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Yorgos Lanthimos reafirma originalidade em "Tipos de Gentileza"
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Yorgos Lanthimos reafirma originalidade em "Tipos de Gentileza"

Yorgos Lanthimos, conhecido por abordagem singular no cinema, desafia convenções e reafirma originalidade com "Tipos de Gentileza"
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Novo filme de Yorgos Lathimos segue três narrativas distintas (Foto: Atsushi Nishijima/divulgação)
Foto: Atsushi Nishijima/divulgação Novo filme de Yorgos Lathimos segue três narrativas distintas

Yorgos Lanthimos é um diretor com filmes marcantes em sua carreira. "O Lagosta", de 2015, e "O Sacrifício do Cervo Sagrado", de 2017, são bons exemplos da assinatura cinematográfica construída por ele. Em 2023, lançou "Pobres Criaturas", produção "mais comercial" até então. Indicado ao Oscar em categorias como Melhor Filme, a obra consagrou Emma Stone ("A Mentira", de 2010) com a estatueta de Melhor Atriz.

Isso fez os fãs mais fervorosos acharem que Hollywood faria o diretor deixar de lado sua essência criativa e "incomum" para produzir títulos padronizados. Mas eles não poderiam estar mais enganados. Em "Tipos de Gentileza", Yorgos entrega mais uma narrativa com assinatura profunda, mesclando o bizarro e o cômico, a agressividade e a gentileza, de forma totalmente inesperada.

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O longa-metragem, que tem quase três horas de duração, é uma antologia que conta três enredos distintos, todos protagonizados por Jesse Plemons, Willem Dafoe e Emma Stone. Os atores, que já trabalharam com o diretor em outras oportunidades, vivem personagens diferentes durante toda a obra.

As tramas não têm conexão entre si, apesar de fazerem pequenos acenos entre elas por meio de detalhes da trilha sonora e ângulos de filmagem, por exemplo. Além disso, existe uma semelhança entre seus títulos, mas, no geral, todas funcionam de forma independente.

A primeira história é protagonizada por Jesse Plemons, enquanto a segunda foca na dupla Plemons e Emma Stone. Por fim, a terceira enfatiza a personagem da atriz. Já Willem Dafoe entra como coadjuvante em todos os "contos", mas sempre de forma relevante. É um grande desafio gravar antologias em formato de longa-metragem, pois é importante ter equilíbrio em todos os sentidos.

O roteiro, assinado por Yorgos e por Efthimis Filippou, entende essa necessidade e trabalha as histórias em uma crescente, tanto de tempo quanto de intensidade. Se a primeira narrativa enquadra um homem que busca rever o controle de sua vida - totalmente controlada por alguém -, a última mostra uma mulher desesperada para concluir um objetivo em prol de um bem "maior" do que ela mesma. Ambos pouco se importam com o mal que fizeram a terceiros ou até mesmo com as consequências sofridas por eles mesmos.

Yorgos não nos poupa de nada em relação à violência gráfica, mas não expõe de maneira gratuita. Ele também trabalha muito bem a violência não exibida graficamente em tela, o que é muito importante em momentos intensos do longa.

Apesar de fazer diversas conexões com relações de poder, o roteiro consegue transmitir com naturalidade situações totalmente inusitadas, mas que fazem com que o espectador consiga entender rapidamente que todas aquelas ações executadas pelos personagens têm sentido. Isso é excelente, já que temos pouco tempo para nos conectarmos com cada história.

Em "Tipos de Gentileza", o diretor mostra mais uma vez que existem, sim, várias formas de fazer cinema. Passando longe de um cinema casto e tedioso, Yorgos Lanthimos prende e incomoda o espectador do começo ao fim. O filme reforça a habilidade do diretor em criar narrativas que fogem da mesmice.

Tipos de Gentileza

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