Ter um olhar atento às ruas é praticamente pré-requisito para quem quer trabalhar com o mercado consumidor. Da indústria automobilística à cultural, do universo esportivo ao mundo da moda. Observar o comportamento do cliente (e do futuro cliente) é o ponto de partida para criar novos produtos. Tendo essa premissa como ponto de partida, o designer Mário Queiroz realiza, no dia 17 de outubro, no Museu da Indústria, o workshop inédito "Moda de Rua".
INSTAGRAM | Confira noticias, críticas e outros conteúdos no @vidaearteopovo
Popularizado no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o termo streetwear, ou "moda de rua", está diretamente relacionado ao movimento da moda que não depende do mainstream, das grandes marcas, da invenção de um só designer, como explica Mário.
"Mesmo antes da segunda grande guerra você já tem os indícios das subculturas, essas tribos que já praticavam 'moda de rua'. A gente tem os suits, por exemplo, aquelas pessoas que usavam ternos enormes, calças largas. Era a forma de negros e latinos se manifestarem, através da rua, dizendo que eles poderiam vestir, sim, o terno da do jeito deles", narra.
LEIA TAMBÉM | Netflix, HBO Max e Disney+: veja lançamentos da semana no streaming
Hoje, o cenário é um pouco diferente. Além de ser uma reação ao que é imposto tradicionalmente, a moda de rua influencia todos os setores da moda, inclusive o luxo. "O que é interessante, porque começa com quem foi colocado à margem e, hoje, é absorvido e utilizado como negócio por grandes marcas, não só marcas de street, como as próprias grifes".
Esses e outros pontos estão na sua nova pesquisa, sobre a história e o papel da Moda de Rua como expressão de grupos sociais - junto à música, dança e arte urbana, assim como os criativos e os executores, as pessoas de negócio, observam, criam e atendem às demandas desses grupos. A partir desses estudos, o designer desenhou o curso, que contempla conteúdos e interesses da criação ao marketing.
O objetivo é agregar informações para quem trabalha, pesquisa ou deseja atuar no mercado da indústria, do varejo e de diferentes áreas da Comunicação, já que, para ele, a moda está diretamente ligada à história, à comunicação e à semiótica. A programação conta também atividades práticas, apresentando diretrizes para a criação, desenvolvimento e comunicação de coleção streetwear.
Segundo o designer, o conteúdo do curso atende às demandas desses estudantes e profissionais, que precisam entender que há um novo público, independentemente do segmento no qual ele atua. "O mercado precisa entender que o street é uma expressão de um novo público. O bom desse estudo é que você começa a entender com uma nova cabeça, com um novo raciocínio, uma nova lógica", citando, por exemplo, a importância da arte urbana.
Assim, o curso percorre todos os momentos, indo dos movimentos que deram origem à Cultura de Rua, ao surgimento do mercado de streetwear na década de 1980 até os dias de hoje, analisando fatos, criações e mercados. Traça ainda uma relação da moda de rua com outras manifestações artísticas, estilos, grandes marcas, características dos produtos e as próximas tendências. Sempre transitando entre história, estudos de macrotendências, design, moda, jornalismo, marketing e publicidade. "Não é (um curso) para moda, é para várias áreas", completa.
Sobre Mário Queiroz
Mário consegue, há três décadas, unir os dois universos: a academia e o mercado. Um dos primeiros estilistas a se dedicar ao streetwear no País, está à frente da sua marca homônima, é expert em moda masculina e doutor em Comunicação e Semiótica voltado às questões de gênero na imagem de moda.
Moda de Rua