Até domingo, 20, o Brasil celebra 25 anos de existência do maior evento de artesanato da América Latina, a Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte). O tema escolhido para este momento é a "A Feira das Feiras": um reconhecimento ao impacto econômico, cultural e até sentimental da programação.
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Mesmo quem já é veterano na feira, se emociona ao entrar no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, pois é lá que se reúnem artesãos de todos os estados do Brasil, além de ambientes com produtos estrangeiros. Além da presença artística, o ambiente expressa sua riqueza cultural pela espontânea experiência de dividir espaço com visitantes do País e seus respectivos sotaques e costumes.
A cada pequena distância percorrida nos corredores, mudam-se os verbetes, as cores, as técnicas, os materiais e os posicionamentos. Um passeio pela Fenearte é uma experiência imersiva pela diversidade artística brasileira. Esse discurso é compatível com o que pensa Ana Luiza Ferreira, presidente da Adepe (Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco).
"A Fenearte sempre surpreende. Na minha perspectiva de visitante, todo ano, venho para a feira e penso: 'esse ano não vai ter novidade. A gente já conhece os mestres, os traços, as referências…'. E, toda vez, eu quebro a cara. Sempre tem algo novo. É como se os olhos e o coração se renovassem", discursa Luiza.
Para ela, que leva seus dois filhos para a feira, a experiência de visita vai além da relação de produto e consumidor: "é completamente diferente ir e somente visitar os estandes e ir para conversar com os artistas. Por exemplo, falar com Mestre Luiz Antônio, que tem 90 anos de vida e 25 de Fenearte, é outra vivência. A imersão traz uma nova cara à feira. É fantástico".
A fala dela reflete um dos grandes propósitos da Fenearte: mostrar aos consumidores de arte quem são os artesãos responsáveis e divulgar os seus trabalhos para novos públicos. É o caso, por exemplo, do mestre da cultura do Rio de Janeiro Getúlio Damado, que esteve pela primeira vez no evento pelo espaço Janete Costa.
"A gente está muito feliz, porque, além de tudo, tivemos a oportunidade de conhecer o nosso público, que, em sua maioria, já conhecia as nossas obras, mas não conhecia o artista por trás delas. Cerca de 80% das pessoas que passaram por aqui já tinham peças nossas, mas nunca tinham nos visto pessoalmente. E isso foi uma das grandes satisfações deste evento. Por ser a nossa primeira vez, foi tudo acima do que a gente esperava", destaca Victor Damado sobre o trabalho que desenvolve com o pai.
Os dois venderam quase todas as obras levadas a Pernambuco logo no primeiro dia da Fenearte - na quarta-feira, 9 - e passaram a usar o espaço do estande para produzir ao vivo novas peças a serem comercializadas na feira.
"Isso mostra a força da marca Fenearte, da tradição e do trabalho que a equipe fez junto aos artesãos. Muitos divulgaram seus próprios estandes nas redes", argumenta Ana Luiza, que também frisa a popularidade orgânica da feira.
Além dos 700 estantes de arte, a Fenearte se expande em educação e lazer para o público. Desde a quarta-feira, 9, o evento promove 13 oficinas gratuitas de práticas artesanais para público diverso, com mais de 1,6 mil vagas disponíveis ao longo da programação.
O turismo cultural também se tornou prioridade para o evento, que há três anos realiza o "Circuito Fenearte", que promove imersões gratuitas por Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Tracunhaém e Caruaru (Agreste). O projeto promove viagens com visitas guiadas para espaços que compõem a identidade artística de Pernambuco, com inscrições que acontecem por um formulário divulgado nas redes sociais.
"O circuito foi criado porque a feira em si já estava consolidada e com espaço limitado para crescer fisicamente. A ideia era fazer com que a cidade vivesse esse momento também, transformando julho em um mês da economia criativa e contaminando positivamente a cidade — e agora também o estado — com exposições, programações culturais e ações em diferentes pontos", explica Romero Rafael, coordenador de comunicação da Fenearte.
Tradicionalmente, o Ceará se faz presente na Fenearte com o trabalho de importantes artesãos e mestres da cultura. Desta vez, é possível encontrar obras cearenses em estandes isolados, como o de Espedito Seleiro e Miro Leandro, e em espaços compartilhados, como o do Centro de Artesanato do Ceará (Ceart), do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae) e na galeria de arte Janete Costa.
A coordenadora da Ceart, Germana Mourão, aponta: "a Fenearte é uma feira muito importante para o artesanato, e o Ceará se destaca por conta do trabalho sério que estamos fazendo aqui. Temos uma política pública organizada, um esforço constante de divulgação dos nossos artesãos dentro e fora do estado. Nossas lojas são vitrines importantes".
A Feira Nacional de Negócios do Artesanato segue com estantes de arte, oficinas, rodas de conversas, desfiles de moda, aulas de gastronomia e música até o domingo, 20, com programação divulgada nas redes sociais. Os espaços comerciais são divididos por estados, países e material utilizado (couro, metal, palha), tendo local reservado para arte pernambucana e marcas apoiadas pelo Sebrae.
*A repórter viajou a convite da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte).
25ª Fenearte