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Salão Universitário da UFC retoma atividades com protagonismo estudantil
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Salão Universitário da UFC retoma atividades com protagonismo estudantil

Nova edição do Salão Universitário da UFC destaca produções artísticas de estudantes da instituição de ensino
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Nova edição do Salão Universitário da UFC destaca produções artísticas de estudantes da instituição de ensino (Foto: Regis Tavares/Divulgação)
Foto: Regis Tavares/Divulgação Nova edição do Salão Universitário da UFC destaca produções artísticas de estudantes da instituição de ensino

Valorizar, reconhecer e fomentar jovens talentos artísticos: esse é o intuito do Salão Universitário da Universidade Federal do Ceará (UFC). A exposição coletiva que abre espaço para “estudantes-artistas e artistas-estudantes” se expressarem por meio da arte está em sua quinta edição e coloca os discentes no protagonismo da mostra.

O evento é acolhido pelo Museu de Arte da UFC (Mauc) até 1º de agosto, com visitação gratuita de segunda a sexta-feira. A exposição, projeto da Pró-Reitoria de Cultura (Procult), assume caráter bienal desde que foi retomada, em 2023, após 40 anos de hiato. Em 2025, ocorre com o tema “Meu, seu, nosso - Eu do futuro”.

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Por meio de linguagens artísticas como fotografia, desenho, pintura, gravura, colagem, bordado, vídeo, escultura, instalação e peça tátil, os artistas apresentam obras que discutem, de maneiras diversas, suas preocupações sobre o futuro da humanidade. Eles refletem suas vivências, culturas, ancestralidades e a própria universidade.

Edição aumenta presença estudantil

Diretora do Mauc, Graciele Siqueira enfatiza a ampliação da presença estudantil nesta edição em relação à de 2023 - um aumento de 70 para 92 inscrições. Além disso, foi expandida a reserva de vagas para grupos historicamente invisibilizados.

Graciele aponta que o intuito de retomar o Salão Universitário, colocando em prática um evento bienal, foi dar oportunidade “de estudantes que estão chegando, estão na metade dos seus cursos ou na finalização deles de participarem e se verem como protagonistas em um evento que valoriza a produção artística e a produção deles na universidade”.

“Alguns vão descobrir no salão o seu potencial expondo ao lado de quem está batalhando a mais tempo e/ou ao lado daqueles já posicionados na história da arte do Ceará, como o caso dos artistas das salas de longa duração. O estudante é reposicionado do lugar de visitante/público para o lugar do artista e de ser visto pela comunidade universitária para além da sua ‘função’ como aprendiz na sala de aula”, compreende.

A equipe de curadoria desta edição é formada por três professores do Instituto de Cultura e Arte (ICA), dois estudantes que expuseram na edição passada e foram bolsistas do Mauc e por Isadora Mangualde, pedagoga do museu. Como destaca a profissional, foi um “processo bastante colaborativo”.

O objetivo foi “acolher todas as propostas” e fazer uma curadoria que agregasse as obras por temáticas inseridas no tema geral, permitindo, assim, uma abordagem acolhedora às inscrições. “Quisemos destacar o tema deste ano. Em cada obra podemos perceber um pouco dele, que diz sobre o que fazemos hoje e o que esperamos do futuro. Cada grupinho de obras tem uma pincelada desse tema. Essa foi nossa linha narrativa”, indica.

Com a proposta do Salão Universitário, há o incentivo a novas produções artísticas, como destaca a pedagoga: “Ter nas nossas salas obras de artistas tanto consolidados no mercado - como artistas iniciantes que muitas vezes nem pretendiam seguir a linha profissional pode mudar a visão deles, de ver que aquilo pode ser uma possibilidade profissional. O objetivo principal do Salão é fomentar e tornar visíveis essas produções”.

Incentivo às artes é destaque no Salão Universitário da UFC

O incentivo às artes proporcionado pelo Salão Universitário é percebido pelos estudantes, a exemplo de Ruan Eugênio, 19. Atualmente cursa licenciatura em História pela UFC e apresenta na exposição a obra “Manifesto Futurista”, desenho feito a mão com nanquim e aquarela sobre papel.

Ele observa a arte como uma forma de se expressar. No trabalho disponível no Salão Universitário, denuncia o vandalismo ocorrido em abril contra a Biblioteca Laboratório Ivone Bastos Bonfim Andrade (Labib) do curso de Ciências da Informação. O equipamento, localizado no bairro Benfica, foi depredado, sem indícios de furto ou roubo de materiais.

“Faço um paralelo direto com o Manifesto Futurista de 1909, no qual o décimo tópico afirma que destruirão museus e bibliotecas. É um desenho com muitas referências visuais a historiadores, além de símbolos com o Anjo da História e quadros do próprio movimento futurista”, explica.

Ruan Eugênio defende a importância da exposição: “A oportunidade de participar do Salão Universitário aproxima ainda mais os estudantes das artes e os incentiva a continuar nesse mundo. O Salão é inclusivo para todos, a variedade de formas de pensar ali presentes agrega muito para construção de pensamentos críticos quanto ao futuro”.

O futuro, aliás, não é temática trabalhada exclusivamente na obra de Eugênio. A estudante Lara Costa, 21, leva ao Salão Universitário o “Futuro Ancestral”, bordado em papel colado sobre retalho de tecido vermelho. Em tamanho A3, representa uma flecha que aponta para o futuro nas cores preto, vermelho e o fundo branco do papel.

Lara cursa Design de Moda na UFC e está no terceiro período. O histórico com a arte veio de diferentes formas na infância, do balé à música, mas foi na universidade que conseguiu se aprofundar no lado do desenho a partir de diferentes disciplinas de seu curso. Seus trabalhos mais recentes têm sido artes visuais, principalmente colagem com desenho em lápis de cor.

No Salão Universitário, quis trabalhar o conceito de sustentabilidade. O nome de sua obra vem do título do livro de Ailton Krenak, “Futuro Ancestral”, em que aborda como é necessário pensar na sustentabilidade social e ambiental se quisermos ter futuro. “Afinal, qual futuro haveria em um planeta destruído pela crise climática?”, indaga.

Ela usou a flecha como um símbolo que se relaciona tanto com o futuro quanto com o ancestral, a partir de referências a Oxóssi, orixá da Umbanda associado à caça, à fartura e à proteção. O item, porém, se relaciona a outros povos, como os indígenas. É um ele entre o passado e o futuro. Outro detalhe está em grafismos do povo pataxó, da Bahia, estado de origem de Lara Costa.

“É importante participar do Salão Universitário para ampliar minha voz. A arte é um meio de dar voz às pessoas, principalmente àquelas marginalizadas. Uma mulher negra, do interior, ter a oportunidade de expor o que pensa através da arte é muito especial”, reflete.

V Salão Universitário

Quando: segunda a sexta-feira, das 8h às 12 horas e das 13h às 17 horas

Onde: Mauc (Av. da Universidade

Gratuito

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