É difícil não se apaixonar pelo Porto à primeira vista. Segunda cidade mais importante de Portugal, localizada na região norte do país e à margem direita do rio Douro, parece ter sido feita sob medida para quem gosta de caminhar sem pressa, comer bem e tropeçar em séculos de história a cada esquina.
De mercados cheios de vida a livrarias que parecem cenários de filme, a região norte do país entrega uma mistura de tradição, charme e sabor. Assim como o vinho do Porto, bebida fortificada e uma das marcas registradas da região.
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Fundada oficialmente em 1123, embora haja registros de assentamentos célticos desde o século 8 a.C., Porto foi, ao longo dos séculos, um ponto estratégico para o comércio marítimo. E hoje também do turismo.
De acordo com dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Portugal, em 2024, a região acolheu mais de 6 milhões de hóspedes. Aumento de 7,1% em comparação com 2023.
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No Brasil, novas conexões aéreas também tem favorecido o destino. Em junho, foram inaugurados os voos diretos da Azul Linhas Aéreas para Porto, saindo de Viracopos, em Campinas, com três frequências semanais, e do Aeroporto dos Guararapes, em Recife, duas vezes por semana. Este último é o primeiro voo da companhia que conecta a Europa a partir do Nordeste.
E não é difícil entender porque a cidade tem chamado tanta atenção. A harmonia entre as ruas, as casinhas coloridas dispostas ao longo das colinas que margeiam a foz do rio Douro, e as grandes pontes metálicas, como a Luís I - projetada em 1886, por um discípulo de Gustave Eiffel, que arquitetou as torres parisienses - são por si só um convite à contemplação.
Além disso, desde 1996, o Centro Histórico do Porto, conjunto urbano que inclui áreas como a Sé, São Nicolau, Vitória e Miragaia, está classificado como Patrimônio Mundial da Unesco por sua importância cultural e histórica da cidade, que transcende as fronteiras nacionais.
Lá é possível visitar, por exemplo, a Igreja e Torre dos Clérigos, conjunto arquitetônico do século XVIII, de inspiração barroca, de autoria do arquiteto italiano Nicolau Nasoni, classificado como Monumento Nacional desde 1910.
O complexo arquitetônico compreende a torre, de 75 metros de altura, que, do alto, oferece uma vista panorâmica da cidade; a Igreja dos Clérigos; e o Museu da Irmandade dos Clérigos, que abriga peças sacras, documentos históricos e curiosidades sobre a irmandade que deu origem ao conjunto arquitetônico.
Ou ainda à Igreja da Sé, catedral de estilo romântico, cujo início da construção remete à primeira metade do século XII, e prolongou-se até ao princípio do século XIII.
A Ribeira de Gaia, antes um centro puramente industrial, passou por um processo de requalificação e hoje oferece passeio ribeirinho com vistas panorâmicas sobre a cidade. Também é possível fazer a travessia de teleférico entre a margem e o Jardim do Morro.
Vale a pena fazer uma visita guiada pelas ruas do Centro e conhecer um pouco da história e das curiosidades da cidade, do ponto de vista local. Sem isso, seria um pouco mais difícil saber, por exemplo, que embora o símbolo oficial de Porto seja um dragão, o gato é um animal muito apreciado por seus moradores.
Na Afonso Martins Alho, considerada a "rua mais pequena do Porto", é possível apreciar o enorme gato criado pelo artista galego Liqen. A obra intitulada "Perspéntico" retrata o Porto como cidade em movimento, simbolicamente representado como um "gato-cidade".
Ou ainda entender a comoção que o Café Imperial, que ocupava parte de um edifício modernista na Praça da Liberdade (antiga Praça de D. Pedro IV), causou na sociedade portuguesa da década de 30.
Todo em Art Déco, este, aliás, foi considerado o primeiro o local para “ver e ser visto” da cidade. Desde 1993, o prédio, que ainda mantém muito dos traços originais, abriga um McDonald's.
Outro ponto turístico obrigatório é a Estação de São Bento, considerada uma das mais belas do mundo por revistas especializadas. São mais de 20 mil azulejos pintados pelo artista Jorge Colaço, ente 1905 e 1908, retratando momentos históricos de Portugal. Nela, é possível ver a evolução dos meios de transporte, cenas de trabalho campestre e costumes etnográficos.
E para quem gosta de uma boa experiência à mesa, vale uma ida ao Mind The Glass, localizado na Rua de José Falcão, no Centro. O espaço, que combina bistrô, wine bar, garrafeira (loja de vinhos) e cultura, oferece, além de menu diversificado, uma apresentação - com direito a localização no mapa - contando a história e os diferenciais dos vinhos produzidos em cada região de Portugal.
WOW: a nova joia da coroa turística
Na margem esquerda do rio Douro, em frente ao Porto, encontra-se Vila Nova de Gaia. Por muitos anos, esta região foi o coração da indústria do Vinho do Porto, abrigando as icônicas caves - grandes armazéns onde os vinhos envelheciam e desenvolviam sua complexidade antes de serem exportados para o mundo. Hoje, Gaia não é apenas sinônimo de tradição vinícola, mas também de turismo de experiência.
Movimento que ganhou novo fôlego, em 2020, com a abertura do WOW - World of Wine. Mais do que um complexo de museus, o espaço funciona como um distrito cultural completo.
O projeto transformou antigas caves de vinho do Porto, que foram perdendo o seu propósito original em razão das dificuldades logísticas de transportar a carga pelas ruas estreitas, em um espaço vibrante, que mantém as características originais, como as paredes de pedra e os telhados de terracota, ao mesmo tempo, em que oferece vistas deslumbrantes sobre o rio Douro e a cidade do Porto.
Com sete museus, o WOW oferece uma imersão em diversos aspectos da cultura portuguesa e com valores acessíveis a todos os bolsos. O The Wine Experience, por exemplo, é uma viagem interativa pelo universo do vinho.
O complexo abriga ainda 12 restaurantes e bares com propostas gastronômicas variadas, lojas de produtos locais e espaços para eventos, o que faz do local um forte atrativo turístico por si só. Há também a Escola de Vinhos que proporciona cursos de vinho para todos os graus de interesse e de conhecimento.
Ana Maria Lourenço, responsável pela comunicação do WOW, explica que são, em média, pelo menos 1 milhão de visitantes por ano e a tendência é de crescimento.
Para ter acesso às experiências, as atividades na escola de vinho, os eventos e as exposições, são comercializados bilhetes que variam entre 9 euros (para crianças) até 135 euros (passaporte família). Áreas exteriores e acesso aos restaurantes, cafés e lojas são de acesso livre.
*A jornalista viajou a Porto a convite da Azul Linhas Aéreas e do Turismo Porto e Norte.