Há quase 73 anos, em 21 de dezembro de 1951, estreava a primeira telenovela do mundo, que foi a produção brasileira "Sua Vida Me Pertence", escrita e dirigida por Wálter Forster (1917 - 1996). A trama teve 15 capítulos e se tratava de um romance entre uma jovem e um homem que não estava interessado por ela.
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Com o avançar das décadas, porém, essas obras foram se complexificando e avançando nas temáticas, indo muito além dos dilemas de um casal em conflito. Exemplo emblemático disso é "Vale Tudo", originalmente exibida em 1988.
A narrativa, assinada por Aguinaldo Silva, Gilberto Braga e Leonor Bassères, promoveu leitura precisa da desigualdade social, traço tão presente na formação do povo brasileiro. Não por acaso, em 2025, a história será revisitada em remake no horário nobre da Rede Globo. Mas, afinal, de 1951 até aqui, como a novela foi se tornando esse produto cultural tão simbólico para o País?
"A telenovela, com sua grande propagação entre os telespectadores, tem como uma de suas características a apropriação da realidade como matéria-prima. Nela, realidade e ficção tomam formas cada vez mais parecidas, uma acaba inspirando a outra. De tão forte que é este movimento, a realidade também passou a se inspirar na telenovela e ser influenciada por ela", explica o doutor em Teledramaturgia pela USP, Mauro Alencar.
Para o jornalista e criador de conteúdo sobre novelas, Marcos Michalak, as teledramaturgias têm ainda o poder de fomentar debates sociais: "Elas refletem e, ao mesmo tempo, moldam valores culturais e comportamentos. Através das tramas e personagens, são discutidos temas importantes como família, ética, política e justiça, o que impacta diretamente o público e cria diálogos na sociedade".
Um exemplo disto é a novela "Que Rei Sou Eu", criada por Cassiano Gabus Mendes e exibida em 1989. A produção se passa num contexto de monarquia e faz sátiras sobre a política brasileira, por meio de uma história de crise em torno de quem deve assumir o trono real.
A trama foi ao ar depois de várias tentativas de censuras pelo próprio governo, que vivia a ditadura militar até meados dos anos 1970, e pela própria TV Globo. A razão era o teor de críticas ao período de redemocratização do Brasil, que destacava a corrupção e as falsas promessas de diminuir a desigualdade social no País.
O professor de artes cênicas e dança, Alberies Ferreira, de 34 anos, conta que foram as novelas que deram ênfase a assuntos discutidos no seu colegial.
"Um dos assuntos que virou debate na minha época de escola foi a questão das drogas, porque as novelas abordavam constantemente isso naquele tempo, como em 'O Clone', em que a personagem Mel falava sobre o vício químico. Aquilo virou um assunto bem constante e eu me lembro dos professores pararem para a gente conversar sobre o que estava sendo abordado na novela", diz.
"Meus amigos e eu sempre falávamos também sobre os acontecimentos da 'Malhação', que era uma novela mais jovem, e abordava questões como gravidez adolescência, cuidados para ter em relacionamentos e tudo mais", acrescenta o professor, que pontua a quebra de estigmas das teledramaturgias como fator importante para amadurecimento na juventude.
Carlos Eduardo, noveleiro de 20 anos, avalia ainda a influência da novela "A Dona do Pedaço" no período de pandemia do Brasil: "A personagem da Juliana Paes, a Maria da Paz, foi inspirada em mulheres da vida real. Na trama, ela tinha uma confeitaria e acho que muitas pessoas tiveram a personagem como inspiração para abrir o seu próprio negócio".
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Mas se engana quem pensa que o impacto das produções brasileiras se restringiu apenas ao Brasil. As produções brasileiras se tornaram referência para o mundo todo e foram exportadas para diversos países, como é o caso de "Avenida Brasil", de João Emanuel Carneiro, que foi vendida para 150 países; "Totalmente Demais", chegou para 135 nações; e "Escrava Isaura", para 104.
Mauro Alencar exemplifica: "Como resultado da exibição de 'Vale Tudo', em Havana, Cuba, a partir de 1995, os restaurantes particulares de lá passaram a ser denominados por 'Paladar' (nome da empresa de alimentos comandada por Raquel Accioli, personagem de Regina Duarte)".
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Qual é a sua novela favorita? Provavelmente, a resposta para esta pergunta está relacionada à sua idade, classe social, gênero e outros elementos que lhe relacionam com a sua trama de preferência. Isso acontece porque, no Brasil, as teledramaturgias são feitas com a intenção de envolver o público a partir da reflexão sobre o contexto social de sua produção. Normalmente, “boas novelas” são as que discutem com qualidade temas de emergência na cultura e sociedade.
Por este motivo, a trama como “Roque Santeiro”, novela de 1985 que apontava a luta de classes e a sátira à exploração política, alcançou média de 74 pontos de audiência na Grande São Paulo. Já “Tieta” (1989), de Jorge Amado, ganhou destaque ao trazer personagens femininas transgressoras à sua época, com média de 64 pontos no Ibope.
“Avenida Brasil”, de João Emanuel Carneiro, se passa em 2012, e teve média de 56 pontos. A história retrata o Brasil em ascensão social, com ênfase na nova classe média, o subúrbio e a periferia que valoriza o lugar a que pertencem. Por sua vez, “O Rei do Gado”, de Benedito Ruy Barbosa, em 1996, foi a primeira novela a discutir temas como a reforma agrária e a posse de terra no país, lhe rendendo 52 pontos.
Recentemente anunciada como remake para 2024, “Vale Tudo” foi escrita por Aguinaldo Silva, Gilberto Braga (1945 - 2021) e Leonor Bassères (1926 - 2004) e estreou em 1988, abordando a falta de ética e a inversão de valores no Brasil. No ano de sua exibição, teve média de 56 pontos de audiência.
Silvio de Abreu foi o autor de “Rainha da Sucata”, 1990, que também foi destaque na audiência do Brasil ao retratar a ascensão do proletariado e a influência de uma família de vendedores de sucata na São Paulo daquela década. O tema principal da novela era a forte oposição entre os novos-ricos e a decadente elite paulista.
“Top Model”, de Antônio Calmon e Walther Negrão, foi exibida em 1989 e trazia para o centro do debate situações complexas vividas na juventude, como o consumo de drogas, preconceitos sociais, suicídio, tráfico e estupro. A história era transmitida na faixa das 19 horas e tinha média de 64 pontos.
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"Quem matou Odete Roitman?" foi a pergunta feita por milhões de brasileiros desde a morte da personagem de Beatriz Segall em "Vale Tudo". A trama, que ganha nova versão para 2025, foi marcada pela cruel e preconceituosa vilã milionária.
Acerca desse assunto, houve uma preocupação do público caso a personagem continuasse com sua essência explicitamente intolerante. Ao mesmo tempo, o debate sobre a necessidade de um remake para a história acendeu críticas de especialistas e público geral.
Para o autor da novela, Aguinaldo Silva, esta é a maior questão sobre a nova produção. "Eu acho que a Odete Roitman da época tinha aquela linguagem que servia muito para mostrar o quanto aquela mulher era horrorosa. Ela era preconceituosa, era racista e odiava o país no qual nasceu, ela achava que todo mundo era feio e tudo era sujo. Ela era um personagem horrível, mas era um personagem da época. Odete não abria a mão da linguagem dela, ofensiva, preconceituosa, tudo isso", disse em entrevista publicada no dia 7 de setembro para O POVO.
"A nova Odete Roitman teria que sofrer essa alteração de caráter. Ela teria que ter uma linguagem dita de maneira tal que os espectadores percebessem que ela não era sincera, que aquilo era pura propaganda", acrescenta o novelista.
Em convergência com Aguinaldo, Mauro opina: "Se Odete Roitman não puder falar tudo a que tem direito com seu olhar exageradamente crítico, sem filtro e sem limites, não é Odete Roitman".
Sobre a tendência de reagravar clássicas produções da TV, o especialista avalia: "O Brasil sempre foi um exemplo de criatividade artística, na busca por novas estéticas a partir de obras originais. Compreendo a existência do remake e que esse processo faz parte da indústria do entretenimento. Mas para tudo há um limite e também uma coerência tendo em vista a época em que vivemos".
O professor Alberies Ferreira, em contraponto, afirma que está feliz com a iniciativa da trama de 1988: "O remake de 'Vale Tudo' me deixou com muita expectativa, porque, quando ela vale tudo passou a primeira vez, eu ainda não tinha nascido e não a assisti em outra ocasião. Mas fez tanto sucesso, que eu conheço a história por meio das redes sociais".
"O sucesso do remake depende muito de como ele será atualizado e adaptado ao contexto atual, mantendo o que fez da obra original um sucesso, mas sem deixar de abordar novas questões e sensibilidades", sintetiza o jornalista Marcos Michalak.
Além de "Vale Tudo", ganharam remakes tramas como "Pantanal" (1990), "Elas por Elas" (1982), "Renascer" (1993), "Mulheres de Areia" (1973), "A Viagem" (1975), "Cabocla" (1959), "Sinhá Moça" (1986), "Gabriela" (1975), "Escrava Isaura" (1976), "Anjo Mau" (1976) e "Ti-Ti-Ti" (1985).
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Destaca-se também nas teledramaturgias brasileiras a capacidade de mobilização social. Ao longo dos anos, a sintonia com as narrativas da TV conseguiu ultrapassar a barreira das telas e provocar mudanças, fenômeno conhecido como "merchandising social"
Marcos Michalak, especialista em novelas, disserta: "Novelas têm um poder transformador por conta da sua capacidade de abordar questões sociais de forma acessível. Ao introduzir temas como preconceito, desigualdade e direitos humanos, elas incentivam o público a refletir e, muitas vezes, a mudar comportamentos e atitudes. Além disso, algumas campanhas sociais ganham força a partir das tramas".
Este é o caso de novelas como "Amor à Vida" (2013), que deu destaque a discussão sobre adoção de crianças por casais LGBTQIA . Houve também, devido a "Mulheres Apaixonadas", em 2003, a regulamentação do Estatuto da Pessoa Idosa, após discussões geradas em torno dos maus-tratos pelos idosos na trama de Manoel Carlos.
Em "Explode Coração" (1995), de Glória Perez, crianças desaparecidas da vida real foram encontradas após a trama tratar do assunto e trazer depoimentos do público para a história. Há ainda o clássico caso de "Laços de Família" (2000), de Manoel Carlos, que aumentou o número de doadores de medula óssea no país após retratar a personagem Camila sofrendo com o tratamento de leucemia.
"Mesmo que não provoque exatamente uma transformação social - até porque isso depende de ações econômicas, sociais e psicológicas - a telenovela ao menos ilumina novas possibilidades de convivência; contribui para esclarecimento de temas espinhosos; explica dinâmicas sociais mais complexas e, por fim, nos mostra que somos fruto de um processo psicossocial e econômico", argumenta Mauro Alencar, pesquisador.
Além de impactos políticos, as novelas também ditam tendências de comportamento e moda, impactando, consequentemente, o mercado. Carlos Eduardo, que se considera noveleiro, compartilha a experiência: "A personagem Vivi Guedes de 'A Dona do Pedaço', interpretada por Paolla Oliveira, vivia uma influencer na trama, e no ano em que a novela passou, era muito fácil ver mulheres se vestindo como ela".
O jovem conta que suas novelas favoritas são as que foram transmitidas nos anos 1980 e 1990, quando ele ainda não era nascido. A sua paixão se deu, no entanto, por influência da sua família.
"Minha mãe, com o passar do tempo, foi me apresentado novelas dessas décadas, até mesmo pelas músicas. Ela colocava os vinis de trilha sonora de novelas para tocar, como os de 'Por Amor', 'O Rei do Gado', 'A Indomada', 'Terra Nostra', 'Rainha da Sucata' e 'Laços de Família', que sou fascinado", declara.
O Brasil parou para ver
Qual é a sua novela favorita? Provavelmente, a resposta para esta pergunta está relacionada à sua idade, classe social, gênero e outros elementos que lhe relacionam com a sua trama de preferência. Isso acontece porque, no Brasil, as teledramaturgias são feitas com a intenção de envolver o público a partir da reflexão sobre o contexto social de sua produção. Normalmente, “boas novelas” são as que discutem com qualidade temas de emergência na cultura e sociedade.
Por este motivo, a trama como “Roque Santeiro”, novela de 1985 que apontava a luta de classes e a sátira à exploração política, alcançou média de 74 pontos de audiência na Grande São Paulo. Já “Tieta” (1989), de Jorge Amado, ganhou destaque ao trazer personagens femininas transgressoras à sua época, com média de 64 pontos no Ibope.
“Avenida Brasil”, de João Emanuel Carneiro, se passa em 2012, e teve média de 56 pontos. A história retrata o Brasil em ascensão social, com ênfase na nova classe média, o subúrbio e a periferia que valoriza o lugar a que pertencem. Por sua vez, “O Rei do Gado”, de Benedito Ruy Barbosa, em 1996, foi a primeira novela a discutir temas como a reforma agrária e a posse de terra no país, lhe rendendo 52 pontos.
Recentemente anunciada como remake para 2024, “Vale Tudo” foi escrita por Aguinaldo Silva, Gilberto Braga (1945 - 2021) e Leonor Bassères (1926 - 2004) e estreou em 1988, abordando a falta de ética e a inversão de valores no Brasil. No ano de sua exibição, teve média de 56 pontos de audiência.
Silvio de Abreu foi o autor de “Rainha da Sucata”, 1990, que também foi destaque na audiência do Brasil ao retratar a ascensão do proletariado e a influência de uma família de vendedores de sucata na São Paulo daquela década. O tema principal da novela era a forte oposição entre os novos-ricos e a decadente elite paulista.
“Top Model”, de Antônio Calmon e Walther Negrão, foi exibida em 1989 e trazia para o centro do debate situações complexas vividas na juventude, como o consumo de drogas, preconceitos sociais, suicídio, tráfico e estupro. A história era transmitida na faixa das 19 horas e tinha média de 64 pontos.
Merchandising social
Destaca-se também nas teledramaturgias brasileiras a capacidade de mobilização social. Ao longo dos anos, a sintonia com as narrativas da TV conseguiu ultrapassar a barreira das telas e provocar mudanças, fenômeno conhecido como "merchandising social"
Marcos Michalak, especialista em novelas, disserta: "Novelas têm um poder transformador por conta da sua capacidade de abordar questões sociais de forma acessível. Ao introduzir temas como preconceito, desigualdade e direitos humanos, elas incentivam o público a refletir e, muitas vezes, a mudar comportamentos e atitudes. Além disso, algumas campanhas sociais ganham força a partir das tramas".
Este é o caso de novelas como "Amor à Vida" (2013), que deu destaque a discussão sobre adoção de crianças por casais LGBTQIA . Houve também, devido a "Mulheres Apaixonadas", em 2003, a regulamentação do Estatuto da Pessoa Idosa, após discussões geradas em torno dos maus-tratos pelos idosos na trama de Manoel Carlos.
Em "Explode Coração" (1995), de Glória Perez, crianças desaparecidas da vida real foram encontradas após a trama tratar do assunto e trazer depoimentos do público para a história. Há ainda o clássico caso de "Laços de Família" (2000), de Manoel Carlos, que aumentou o número de doadores de medula óssea no país após retratar a personagem Camila sofrendo com o tratamento de leucemia.
"Mesmo que não provoque exatamente uma transformação social - até porque isso depende de ações econômicas, sociais e psicológicas - a telenovela ao menos ilumina novas possibilidades de convivência; contribui para esclarecimento de temas espinhosos; explica dinâmicas sociais mais complexas e, por fim, nos mostra que somos fruto de um processo psicossocial e econômico", argumenta Mauro Alencar, pesquisador.
Além de impactos políticos, as novelas também ditam tendências de comportamento e moda, impactando, consequentemente, o mercado. Carlos Eduardo, que se considera noveleiro, compartilha a experiência: A personagem Vivi Guedes de 'A Dona do Pedaço', interpretada por Paolla Oliveira, vivia uma influencer na trama, e no ano em que a novela passou, era muito fácil ver mulheres se vestindo como ela".
O jovem conta que suas novelas favoritas são as que foram transmitidas nos anos 1980 e 1990, quando ele ainda não era nascido. A sua paixão se deu, no entanto, por influência da sua família: "Minha mãe, com o passar do tempo, foi me apresentado novelas dessas décadas, até mesmo pelas músicas. Ela colocava os vinis de trilha sonora de novelas para tocar, como os de 'Por Amor', 'O Rei do Gado', 'A Indomada', 'Terra Nostra', 'Rainha da Sucata' e 'Laços de Família', que sou fascinado".
O efeito Odete Roitman
"Quem matou Odete Roitman?" foi a pergunta feita por milhões de brasileiros desde a morte da personagem de Beatriz Segall em "Vale Tudo". A trama, que ganha nova versão para 2025, foi marcada pela cruel e preconceituosa vilã milionária.
Acerca desse assunto, houve uma preocupação do público caso a personagem continuasse com sua essência explicitamente intolerante. Ao mesmo tempo, o debate sobre a necessidade de um remake para a história acendeu críticas de especialistas e público geral.
Para o autor da novela, Aguinaldo Silva, esta é a maior questão sobre a nova produção. "Eu acho que a Odete Roitman da época tinha aquela linguagem que servia muito para mostrar o quanto aquela mulher era horrorosa. Ela era preconceituosa, era racista e odiava o país no qual nasceu, ela achava que todo mundo era feio e tudo era sujo. Ela era um personagem horrível, mas era um personagem da época. Odete não abria a mão da linguagem dela, ofensiva, preconceituosa, tudo isso", disse em entrevista publicada no dia 7 de setembro para O POVO.
"A nova Odete Roitman teria que sofrer essa alteração de caráter. Ela teria que ter uma linguagem dita de maneira tal que os espectadores percebessem que ela não era sincera, que aquilo era pura propaganda", acrescenta o novelista.
Em convergência com Aguinaldo, Mauro opina: "Se Odete Roitman não puder falar tudo a que tem direito com seu olhar exageradamente crítico, sem filtro e sem limites, não é Odete Roitman".
Sobre a tendência de reagravar clássicas produções da TV, o especialista avalia: "O Brasil sempre foi um exemplo de criatividade artística, na busca por novas estéticas a partir de obras originais. Compreendo a existência do remake e que esse processo faz parte da indústria do entretenimento. Mas para tudo há um limite e também uma coerência tendo em vista a época em que vivemos".
O professor Alberies Ferreira, em contraponto, afirma que está feliz com a iniciativa da trama de 1988: "O remake de 'Vale Tudo' me deixou com muita expectativa, porque, quando ela vale tudo passou a primeira vez, eu ainda não tinha nascido e não a assisti em outra ocasião. Mas fez tanto sucesso, que eu conheço a história por meio das redes sociais".
"O sucesso do remake depende muito de como ele será atualizado e adaptado ao contexto atual, mantendo o que fez da obra original um sucesso, mas sem deixar de abordar novas questões e sensibilidades", sintetiza o jornalista Marcos Michalak.
Além de "Vale Tudo", ganharam remakes tramas como "Pantanal" (1990), "Elas por Elas" (1982), "Renascer" (1993), "Mulheres de Areia" (1973), "A Viagem" (1975), "Cabocla" (1959), "Sinhá Moça" (1986), "Gabriela" (1975), "Escrava Isaura" (1976), "Anjo Mau" (1976) e "Ti-Ti-Ti" (1985).