Logo O POVO+
'DNA do Crime': segunda temporada aprofunda dilemas dos personagens
Vida & Arte

'DNA do Crime': segunda temporada aprofunda dilemas dos personagens

Nova temporada de "DNA do Crime", da Netflix, intensifica cenas de ação e investigação policial enquanto tenta aprofundar dilemas dos personagens
Edição Impressa
Tipo Análise Por
Isaac (Alex Nader) retorna à segunda temporada de
Foto: Ana Pazian/Divulgação Isaac (Alex Nader) retorna à segunda temporada de "DNA do Crime"

Em 2023, estreou na Netflix um projeto ambicioso: a primeira série brasileira de ação policial feita pela plataforma de streaming. Na época, o enredo se baseava em um crime real ocorrido no Paraguai. A obra mostrou um assalto de grandes proporções a uma seguradora de valores no país vizinho.

Policiais federais investigaram o ocorrido a partir da trilha de amostras de DNA coletadas e descobriram que o assalto estava relacionado a outros crimes. Dessa forma, a série "DNA do Crime" apresentou alto investimento da Netflix em cenas de ação e efeitos especiais em uma produção brasileira.

DNA do Crime: o que é real e o que é ficção na série da Netflix

A adrenalina continua com o lançamento da segunda temporada, já disponível no serviço de streaming. Os agentes federais Suellen (Maeve Jinkings) e Benício (Rômulo Braga) investigam a ascensão da Quadrilha Fantasma, conhecida por roubos grandiosos e liderada por Isaac (Alex Nader), na tríplice fronteira. O objetivo é acabar com a organização criminosa e levar os criminosos à Justiça.

Nos novos episódios, a narrativa não destrincha apenas a violência dos assaltos, mas também a complexidade das investigações e os dilemas morais dos protagonistas diante do crime organizado. A nova temporada aumenta o nível dos assaltos e de cenas de ação, enquanto amplia os conflitos dos personagens.

Prime, Netflix e Disney+: veja lançamentos da semana no streaming

Em mesa-redonda com O POVO e outros veículos de imprensa, os protagonistas destacaram as percepções sobre os novos capítulos. Nesta temporada, é possível observar as transformações dos personagens nas relações entre si e em como se portam diante de novos desafios.

DNA do Crime e os dilemas dos personagens

"Acho que, de maneira geral, os personagens caminharam em uma escala humana de maturidade, de aprendizado e de transformação. Nesse sentido, vejo que o Benício volta um pouco mais resignado, com uma leveza maior. Ele passa por um ciclo de novo reconhecimento", conta Rômulo Braga.

Isso é transferido para a maneira como se relaciona com Suelen, consolidando uma dupla de trabalho — e de amigos — formada na temporada anterior. Maeve Jinkings ressalta o aspecto de cumplicidade entre os personagens e "um certo espelhamento" entre os dois.

"A primeira temporada é a formação deles, nos embates e nas diferenças, como eles são obrigados a conviver. Essa diferença é muito marcada. Suelen é mais obediente às regras. O Benício é esse rebelde que borra as fronteiras. Na segunda temporada, complexificar isso, o que dá uma imagem de certo espelhamento e de cumplicidade", pontua.

Nas mudanças vistas nos novos episódios são acentuados os desafios parentais e profissionais que surgem para ambos. Para Maeve, esse é um dos trunfos da série: ao mesmo tempo que destaca o "entretenimento" das explosões e da investigação policial, também "mergulha" na psicologia deles.

"A história do Benício, tentando se conectar com o filho adolescente, vai abrindo outras dimensões. Acho que é isso que, particularmente, mais me motiva nessa atuação, quando você mergulha na psicologia do personagem, na dificuldade de conciliar com o trabalho. Acho que também há chance de humanizar essas figuras", compreende Maeve.

O trabalho na "humanização" dos personagens também é visto nos vilões - que, nesta temporada, ganham mais destaque tanto em cenas quanto em comportamentos. Thomás Aquino, intérprete de Sem Alma, relata a importância do esforço da equipe de preparação da série e do diretor, Heitor Dhalia, para aprofundar sua atuação. Acima de tudo, a ideia de sair de um maniqueísmo entre a bondade e a vilania.

"Ninguém nasce escolhendo ser um bandido. Acho que oportunidades sociais são, às vezes, muito injustas. Para mim, Sem Alma é um cara que está em sobrevivência constante, mas tem suas questões. Ele tem família, um filho, conseguimos ver no seu olhar a afeição quando a mulher avisa que está grávida. Ele tenta sair do crime, dessa organização. Para mim, foi muito interessante colocar um pouco de humanidade nessa pessoa. Se não tiver, fica muito mecânico, robótico", compartilha.

Alex Nader, que vive Isaac, complementa Thomás: "Existe um estereótipo do que é ser um criminoso. No fundo, são pessoas que lidam com suas questões. O fato de termos conosco pessoas que são egressos penais, cumpriram seu dever com o Estado e hoje estão em outras profissões nos ajuda a tirarmos a ideia de que bandido tem cara, um tipo. Na verdade, não. São pessoas com dores e amores. O próprio roteiro traz isso".

Na segunda temporada de "DNA do Crime", não há como não citar a carga de adrenalina empenhada na produção. Nos novos episódios, o público se depara com cenas mais complexas e ousadas - da elaboração dos planos de roubo às explosões, dos momentos de investigação ao preparo físico dos atores.

Logo no início, chama a atenção um roubo semelhante à estratégia posta em prática no assalto ao Banco Central de Fortaleza, em 2005. Para além do que ocorreu na primeira temporada, cujo enredo foi baseado no maior assalto da história do Paraguai, a série traz nos bastidores estudos sobre outros casos. Assim, replica na produção.

O resultado? Cenas cada vez mais engenhosas. "Isso nos coloca na ação, torna aquilo 'real'. O trabalho da equipe de arte de construir um túnel, um banco e um casarão mostra que não é apenas atuar. É uma equipe muito grande fazendo tudo. O pó que cai da parede, a porta que explode… Isso torna tudo mais impressionante", reflete Thomás Aquino.

 

DNA do Crime

 

O que você achou desse conteúdo?