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Usina de Arte: um galeria a céu aberto na Zona da Mata pernambucana
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Usina de Arte: um galeria a céu aberto na Zona da Mata pernambucana

Usina de Arte, equipamento localizado em Pernambuco, é ponto turístico e de aprendizado para moradores e visitantes da Zona da Mata
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Foto: Andrea Rego Barros/Divulgação "Jardim Frágil", do artista cubano Carlos Garaicoa

A Zona da Mata pernambucana guarda um tesouro ao ar livre: a Usina de Arte. Localizada na divisa com Alagoas, no distrito de Santa Terezinha, em Água Preta, o espaço que hoje é uma exposição de instalações ao ar livre já foi uma grande usina de açúcar e álcool.

Mesmo já somando mais de 40 obras de diferentes artistas e mais de 10 mil plantas de mais de 600 espécies espalhadas por um espaço de 35 hectares, a Usina de Santa Terezinha tem somente 10 anos de história como espaço artístico e jardim botânico. Para a transformação desse local, o casal Ricardo e Bruna Pessoa se dedicou a pesquisas e investimentos; além de gerar emprego e renda aos moradores do entorno.

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"Então, a gente não considera a usina o quintal de casa, mas, sim, um quintal da vila. Não é o 'meu jardim', é o jardim de uma comunidade inteira", disse Bruna, que reside em uma casa no terreno do equipamento, em entrevista ao O POVO. Ela, fundadora e presidente do parque, ainda se encanta com a transformação que a área ganhou.

E comemora: "Se alguém me dissesse há 10 anos que a gente construiria isso, eu não acreditaria. As coisas foram acontecendo. Claro que tem muito trabalho envolvido, mas também sinto que há uma espécie de conspiração para que tudo dê certo, sabe? Quando você faz algo tão gratificante, com tanta entrega — não só minha, mas da comunidade — existe uma energia em torno disso que beira o mágico, o inacreditável".

Além da pluralidade artística de instalações e da diversidade vegetal que dá vida à Usina de Arte, há dezenas de espécies de animais silvestres que compõem o espaço. Para a fundadora, a proposta é conectar de forma sustentável a humanidade e sua biodiversidade em um espaço cultural.

"Cada animal novo que aparece aqui é uma emoção. Neste fim de semana, por exemplo, vi uma raposa pela primeira vez. É muito bonito ver a reestruturação de um ecossistema com a presença humana de forma positiva. Ver as pessoas se transformarem, terem orgulho de viver ali é algo muito incrível", comemora Bruna.

Quem vai à usina, encontra obras feitas por artistas do mundo inteiro e do Brasil, claro, com diferentes propósitos e reflexões. Há quem visite o espaço apenas para um piquenique ou para fazer uma caminhada ao ar livre, mas também há quem vá ao parque dezenas de vezes e sempre se surpreenda com descobertas. O local tem entrada livre diariamente, do amanhecer ao anoitecer.

"Quando vou caminhar às 5h30min, encontro várias pessoas da comunidade caminhando também. E no fim da tarde, por volta das 16h30min, 17 horas, às vezes, vejo as mesmas pessoas. É um espaço muito usado no dia a dia e também para celebrações: aniversário, chá revelação, ensaio de noiva, ensaio de grávida e outros", complementa Bruna.

A imensidão da reserva é também física. Mesmo com o suporte de carrinhos off-road para transporte, é difícil viver imensamente a experiência da Usina de Arte em apenas um dia. Cada escultura possui uma história para quem a produziu e para quem a visitou. Entre elas, a que mais chama atenção midiaticamente é a "Diva", obra da artista visual pernambucana Juliana Notari.

Trata-se de uma vulva ferida com 33 metros, instalada no alto de uma montanha. Para a sua autora, ela representa o poder feminino reprimido ao longo da história, incluindo em espaços de trabalho manual, como no próprio parque de sua exposição, quando funcionava como usina de açúcar.

Outra que chama atenção pela sua proposta é a instalação "Generator (Gerador)", da sérvia Marina Abramovi, que propõe um contato físico entre o corpo e cristais de quartzo rosa como instrumentos de cura humana. Cada pessoa deve encostar sua cabeça, ventre e virilha em uma pedra para o repasse de energia da natureza.

Ideias como a liberdade feminina, a preservação da natureza, a fé e outros temas estão presentes nas esculturas. A intenção dos proprietários é continuar construindo para a comunidade não só um espaço de lazer, mas de educação: "É um espaço bastante utilizado pelas escolas. Esse raio de alcance vem aumentando: as escolas da vila já usam bastante, as das cidades vizinhas também, e hoje temos um número crescente de visitas de escolas do Recife".

 

Usina de Arte

  • Funcionamento: todos os dias, das 5h30min às 18 horas
  • Onde: Rodovia PE 99, Km 10 - Água Preta (Pernambuco)
  • Entrada gratuita
  • Mais informações: site (usinadearte@usinadearte.org), Instagram (@usinadearte) ou YouTube (@usinadearte81)

 

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