Trinta espetáculos, ações formativas e o encontro gratuito em prol da dança em oito cidades. Após três "estações" em Cabo Verde, Portugal e na França, começa nesta sexta-feira, 24, a estação Ceará da XV Bienal Internacional de Dança do Ceará.
A programação passa por Fortaleza (24 de outubro a 1º de novembro), Paracuru (24 e 25), Trairi (27 e 28 de outubro), Baturité e Guaramiranga (29 e 30 de outubro), Itapipoca (30 de outubro a 1º de novembro) e Pacatuba e Pacajus (31 de outubro e 1º de novembro). Sobem aos palcos artistas e companhias de dança locais, nacionais e internacionais.
A cerimônia de abertura em Fortaleza ocorre nesta sexta-feira, 24, no Theatro José de Alencar, com homenagens a Bete Jaguaribe, diretora da Escola Porto Iracema das Artes, e a Henrique Rodovalho, coreógrafo do espetáculo "Nosso Baile".
Na sequência, Lia Rodrigues, da Cia de Danças (RJ), apresenta o espetáculo "Borda". A música também é presente na programação, com shows do DJ Guga de Castro, de Mateus Fazeno Rock e do paraense Saulo Duarte.
Entre os destaques da agenda estão "O Que Resta", de Silvia Moura e Nixon Fernandes (CE); "À Un Endroit du Début", de Germaine Acogny e Mikaël Serre; "Les Traceurs", de Rachid Ouramdane; e Thiago Soares e Naomi Brito, que dançam juntos pela primeira vez, apresentando o Pas de Deux da segunda cena de "Carmen".
Diretor da Bienal de Dança, David Linhares exalta a descentralização atingida no evento com a contemplação de mais cidades. "É criar a possibilidade para os interiores estarem capacitados a receber espetáculos internacionais, grandes nomes da dança e também montando um esquema de formação. A bienal tem trabalho crucial na formação no Estado, pensando a dança como um todo e não privilegiando apenas Fortaleza", explica.
Para além do público geral, a gratuidade do evento busca atingir outra parcela relevante na exibição dos espetáculos: os artistas cearenses. Segundo Linhares, a bienal é o "grande momento onde os bailarinos do Ceará podem viver e participar de uma grande ação como essa". Por isso, não cobrar valores nas entradas é uma forma de permitir aos dançarinos contatos com trabalhos diversos.
Homenageado no domingo, 26, o coreógrafo Flávio Sampaio é uma das personalidades destacadas. O Theatro José de Alencar é palco da celebração do título de Dr. Honoris Causa concedido ao cearense pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
"É uma honra enorme ser homenageado em vida. A bienal está me tratando de maneira muito honrosa. Só tenho gratidão", indica Flávio. Em 2003, criou a Escola de Dança de Paracuru, que se tornou referência ao longo dos anos no mundo da dança: "A escola é, hoje, um orgulho para a cidade. Cerca de 3.500 alunos já passaram pela Escola, quase 9% da população do município. Não é pouco".
Assim, para o bailarino, "não é só uma escola de formação de artistas, mas uma escola de formação de sonhos". Ao analisar a trajetória da instituição, ressalta como um dos grandes feitos o trabalho de ter levado a Paracuru "grandes mestres, professores e coreógrafos brasileiros".
Neste domingo, 26, a bailarina cearense Naomi Brito, que iniciou sua formação na Escola de Dança de Paracuru e hoje integra a companhia de dança alemã Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, apresenta o solo "Calunga".
"Acho que a grande vitória do festival foi ter conseguido tirar essa relação dos estrangeiros de aportarem sempre no Sul-Sudeste. As grandes companhias contactam a Bienal e passam por ela", espera David Linhares.
Programação de abertura (24/10)
Fortaleza
Paracuru
XV Bienal Internacional de Dança do Ceará