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Com Juçara Marçal, show reúne brasileiros e franceses no Cine São Luiz
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Com Juçara Marçal, show reúne brasileiros e franceses no Cine São Luiz

A cantora Juçara Marçal encontra os grupos Abajur e Rrêve Sélavy no Cineteatro São Luiz para uma apresentação de música improvisada. Tudo será criado na hora
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Juçara Marçal encontra os grupos Abajur e Rrêve Sélavy no Cineteatro São Luiz (Foto:                                                                                                                                                                                                                                                                )
Foto: Juçara Marçal encontra os grupos Abajur e Rrêve Sélavy no Cineteatro São Luiz

Juçara Marçal é uma aventureira. Cantora há mais de 30 anos, ela gosta do desafio de explorar sonoridades, ritmos, tessituras, timbres, instrumentações. Reconhecida - pelos mais atentos - como uma das vocalistas e compositoras da banda Metá Metá, ela enfileira outros muitos projetos como os Sambas do Absurdo e uma carreira solo, que rendeu no ano passado o elogiado disco "Delta Estácio Blues". Em nenhum destes trabalhos ou em outros no qual se joga a obviedade ou a busca pelos caminhos fáceis do mercado da música estão previstas.

A apresentação que ela faz em Fortaleza neste domingo, 20, confirma essa ideia. A paulistana será convidada do projeto Rrêve Selávy, que é um braço do grupo de oito músicos franceses Ensemble Nautilis. O Rrêve Selávy é formado por Fréderic Briet (contrabaixo), Nicolas Pointard (bateria) e Christophe Rocher (clarinete) e estão viajando o País com a turnê Nautilis Brasil Tour, onde encontram instrumentistas de diferentes formações para criarem músicas de improviso. No Cineteatro São Luiz, eles encontram, além de Juçara, com Mauricio Takara (bateria), Lello Bezerra (guitarra) e Clara Bastos (baixo), projeto que ganhou o nome de Abajur.

"Eu até fico preocupada porque as pessoas comemoram minha ida aí. Mas, se vão esperando ouvir as músicas que eu canto no Metá Metá, no Sambas do Absurdo, vão ficar decepcionadas", ri Juçara Marçal, em conversa por telefone. Ela explica que é uma convidada do grupo francês que viaja o mundo para fazer experimentos em música improvisada. O grupo de sete músicos teve uma semana de ensaios intensivos e muita troca de áudios com sugestões de melodias. Nesse processo, surgiram alguns temas e ela até compôs uma canção em francês. "Clara também trouxe uma composição dela, mas o forte (do show) é a música criada enquanto toca. No momento em que se dá o encontro. O show se dá nesse formato, ou não-formato", acrescenta.

Voz do Metá Metá e Sambas do Absurdo, Juçara Marçal encontra os grupos Abajur e Rrêve Sélavy no Cineteatro São Luiz(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Voz do Metá Metá e Sambas do Absurdo, Juçara Marçal encontra os grupos Abajur e Rrêve Sélavy no Cineteatro São Luiz

Segundo Juçara, o espetáculo é um poderoso exercício de escuta. Tendo ou não tendo um tema em vista, cada músico pode puxar o que vai vir em seguida. Pode ser uma nota musical ou um ruído. "Tem que estar muito atento ao que o parceiro do lado está propondo para dialogar ou fazer um contraponto. São mil possibilidades e esse é o grande barato. É construir ali do nada".

Embora o Rrêve Selávy seja um grupo de músicos de jazz, ela não acredita que este seja um show de jazz. "Não é preciso dizer que é jazz. Até passa por aí, mas talvez o free jazz. Mas é mais aberto no ponto de vista de gênero. É algo mais livre até pra cantar um samba, ou outra coisa", explica a cantora de 61 anos que já teve chance de explorar muitos formatos de música em sua carreira. Inclusive o improviso. "Eu visito esse estilo faz um tempo já. Talvez em 2015, eu fiz várias sessões de improviso livre. Como o projeto era meu, eu coloquei a voz como protagonista e convidava amigas cantoras, um músico. Era o projeto 'Nós da Voz' e chamei a Lena Barruli, Negro Leo, Ava Rocha, Rodrigo Brandão... Outros encontros já aconteceram nesse universo do improviso. Já faz um tempinho que transito aí".

Ao mesmo tempo, Juçara Marçal transita por outros percursos. "Delta Estácio Blues" segue circulando e sendo recriado a cada parada. "Mesmo em São Paulo tem muita gente que não viu. E o show não é estático, ele vai mudando. Novos jeitos de tocar vão surgindo. Tem muito caldo pra rolar ainda", conta ela que segue tocando os Sambas do Absurdo e o Metá Metá. Sobre Fortaleza, ela está feliz de voltar e lembra de quando foi convidada para participar da curadoria do Porto Iracema. "Era a avaliação de vários projetos de uma moçada e eu fiquei infernal porque era muita coisa boa para escolher. Eu não sei se eu dou conta. Era muita gente boa", conta ela que já não se apresenta por aqui há alguns anos. Agora ela vem, mesmo que ainda esteja preocupada com as expectativas dos fãs. "Vou fazer um vídeo esclarecendo, medo de causar uma decepção. Bem doido", brinca.

Leia no O POVO + | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio

Juçara Marçal, Abajur e Rrêve Sélavy

  • Quando: domingo, 20, às 18 horas
  • Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 - Centro)
  • Quanto: R$80 (inteira) e R$40 (meia). À venda no site Sympla e no local
  • Telefone: 3252 4138
  • Instagram: @cineteatrosaoluiz

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