e narrativas. "Se partirmos da cultura e da natureza como joias preciosas do urbano, será mais fácil desenhar a cidade", completa.

"Romeu Duarte: uma década de crônicas de Vida e Arte"

Quando: nesta quinta-feira, 20, às 19 horas
Onde: Palco Pequeno do Centro Cultural Banco do Nordeste (rua Conded'Eu,
560 - Centro)
Gratuito

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